terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Mindjer i balur...

Ana Bela Bull galardoada pelo PM Domingos Simões Pereira

Por: Casimiro Jorge Cajucam
Ana Bela Bull Ramalho: Jornalista de destaque do ano 2014, distinguida pelo governo da Guiné-Bissau na primeira gala “Guinendadi”.
Ana Bela Bull Ramalho é atualmente coordenadora do estúdio de Bissau, chefe da programação e apresentadora dos seguintes programas: “Mindjer i balur”, “nô kunsi nô diritu” e “bom cidadon”. Fez a formação média em jornalismo no Brasil. Faz parte do grupo de formadores da RSM que está beneficiando de uma formação de formadores através da Universidade Rhode Island College dos Estados Unidos. A sua conquista é mais do que merecida…
Saiba um pouco do percurso de uma rádio sério: suas conquistas, realizações e êxitos dos seus profissionais.
Em Setembro de 2010, o então diretor e fundador da Rádio Sol Mansi, Pe. Davide Sciocco, foi convidado pela Universidade de Providence, nos Estados Unidos, e pela Fundação Pro Dignitate para falar num seminário acerca do papel das rádios em favor da paz (umas das especialidade da Rádio Sol Mansi). Dando sequência a essa iniciativa, o diretor e dois jornalistas foram convidados para um outro encontro sobre as rádios ao serviço da paz, que decorreu em Lisboa, em Setembro de 2011.
Em 2010, um jornalista da rádio ganhou o prémio de melhor jornalista desportivo do ano (Benelívio Cabral Nancassa). Ainda em 2010, a rádio ganhou o premio como o melhor órgão nacional na informação e sensibiliza acerca do HIV/Sida. Um jornalista da rádio também foi eleito como melhor jornalista nacional neste ano relativo aos temáticas do HIV/Sida (Casimiro Jorge Cajucam. Em 2012 um jornalista da rádio sol mansi voltou a ganhar o premio do melhor jornalista desportivo do ano (Abdul Djalilo Bá). Precisamente este ano (2014) viu a sua jornalista a conquistar o premio da “jornalista de destaque do ano”.

Contribuição importante:

Produziu e publicou um livro para a formação dos jornalistas intitulado “O Poder da Voz e a Voz do Poder”. A semelhança das grandes rádios mundiais a RSM tem o seu livro de estilo. A nível internacional, a Rádio Sol Mansi recebeu dois prémios: o Premio Takunda (Italia, 2005), como projeto mais inovador na colaboração inter-religiosa, e o Premio Gabardi (Suíça/ Itália,2008), pelo serviço à paz e ao desenvolvimento. A RSM emite programas de informação, formação (educação, saúde, agricultura, direitos humanos, programas para as mulheres e as crianças, educação para a paz, religiões, educação ambiental, cultura tradicional...), programa para deficientes, doentes e diversão.

Aposta:
Desde a sua criação a RSM sempre apostou na formação do seu pessoal, mandando alguns dos seus jornalistas e técnicos para formação em países como: Portugal, Brasil, Angola, Burquina-Faso, Itália e recentemente mandou 5 para os Estados Unidos. Em 2008 transformou o estúdio de Mansoa em “rádio escola”, com instalações para formação e residência para os formandos.

Ana Bela Bull (neta Ndafa Kabi)

Ordidja(nota)

Conheci a Ana Bela Bull pessoalmente (já tínhamos conversado por telefona) em 2003, quando estive numa jornada de formação para jornalistas da RSM. Destacou-se sempre entre os demais, pela capacidade de assimilação rápida, pela inteligência e pelo brio profissional.

Em 2005, enquanto diretor da Rádio, em sintonia com o Pe. Davide Sciocco, escolhemos a Ana Bela Bianque Bull, para beneficiar de uma formação em jornalismo no Brasil, em Brasília especificamente. Seria a primeira mulher a beneficiar de uma bolsa de formação na RSM, depois das frequências de capacitação  feitas pelos jornalistas da Rádio Sol Mansi no Zimbábue (o Casimiro Cajucam esqueceu de citar a formação nesse país), Burkina Faso, Angola e Portugal. Não poderíamos ter a decisão mais acertada do que aquela, pois do Brasil só tínhamos boas notícias. A Ana Bela Bull surpreendeu a todos isto porque teve um resultado excelente durante o curso.

Posto isto, resta-me apenas felicitar a Ana Bela(neta de N'dafa Kabi di Djugudul)  por esta conquista que nos deixa a todos os que tiveram a oportunidade de trabalhar com ela orgulhosos e, o titulo desta homenagem é a marca de um trabalho que começamos em Mansoa e hoje transformou-se num programa referência. E torna-se duplicado esse orgulho, quando temos o histórico de prêmios que a Rádio Sol Mansi foi conquistando ao longo dos anos, magnificamente exposto pelo jornalista Casimiro Cajucam.          

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Carta ao PAI NATAL

Foto: noscomafrica


Por: Eldmir (Gu) Faria

Meu querido PaI Natal,
Já faz tanto tempo que eu não escrevo para ti, não é? 
Mas hoje, meu bom velhinho, resolvi resgatar aquela criança de brilho nos olhos e o coração cheio de esperanças que ainda vive dentro de mim. Não sou mais aquela criança e meus pedidos mudaram um pouco, mas, com certeza que atenderás este meu pedido.
Uma caixinha de surpresas!
Quero começar por guardar nesta caixinha, muita compreensão e tolerância (tão rara hoje em dia), e, também a solidariedade que é tão necessária.
Guardarei todos os meus sonhos para que nenhum fuja entre os meus dedos. Nela vai caber também o meu sorriso para que eu possa ofertar aos amigos e familiares a quem tanto estimo.
Vou guardar também todos os momentos felizes, pois não quero esquecer-me de nenhum. A minha gargalhada infantil. A minha saudade, porque nela existe a prova do amor e dos bons momentos. A confiança, pois sem ela não vivemos. A minha lealdade para que com ela possam contar. A felicidade para que eu possa compartilhar o brilho do meu olhar e dos meus mais próximos.
Nela também guardarei os meus desejos mais secretos para que um dia eles possam se concretizar. As lágrimas, pois elas também são de felicidade. Todos os ensinamentos que a vida me fez passar para que eu seja uma pessoa cada vez melhor.
O senhor Pai Natal, naturalmente, deve estar a perguntar-se onde vou guardar essa caixinha e eu lhe respondo:
Dentro do meu coração, pois de lá sei que ela jamais se perderá e para sempre vai ficar.
Pois é meu bom Amigo, faz que com a chegada do Natal, renasça a criança que cada um tem dentro de si. A minha criança está bem viva e cheia de sonhos à espera do meu pequeno (só meu) milagre de Natal.

VIVA A MAGIA DE NATAL!!!
BOAS FESTAS!!!
Beijinhos e abraços,
GF

Ordidja(nota)

Vênia, ao texto e mestria revelada em carta dirigida ao Papai Noel(brazukando) do irmão, amigo e camarada Gú. Quando li, a primeira sensação que veio foi a de publica-la, com toda a liberdade formada pela nossa relação de amizade e irmandade.

Festas Felizes...

Boas Festas


quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Hoje Bissau acordou mais triste...

Mana N'butcha

Por: Karina Gomes

Hoje Bissau acordou mais triste com o desaparecimento físico de uma das suas figuras sociais mais ilustres, a Mana N'butcha.
Sua partida prematura deixou-nos um vazio enorme e uma tristeza profunda, mas não podia deixar de a recordar aqui por motivos alegres e nobres.
Nbutcha, uma figura que conheci desde sempre, amiga das minhas tias, dos meus pais, amiga de toda a gente, sempre bem disposta, batalhadora, empreendedora como é de praxe na nossa comunidade feminina guineense, uma mulher 'grande' pela sua generosidade, pelo seu carisma, pela sua forma de encarar os problemas da vida, com graça e coragem.
No seu humilde cantinho sempre havia mais um prato de comida para quem queria degustar os manjares que preparava.
Eu cresci a ouvir falar dos 'Mininus di Nbutcha' ou seja, os filhos da Nbutcha. Nbu, como muitos a chamavam era uma mulher que apesar de não ter dado a luz a nenhum filho, ajudou a criar dezenas de crianças que os pais deixavam sob seus cuidados.
Estes 'mininus' - hoje homens e mulheres bem educados e orientados - , a Nbu soube amar e disciplinar. Por mais que escreva sobre a Nbu, sempre irão faltar adjetivos que a descrevam. Nesta 
minha humilde página que partilho com o mundo, deixo a minha singela homenagem a uma mulher que me me inspirou a vida toda.
Até Sempre Nbu!

Certamente uma grande Mulher!
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Today Bissau ‘woke up’ sadder with the death of one of its most distinguished social figures, Mana N'butcha.
Her premature departure has left us a huge emptiness and a deep sadness, but I remember her for happy and noble motives.
Nbutcha, a figure that I early met, friend of my aunts, my parents, friend of everybody, always glad, hardworking, enterprising as usual in our Guinean female community, a 'great' woman for her generosity, charisma, for the way she used to face troubles with grace and courage.
In his humble ‘home’ there was always one more plate of food for those who wanted to taste the dishes she prepared.
I grew up hearing about 'Mininus di Nbutcha' , the children of Nbutcha. Nbu, as many people called her, was a woman who despite she did not gave birth, she raised dozens of children.
These 'mininus' - today, well-educated men and women - was loved and disciplined by Nbu…. Even if I write dozens of pages, I will never find enough adjectives to describe Nbu.
In this humble page that I share with the world, I will let my modest tribute to a woman who inspired me me all my life. RIP Nbu!
Certainly a great woman!

Ordidjanotando

Não pude deixar de publicar este brilhante texto da Karina Gomes sobre a mana N’butcha. 

Os sopros da tristeza chegaram sem pedir licença, solfou-nos duas vidas que são perdas irreparáveis em Bissau. Na maior parte das vezes, quando sacudido com tal bravura emocional, a comoção toma asas, fujo num canto e, choro. Choro porque os humanos também choram.   
Henrique Pires

Guardarei do  Henrique Pires (Kiki), um anfitrião admirável,  tanto no Hotel 24 de Setembro, quanto na estância de Bula, onde exibia a classe do bom jogador de bilhar. Foi um técnico de turismo respeitado entre os pares.  

Tanto o Henrique quanto à mana N’butcha, não eram apenas conhecidos, eram mais do que isso, eram man@s-velh@s, eram amig@s e eram sobretudo parentes na guineensidade.

Descansem em paz...

Sentidos pêsames às Famílias enlutadas. 

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Conselho Federal de Medicina condena campanha do SUS contra racismo

A cruzada do Conselho Federal de Medicina (CFM) contra ações de saúde do governo federal, iniciada com o programa Mais Médicos, virou campanha. Menos de dois dias após o lançamento da ação publicitária do Ministério da Saúde de combate à discriminação racial no Sistema Único de Saúde (SUS), a entidade divulgou uma nota, na quinta-feira (27), na qual classifica de “racista” o tom da campanha.

A postura do CFM é totalmente sem sentido. Isso porque a campanha do governo foi feita, justamente, para mostrar como os negros são maltratados por parte dos médicos brasileiros.
Dados levantados pelo SUS confirmam a diferença entre o atendimento dado a brancos e negros nos hospitais do País, refletido em índices como morte materna, infantil e violência. Realidade que o CFM insiste em negar. “Com esta campanha o Ministério da Saúde insinua que o médico e os outros profissionais diferenciam pela raça, fazem um apartheid, diferenciando o negro do branco”, afirma nota do conselho, com base no Código de Ética da profissão, onde consta a obrigação de se tratar a todos com igualdade.

Em resposta a entidade médica, o Ministério da Saúde alegou, também por meio de nota, que a campanha atende a uma antiga demanda do movimento negro. “As centenas de comentários preconceituosos postados nas redes sociais da pasta em resposta à ação reforçam que é necessário enfrentar esse tema”, informou.

Segundo a pasta, a nova campanha do SUS pretende acabar com o “racismo institucional” confirmado pelas taxas de mortalidade materna e infantil na população negra, bastante superiores às registradas entre mulheres e crianças brancas. Segundo dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do ministério, mais de 60% das mortes maternas são de mulheres negras e 47% dos falecimentos registrados na primeira semana de vida é de crianças negras.

Conscientização – Por conta disso, no início da semana, o SUS iniciou a primeira campanha nacional de combate ao racismo entre os usuários e profissionais da rede pública de saúde. O trabalho é desenvolvido em conjunto com a Secretaria de Direitos Humanos e traz o slogan “Racismo faz mal à saúde. Denuncie!”.

O estudo revela que apenas 27% das mulheres negras costumam ter direito a acompanhantes durante o parto. Enquanto isso, mais de 46% das mulheres brancas acessaram esse direito. O mesmo foi registrado quando comparado o tratamento dado as parturientes. Somente 62,5% das negras receberam orientações sobre a importância do aleitamento materno, contra 77,7% entre as brancas.
Os pacientes negros também são atendidos com menos tempo, recebem menos anestesia, no caso dos partos, e são mais desrespeitados nas unidades de saúde.
“Essa campanha é um alerta para os profissionais de saúde e para toda a sociedade brasileira. A desigualdade e preconceito produzem mais doença, mais morte e mais sofrimento. Nós queremos construir um país de todos e a maneira mais importante é falar sobre a desigualdade”, declarou o ministro da Saúde, Arthur Chioro, durante o lançamento da ação.


As denúncias podem ser feitas pelo número 136, do Disque Saúde, pelo qual também se pode obter informações sobre doenças mais comuns entre a população.