sexta-feira, 3 de julho de 2015

Viajando entre taxistas e com os taxistas

Táxi em Bissau - ao fundo o "balanço" bolsa de valor da Castanha de Cajú

Ontem, depois da hora do almoço, alimentado (barriga cheia), sem vontade de subir à pé até ao Bissau-Bedju(BB) e como sempre nessas situações, apanhei um táxi. Nada melhor, para tentar compreender e saber como os taxistas vivem, quanto eles ganham, como repartem os lucros com os proprietários e com os polícias de trânsito. Nada melhor, do que falar com um taxista na primeira pessoa. 

Uma das primeiras lições que um jornalista e ex-jornalista aprende, é, conhecer bem, os seus dois principais alvos (muitos dizem adversários), no teatro social. Enquanto funcionário do “4º Poder” é aconselhado ao jornalista, nunca “baixar à guarda” em relação as denuncias das atrocidades cometidas pelos políticos tiranos, corruptos e assexuados(alvo predileto dos sensacionalista) mas também saber reconhecer “OBRA FEITA” de políticos coerentes, visionários e capazes. Porquanto profissional laboral, como qualquer outro, o adversário nocivo(neste caso o segundo alvo) é, o Taxista. 

Maior parte dos jornalistas e ex-jornalistas, consideram, que não existem taxistas, existe sim uma “raça” que se chama taxista”. Estão em toda a parte do mundo, dito civilizado, são na verdade, as primeiras fontes. Isso em qualquer lugar onde se chega. Os taxistas sabem tudo, dominam QUASE todos os assuntos do lugar, país, cidade, capital ou Estado, desde cultura, futebol, política, economia, sociologia, ANTROPOLOGIA, noite então, nem vale a pena falar. Denota-se também dois profissionais, que a raça dos taxistas não gostam, a saber: polícias de trânsito e advogados. O verdadeiro taxista ou melhor, o taxista mostra à sua raça, quando fala dos senhores “doutores” das leis ou melhor os polícias de fato e gravata. 

Muitos leitores devem estar a perguntar(?) como este gajo, consegue falar sobre todos estes assuntos, num táxi, logo em Bissau. Aí respondo: os taxistas são uma raça e existem em toda a parte do mundo civilizado, ou não. Como se consegue esse feito(?), logo na capital duma cidade onde os táxis são coletivos, sim, aqui eles vão pakapakando durante o percurso. É um para arranca insuportável, um entra e sai de passageiros, frenético.
Posto isto, aconselho, se estiver habituado a outra forma de lidar com o atendimento desse serviço, não há problema, negoceia, pois na maior parte das vezes, pagando no máximo 1000 francos(das colónias francesas em África) CFA, consegue ter o táxi só para si durante 1 hora. 

Como supradizia, os jornalistas e ex-jornalistas, ironizam que, para se confirmar a tese da existência da raça taxistas é só preciso reparar que eles guardam sempre duas boas estória da profissão: uma de arrepiar e outra, de rir até chorar! Pois, o episodio que trago no mural hoje, para os leitores deste ativismo teclátista, é o sistema TTT. Um sistema conceptuado pelos irónicos, como, o mais sólido, coeso, e democrático do país. Caricato não é!? O pomposo nome da sigla que supracito é, Sistema TAXI-TOKA-TOKA. Ou seja, é uma característica dos transportes urbanos da nossa capital, Bissau, e funciona da seguinte maneira:   

Ndji – N’tan kanto kun táxi ta fassi +/- por dia li na Bissau…

Taxista – N’bom, i dipindi…tudo táxi, ta leba 13 mil FCFA ku depósito cheio hora ki para kuri…si bu misti(?) 1 taxi ta fassi tudo dia 28 mil FCFA…
Ndji – Tudo dia? Ntan, i ka tem kil dia ku nogós mas ta rindi? Suma hora ki ten um grandi kusa, suma dia di grande djugu de Guiné-Bissau, na estádio 24 di setembro? 
Taxista: Bu sibi, li na Guiné, tudu dunu di karo ou taxista, sibi djá kuma, kada dia, táxi ta da tanto, n’tan, i djugu ô, festival ô, manif ô, carnaval ô, tudu, bu ten ku leba so, kil ku kombina ku patron, depósito cheio ku 13 mil..I tem mê patrons ku ta reklama ku e tipu di situaçon, ma si kil patron tenta, i na ba ten ku muda di taxista, tudu mis…
Ndji – Iôooo, ntan toka-toka gora kantu ku ta lebadu pa patron?
Taxista – Kilas mas nôs ta n’ganha, mal! N’bom, elis e ta pui 15 mil FCFA de kombustivel i e ta n’terga 20 mil FCFA…Elis na kada voo (Bissau/Afia ou Bissau/Bairro-Militar e vise-versa) e ta n’ganha 4 mil FCFA…


Ndji – N’bé, ntan, e ta ganha mas di 35 mil FCFA, nan 1 dia…


Gargalhada…
Taxista – Si bu misti pan kontau bardadi, ker dizer, um toka-toka ta fassi kualker kusa suma, 65 mil FCFA…Ma, kondutor da dunu di karo 20+15 ô 35 mil FCFA, i ta ta rapati kil restu ku Amparanté…

Ndji – N’tan abôs taxistas bô tan n’ganha tan 1 puku mas di kil ku bo ta n’terga?

Gargalhada!!!
Ou seja, como típico guineense, peço desculpa aos leitores que não sabem hablar, falar, papiar e ler crioulo da Guiné. Prometo na próxima fazer tradução, mas a ideia aqui é confirmar os sistema TTT, ao ponto de todos saberem que existe e ninguém consegue contraria-la. Ou aquele que tentar, como diz o meu amigo taxista, terá que mudar de homem, todos os meses.