segunda-feira, 21 de julho de 2014

Os Estatutos do Homem


Os Estatutos do Homem (Ato Institucional Permanente)
A Carlos Heitor Cony


Artigo I 
Fica decretado que agora vale a verdade,
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II 
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III 
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV 
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.

Parágrafo único: 
O homem, confiará no homem
como um menino confia em outro menino.

Artigo V 
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.

Artigo VI 
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII 
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX 
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha
sempre o quente sabor da ternura.

Artigo X 
Fica permitido a qualquer pessoa,
qualquer hora da vida,
uso do traje branco.

Artigo XI 
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII 
Decreta-se que nada será obrigado
nem proibido,
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.

Parágrafo único
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.

Artigo XIII 
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Artigo Final. 
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem. 



Santiago do Chile, abril de 1964 

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Guiné-Bissau na UE

José Manuel Durão Barroso



Declaração do Presidente da Comissão Europeia após a reunião com o novo Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira
Bruxelas, 16 julho 2014

Bom dia minhas senhoras e meus senhores,

É com muito gosto que recebo hoje o Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau, Doutor Domingos Simões Pereira. Trata-se de uma visita muito importante. Uma visita simbólica por vários motivos. Representa o virar da página na Guiné-Bissau, um regresso à normalidade democrática e constitucional. Também representa um normalizar das relações e do diálogo político entre a União Europeia e a Guiné-Bissau que, como sabem, tinha sido suspenso há dois anos atrás com o golpe de Estado naquele país.

Mas também é muito importante visto tratar-se da primeira visita do Primeiro-Ministro, empossado há apenas duas semanas. Esta é a primeira visita a Bruxelas, às instituições europeias e eu acho que posso dizer que uma visita tão cedo aqui à União Europeia demonstra a vontade do Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau de reativar as relações entre este país africano e a União Europeia.

Tive ocasião de felicitar o Primeiro-Ministro e o povo da Guiné-Bissau pelo sucesso das eleições legislativas e pela sua nomeação.
Depois de dois anos sem autoridades legítimas, as eleições legislativas e presidenciais foram um passo muito importante para o futuro da democracia guineense, para a estabilidade política e social, para o futuro do país.

O progresso eleitoral na Guiné-Bissau decorreu de forma livre, justa e pacífica, tal como foi confirmado por todos os observadores internacionais, incluindo a Missão de Observação Eleitoral da União Europeia.

É por isso com grande satisfação que confirmo a decisão de levantar a suspensão da nossa cooperação com a Guiné-Bissau – uma suspensão que estava em vigor desde 2011 por causa, precisamente, do não respeito dos princípios do Estado de direito democrático naquele país.

Estas eleições, como eu já disse, foram um momento muito importante. Espero que venham a tornar-se um momento fundacional para uma nova Guiné. Falta, contudo, muito caminho por percorrer.

Os desafios políticos e socioeconómicos da Guiné-Bissau são imensos. É, por isso, necessário mobilizar todos os esforços para consolidar as instituições políticas, garantir o Estado de direito e lutar contra a impunidade, a corrupção, o tráfico de drogas e promover todos os instrumentos que possam garantir o desenvolvimento e o bem-estar do povo da Guiné-Bissau.

Neste contexto, é também essencial uma reforma do sector de segurança que garanta Forças Armadas subordinadas ao legítimo poder civil. A atual situação económica e financeira do país é débil. As novas autoridades precisam de apoio urgente. Por este motivo, a comunidade internacional não deve poupar esforços para apoiar as autoridades da Guiné-Bissau, de modo a corresponder às necessidades mais urgentes.

Disse ao Primeiro-Ministro que pode contar com o apoio da União Europeia. Enviámos imediatamente para Guiné-Bissau, após a tomada de posse do novo governo, uma Missão Especial, com serviços da Comissão Europeia e do Serviço Europeu de Ação Externa, de modo a definir o apoio a um programa urgente de recuperação. Essa missão vai também apoiar os esforços do Governo para prosseguir as suas prioridades imediatas, incluindo o pagamento de salários, o fornecimento de água e eletricidade, o apoio à agricultura.

A Missão restabeleceu ainda o contato no âmbito do Acordo de Parceria de Pescas UE-Guiné-Bissau, para avaliar a possibilidade de voltar a ativar o novo protocolo técnico e financeiro.

Estamos também a preparar um pacote de apoio às novas autoridades e à população da Guiné-Bissau de curto médio prazo e esse pacote de médio-prazo vai incluir, pelo menos, 60 milhões de euros.

Em primeiro lugar, apoio orçamental num total de 20 milhões de euros, para ajudar as autoridades a lidar com as necessidades mais urgentes e a fornecer serviços básicos à população;

Em segundo lugar, apoio à população através de ONGs e organizações internacionais, no valor de 34 milhões de euros em áreas como o desenvolvimento rural, a segurança alimentar, a luta contra as alterações climáticas e o apoio à sociedade civil;

Em terceiro lugar, estamos também a considerar o apoio através do Instrumento de Estabilidade e Paz para reforçar as capacidades das forças de segurança civis na gestão das fronteiras e para contribuir para a luta contra a impunidade e a corrupção.

Além destes três pontos que acabei de enumerar, esperamos reativar o Acordo de Parceria de Pescas logo que possível, ao abrigo do qual a Guiné-Bissau receberá 9.2 milhões de euros por ano.

A longo prazo, o envelope nacional do 11ª Fundo Europeu de Desenvolvimento, no valor de 105.5 milhões de euros, começará agora a ser programado tendo em conta as prioridades definidas pelo novo governo em nome da Guiné-Bissau.
Durante a nossa reunião abordámos estes diferentes aspetos e a necessidade e condições necessárias para pôr em prática muito rapidamente esta ajuda, que é vital para a Guiné-Bissau.

Quero mais uma vez agradecer o Senhor Primeiro-Ministro por ter podido responder tão rapidamente ao meu convite para estar aqui em Bruxelas. A África de expressão portuguesa e também especialmente a Guiné-Bissau ocupam um lugar especial nas minhas prioridades enquanto Presidente da Comissão Europeia.

Como sabe, durante estes últimos anos, procurei sempre que a comunidade internacional não se esquecesse da Guiné-Bissau. A Guiné-Bissau é um país pequeno mas é um país que conheço bem, cujo povo já sofreu demasiado, e não é justo que tenha passado por vezes despercebido, dado que a atenção mediática foi consagrada a assuntos talvez mais espetaculares.

Mas o povo da Guiné-Bissau merece a oportunidade de viver em paz, democracia e segurança. Tem os mesmos direitos que qualquer outro povo no mundo. E eu acredito que os esforços do Primeiro-Ministro, a sua vontade e a sua energia sejam determinantes para gerar no seu país o ambiente de consenso que é indispensável. Felicito-o pelas decisões já tomadas, desejo-lhe o melhor possível para si, como Primeiro-Ministro, para o seu governo, para o povo da Guiné Bissau.

A União Europeia vai estar ao seu lado e ao lado da Guiné-Bissau. E agora mãos à obra. Há muito trabalho para fazer, muito disto depende agora do modo como formos capazes de pôr em ação os próprios programas. A comunidade internacional não se vai esquecer da Guiné-Bissau. Eu próprio muitas vezes tenho falado no assunto ao Secretário-geral das Nações Unidas, o meu amigo Ban ki-Moon.

Como disse há pouco, a comunidade internacional ajuda; mas aqueles que se podem ajudar são os próprios guineenses. Nada pode substituir a vontade e a capacidade dos próprios guineenses para criarem condições para que o seu país garanta a estabilidade, a paz, a segurança e também as condições democráticas para a posteridade.
Muito obrigado.


segunda-feira, 14 de julho de 2014

Convite




Companheira e companheiro;

O GENOCÍDIO praticado pelo ESTADO TERRORISTA de ISRAEL com o apoio do DITADOR e TERRORISTA dos EUA, Barack Obama levou centenas de entidades sociais e organizações populares brasileiras a montarem um calendário de atividades no apoio ao povo PALESTINO.

Nesta 5ª feira, entregamos uma CARTA DE APOIO e SOLIDARIEDADE ao POVO PALESTINO ao Embaixador da PALESTINA no BRASIL. Nesta 2ª feira, dia 14, vamos entrega-la na Embaixada da ONU no BRASIL exigindo que ISRAEL pare a matança e o genocídio que está praticando.

Dia 24 próximo o MDD e diversas outras entidades realizarão em BRASÍLIA um FÓRUM NACIONAL DE MOVIMENTOS SOCIAIS \ Seminário sobra a QUESTÃO PALESTINA, onde lançaremos o COMITÊ BRASILEIRO DE SOLIDARIEDADE AO POVO PALESTINO. Esta semana ainda enviaremos o convite e o CARTAZ para divulgação. Esperando contar com sua presença.

Assim, nesta 2ª feira esperamos contar com sua presença na entrega do documento na Embaixada da ONU em BRASÍLIA. O endereço e horário são:

Segunda-feira, dia 14 de julho, às 14h30Casa ONU - Setor de Embaixadas Norte - Quadra 801 Norte - Lote 17 - BRASÍLIA - DF.

Pedimos a todos e todas que divulguem essa agenda em suas redes sociais e entidades, para que possamos garantir uma boa presença e uma ainda melhor repercussão.
SOLIDARIEDADE NÃO TEM FRONTEIRAS

Contamos com sua presença e participação.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

O presente e o futuro da Guiné-Bissau..!!!!! Uma luz ao fundo do túnel


Para memória futura
Por: Eduardo Jaló (Bailó)

Mais de 2 anos volvidos da alteração da ordem constitucional de 12 de Abril de 2012, a Guiné-Bissau volta à normalidade constitucional e ao conserto das nações com a realização das últimas eleições Legislativas e Presidências. De realçar o civismo e o sentido patriótico do povo com afluência em massa à mesas de voto tendo contribuído para que sejam as eleições com a maior taxa de participação na Historia da GB (cerca de 90% na 1ª volta e cerca de 79% na 2ª volta das Presidenciais).

As eleições Presidenciais foram ganhas à 2ª volta (13 de Abril e 18 Maio 2014) pelo Dr. José Mário Vaz, Vulgo JOMAV candidato do PAIGC com 61,9% contra o Eng.º Nuno Gomes Nabiam, candidato independente com 38,1%.

Nas Legislativas, o povo soberano escolheu o PAIGC, liderado pelo Eng.º Domingos Simões Pereira, vulgo Matchu para liderar a condução dos destinos do país nos próximos 4 anos, com maioria absoluta (57 em 102 Deputados), tendo o PRS confirmado o seu estatuto de 2ª maior força política do Pais com 41 deputados, sendo que em relação as ultimas eleições, os libertadores perderam 10 deputados e os renovadores quase que duplicaram os deputados. Essa bipolarização (96%) demonstra claramente que o povo exige um amplo consenso entre o PAIGC e o PRS (pactos de regime entre outras formas de acordo em matérias estruturantes para o futuro do País), devendo as respectivas lideranças materializar os anseios de todos guineenses  de um país próspero e desenvolvido.

Os deputados eleitos para a Assembleia Nacional Popular (ANP) tomaram posse no passado dia 17 de Junho, tendo sido confirmado o Eng.º Cipriano Cassamá (PAIGC) como 2ª figura do Estado. De realçar a eleição do Sr. Alberto Nambeia (Presidente de PRS) para uma das Vice-presidências.

O Dr. José Mário Vaz tomou posse no passado dia 23 de Junho como Presidente da República numa cerimônia que contou com a presença de cerca 10 chefes de estado da Sub-região (Benim, de Burkina Fasso, de Cabo Verde, da Gâmbia, do Gana, da Guiné-Conacri, do Níger, da Nigéria, do Senegal e do Togo) entre outros representantes (CPLP, UA, CEDEAO, U.E e diversos representantes diplomáticos entre outras individualidades nacionais e estrangeiras). Um sinal de grande apoio e solidariedade.

Finalmente, O presidente da Republica nomeou e empossou o líder do partido mais votado (PAIGC), Eng.º Domingos Simões Pereira como Primeiro-ministro no dia 07 de Julho, tendo os restantes membros do Governo tomado posse no dia seguinte. Um elenco governamental composto por 16 Ministérios e 15 Secretarias de Estado (com a curiosidade de incluir o Secretario-geral do PRS, Dr. Florentino Mendes Pereira).

No discurso de tomada de posse o novo PM prometeu "ordem, disciplina e trabalho" definindo as seguintes tarefas imediatas: a regularização dos salariais na função pública, restabelecimento do funcionamento das escolas públicas e dos hospitais e garantia de fornecimento de água e eletricidade. Dito isso, agora mãos à obra (mãos na lama nas palavras do nosso PR) e que tenham sorte no desempenho das vossas funções. Já não há desculpas, até porque como um dia disse alguém as desculpas são mentiras que nós contamos a nós próprios para evitar fazer qualquer coisa na vida. Não se pretende que o governo ande a distribuir bens ou serviços a tudo e todos os cidadãos, quer se sim que se criem condições para se criar riqueza, emprego, facilitando e incentivando a iniciativa privada, fomentando o empreendedorismo, garantir o fornecimento de serviços básicos tais como água e luz etc etc.

A minha opinião sobre a orgânica do Governo
Muito se tem falado sobre os nomes dos Ministros e Secretários de Estado do governo liderado pelo Eng.º DSP. Eu não gosto de emitir opiniões sobre os nomes pois podemos cair no erro de fazer julgamentos baseados em factos subjetivos que em nada contribuem para criar um ambiente de calma e serenidade de que o pais mais precisa. As palavras de ordem neste momento são: 

Conjugação/união de esforços tendentes a tirar a GB do “atoleiro” e da “letargia” em que se encontra. Ademais, o bom senso exige que se dê sempre o benefício de dúvida. Reconhece-se qualidades e potencialidades (técnicas, humanas, politicas e juventude) ao nosso PM e demais/alguns membros deste novo governo. No entanto, resta saber se teremos equipa capaz de levar avante esta árdua tarefa que exige muito trabalho de equipa.

Vou limitar-me a opinar sobre a orgânica do governo:

1 - Concordo com a Junção do Ministério do Interior e Administração Territorial num único Ministério da Administração Interna;

2 - Concordo com a existência dos Ministérios de Mulher, Família e Coesão Social e da Função Pública e Reforma Administrativa (importantes na presente conjuntura). De realçar a presença de 6 mulheres representando cerca de 20% do total do executivo), o que não sendo bom de todo, é bastante positivo se comparamos com a diminuição da representatividade feminina na casa da democracia (ANP).

3 - Não concordo (ainda que respeite) com a existência do Ministério da Comunicação Social (bastava uma Secretaria de Estado na dependência do PM) e as razões são óbvias – “inexistência”/”falta” de stakeholders significativos entre outras razões (ainda que valorize os meios de comunicação social existentes no país);

4 - Discordo (ainda que respeite) da existência dos Ministérios de Recursos Naturais e da Energia e Industria (preferia a junção dos 2) ou em alternativas estas 3 áreas (e o Comércio e Artesanato) juntas no Ministério da economia. Resultando daí que não concordo (ainda que respeite) com a existência do Ministério de Comercio e Artesanato e que nunca concordei (ainda que respeite) com a junção de Economia e Finanças e continuo a discordar e assim só o tempo fará justiça (vaticino até num futuro não muito distante a separação deste Superministério). Não está em causa as qualidades do titular da pasta.

Uma das experiencias de Junção de Economia e Finanças (Dr. Joaquim Pina Moura) realizadas em Portugal não correu muito bem, inclusive o próprio Eng.º António Guterres (PS) admitiu o erro. Pode não ser o caso da GB. Angola, Moçambique, Cabo Verde e São Tomé e príncipe (estes 2 últimos com a junção de Finanças e Plano), de acordo com as respectivas especificidades têm as 2 áreas separadas. Dir-me-ão então mas o nosso vizinho Senegal tem a junção das 2+1 pastas, denominado Finanças, Economia e Plano, liderado pelo “todo-poderoso” Dr. Amadou Ba !!!!!!!! Pois …. mas há um pormenor (maior) que pode fazer toda a diferença: é que há um Ministro-Delegado (uma espécie de Vice-Ministro) só para os Assuntos Orçamentais (pelo menos assim foi no Governo da Sra. Aminata Touré e assim será no Governo do Sr. Mahammed Abdallah Dionne, ontem nomeado e que reconduziu o anterior titular e manteve a mesma denominação). De qualquer maneira, esperemos para ver as Leis Orgânicas dos Ministérios para podermos ter uma ideia global do novo governo, pois mais importante de tudo é a dinâmica do funcionamento do governo. O resto o tempo encarregar-se-á de esclarecer.

As minhas 3 Preocupações:

1 - A situação interna dos 2 principais partidos da GB (PAIGC e PRS). Urge acalmar as hostes e apostar na reconciliação interna para o bem de todos, quiçá mesmo a realização de um congresso extraordinário/estados gerais. Estes partidos são estruturantes da nossa sociedade (sem menosprezo da importância das outras formações politicas);

2 – A Saída do Dr. Ramos Horta causa me alguma preocupação e angústia. Não quero com isso pôr em causa a capacidade/credibilidade do novo representante da ONU na GB, o Brasileiro Marco Carmignani. Mas temos de reconhecer que, se chegamos ao ponto que estamos hoje em paz e em tranquilidade é graças em grande parte à actuação e a capacidade de mobilização do Dr. RH, que foi incansável e paciente, que ouviu tudo e todos, falou com tudo e todos, fez muitas diligências e contactos junto da comunidade internacional para que os problemas da GB não caíssem no esquecimento. Houve falhas como em qualquer processo mas não podem beliscar a sua actuação em prol do bem da pátria de Amílcar Cabral;

3 - O Abate de árvores/ Exploração desenfreada de recursos naturais e haliêuticos. Espero que este assunto não seja esquecido ou simplesmente ignorado (alias foram enfatizados pelos PM e PR nos discursos de tomadas de posse). Urge estancar essa hemorragia e pôr cobro a delapidação dos nossos recursos.

Algumas palavras a:

1 – Timor Leste e ao seu povo, cujos PR e PM (Taur Matan Ruak e Xanana Gusmão), não abandonaram o barco no momento difícil e ainda ajudaram e contribuíram para a materialização das eleições e o consequente retorno à normalidade constitucional. Podemos citar o apoio em diversas áreas nomeadamente o desporto com o financiamento da selecção nacional que permitiu a nossa qualificação para a fase seguinte da CAN. Muito têm ajudado o povo da GB. Que deus abençoe o povo de Timor Lorosae.

2 – CPLP- exige mais acção e a materialização da cidadania Lusófona no sentido da maior “integração” e solidariedade entre a comunidade Lusófona. O “caso” da Guiné-Bissau, de Moçambique, alguns episódios de violação de Direitos Humanos em Angola, entre outras questões, são os grandes desafios para os próximos tempos (voltarei a este assunto mais tarde – eu que sempre fui e sempre serei defensor da Lusofonia). Em todo caso, creio que já há consciência dos enormes desafios para a comunidade.

3 – CEDEAO – exige se atitude proactiva na defesa da democracia e do estado de direito na comunidade. Exige se também TOLERANCIA ZERO a qualquer alteração de ordem constitucional que não seja por vias legais e democráticas. Por outro, pretende se uma maior integração dentro do espaço e a diminuição das enormes assimetrias. Mesmo assim, o esforço empreendido na resolução dos conflitos do Mali e GB devem ser louvados (voltarei a este assunto mais tarde).

3 – Povo sofredor da Guiné-Bissau - A única que digo é DJARAMA/OBRIGADO POVO DA GB. 

TENHA ESPERANÇA QUE OS MELHORES DIAS VIRÃO.


Lisboa, 07/07/2014

Paulo Gomes em ação...

Paulo Gomes
Caros amigos,

Como parte da relação de confiança que se estabeleceu entre nós, em torno da minha candidatura à última eleição presidencial, gostaria de reafirmar que o projeto de mudança ancorado na visão de uma Guiné-Bissau otimista, em paz e sustentável não se reduz apenas a um processo de cariz político. Pelo contrário, é um processo contínuo que apenas está no seu início e que se estende às várias vertentes da minha vida enquanto cidadão e profissional. 

Nesse quadro, eu e a minha equipa estamos a trabalhar na implementação do movimento cívico Nô Muda Rumu e, dentro em breve, o projeto vai arrancar em Bissau, com ações de promoção da democracia e de uma cidadania participativa. 

Retomei as minhas atividades profissionais na área dos negócios, quer na Guiné-Bissau quer no estrangeiro, particularmente na sub-região e em Singapura. Fui recentemente nomeado vice-presidente da Câmara de Comércio África-Ásia do Sudeste, em Singapura, onde tive a oportunidade de expressar junto da imprensa singapurense e africana, a minha visão sobre a necessidade de colocar em prática um novo modelo de trocas entre a Ásia e o continente africano, assente em ganhos para ambas as partes.

Estou igualmente engajado na defesa do ambiente do nosso país, através dos cargos que exerço na Fundação Bio Guiné e no Fundo Verde para o Clima, com vista a garantir o financiamento para a proteção e preservação das nossas áreas protegidas.
Por último, continuarei à disposição das autoridades do meu país para colaborar em tudo o quanto for necessário para reposicionar a Guiné-Bissau no contexto regional e global.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Boa sorte DSP

Novo Primeiro-Ministro investido nas funções

Fonte: ANG

O novo Primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira, pediu hoje ao seu partido, (PAIGC) e aqueles que o acompanham nessa actividade política, para que lhe dessem a oportunidade de servir o pais.
Simões Pereira que não adiantou mais pormenores sobre esse pedido discursava após ter sido investido nas funções de Primeiro-Ministro pelo Presidente da República, José Mário Vaz.

Investido para um mandato de quatro anos, Simões Pereira agradeceu à todos os que contribuíram para tornara possível que assumisse, de facto, as referidas funções.
“Com a minha tomada de posse começa a tocar no sentido regressivo o relógio do período que pedimos para, em quatro anos, mudarmos a sorte e o destino desta Nação. Que Deus nos ajude e abençoe a Guiné-Bissau”, referiu Domingos Simões Pereira.

Entretanto, os restantes membros do elenco governamental vão ser conhecidos ainda esta tarde e segundo a Rádio Nacional o novo executivo deve contar com 16 ministros e 11 secretários de estado.

Ordidjanotando

Com a nomeação do PM Domingos Simões Pereira, e com a formação do novo executivo que deverá tomar posse amanha fecha-se o ciclo de transição na Guiné-Bissau. Pela primeira vez desde a independência do país, tem-se um Primeiro-Ministro com um perfil insuspeito e tecnicamente bem preparado. Sem desprimor dos outros tantos que passaram por esse cargo na Guiné, mas a verdade seja dita o Eng. DSP, reúne todos os atributos para a verdadeira mudança de página nos destinos do país. Estamos perante um momento único, e apelo a todas as forças patrióticas que apoiem essa mudança, regado com muito bom senso.

Aqui neste moral já tinha opinado sobre o caráter exemplar e os valores inconfundíveis que o novo chefe do executivo guineense transporta, faço parte daqueles guineenses que depositam sobre os ombros do DSP a  esperança renovada e a força do acreditar restabelecido. Espero que jamais a democracia guineense seja interrompida pelos militares, e muito menos que a ordem constitucional seja sacudida seja por que razão for, sob amaça do país se fragmentar.

Aproveito este espaço para desejar ao mais-velho amigo e camarada Domingos Simões Pereira os maiores sucessos nesta nobre missão e a maior sorte do mundo para dirigir o governo que hoje lhe foi entregue com políticas públicas coerentes e bem estruturadas.

Que todos os Deuses abençoem a Guiné!!!


Bem haja!!! 

terça-feira, 1 de julho de 2014

+ seleções africanas


O continente africano despede-se da copa do mundo depois de notável participação no certame. Fiz questão de assistir (tanto na tv como na tribuna) todas as partidas disputadas pelas equipas africanas e, ouso afirmar que o futebol africano está de parabéns, está cada vez mais potente. 

Todas elas com a exceção dos Camarões, enfrentaram e afrontaram os adversários de igual para igual. Definitivamente confirmou-se que os leões indomáveis dos Camarões, estão mais adormecidos do que se imaginava. Não jogaram nada! 

Adorei comprovar que atualmente a África Ocidental (d´onde venho) é a potência do futebol do continente. Foi mais uma vez lastimoso e flagrante a exibição da parcialidade dos árbitros (juízes) da FIFA, organização que precisa atualizar urgentemente alguns estatutos ou regulamentos no que tange a distribuição dos direitos de participação entre os continentes. Já não faz mais sentido a Europa ter a maior fatia do bolo da presença. Tem que se bater o pé para que haja mais seleções africanas na copa! 

Resta-me apenas constatar que se está a viver, realmente, uma das maiores copas do mundo (Mundial) de todos os tempos, pudera, o Brasil é de fato o país do futebol e já que saíram todas as equipes do continente maciço, pode a partir de hoje contar com +1 torcedor.