terça-feira, 11 de março de 2014

Algum tempo, antes...

Aparelho de rádio
Passaram praticamente cinco anos, este ano vai-se celebrar os 20 anos da criação das primeiras rádios comunitárias na Guiné-Bissau. A ideia foi participar num concurso denominado DocTV, que selecionava em cada país lusófono africano, um documentário, e com o apoio financeiro de 50 mil euros posto a disposição pela organização, se realizavam os filmes. O nosso olhar foi bater com a intenção de retratar, as rádios comunitárias guineenses, que foram um dos maiores fenômeno de comunicação na Guiné-Bissau. Outro fato interessante, a Guiné-Bissau foi pioneira na criação de rádios comunitárias e esteve sempre na linha da frente em relação, aos outros países falantes do português, no continente. Para vossa informação, à Rádio Sol Mansi foi no inicio um projeto de rádio comunitária, embora hoje, 14 anos depois, completados no dia 14 de fevereiro( dia dos namorados) do corrente, seja considerada a melhor e mais bem consolidada emissora do país, com maior cobertura e alcance nacional. Hoje, depois deste tempo todo, decido partilhar com os fieis e infiéis leitores deste Blog, a nossa proposta de documentário “Vozes da Esperança”. Estávamos em 2009...

VISÃO ORIGINAL

O documentário fará um retrato temporal dos cerca de quinze anos, das Rádios Comunitárias na Guiné-Bissau, e o abanão que provocaram, nos alicerces da sociedade guineense, obrigando-a a reequacionar a tradição, o quotidiano e a própria identidade.

Recontextualizar todo esse processo, numa perspectiva atual, sem deixar de incluir, as suas referências do passado não muito longínquo, por ter apenas mais de uma década. O mergulho na realidade desses novos meios de Comunicação será abordada tendo como ponto de partida, a necessidade de as pessoas se comunicarem e combaterem a info-exclusão, e como ponto de chegada, a constatação de que, a Rádio, tem sido o meio comunicação histórico, na construção identitária e cultural na Guiné-Bissau.
Outrossim, a ter em conta é, a questão da Rádio ser também o meio de eleição e que melhor se adapta a realidade do país, num expressivo quadro atual, preenchido por fenômenos como a miséria (pobreza), (violência), (o analfabetismo) e (fragilidade do estado) o subdesenvolvimento.

Deve ser ainda ressaltada, que estamos perante um órgão de Comunicação que, graças a facilidade e mobilidade que caracterizam a sua criação e operacionalidade, está de mãos dadas com há mais adaptável forma de comunicação existente, a oralidade, conhecida como pedra basilar, das manifestações culturais na Guiné-Bissau.

Num contexto de condições extremamente adversas, sendo um país onde são gritantes os índices de pobreza e de desenvolvimento humano, considerados dos mais baixos (colocado até no pódio dos piores Estados) a nível mundial, existem (uma) ações positivas, (que) e uma delas é o projeto das Rádios Comunitárias.

(Não obstante todo este cenário de adversidades). O documentário pretende que se observe que estamos, perante uma iniciativa fundamental para a educação cívica, para uma comunicação horizontal entre os guineenses e para a criação de novos valores conducentes com o contexto sociocultural do país) (,de todos os guineenses e perante, o pioneirismo guineense na criação das Rádios Comunitárias, no espaço lusófono africano, na criação e aposta na Emissoras Comunitárias). Neste momento existem cerca de duas dezenas de Rádios Comunitárias na Guiné. Estações de rádio que têm contribuído na evolução e o fim do isolamento das comunidades com o Mundo, semeando novas perspectivas de futuro.

O filme vai concentrar-se, no desenvolvimento das atividades das Rádios Comunitárias, e a forma como moldaram e vão moldando o dia-a-dia das comunidades, realimentando cada vez mais a cultura da Paz e da Cidadania.

Numa primeira fase, a observação terá como base os testemunhos e percepções dos vários atores, ONGs, Acção para o Desenvolvimento (AD) SWISAID fundação suíça para o desenvolvimento, a RENARC Rede das Rádios Comunitárias e Instituto de Comunicação da Guiné-Bissau (ICGB) os diretores e colaboradores das rádios  que marcaram o itinerário dos primeiros passos, culminando com o surgimento da primeira, à Rádio Voz de Quelelé em Bissau.

Numa segunda fase, será feita uma incursão daquilo que tem sido interpretado, como a influência que estas rádios têm desempenhado, embora por vezes até menosprezado, na construção das novas regras de coabitação, duma sociedade multiétnica e diversificada que é a guineense. Em síntese o retrato destas dinâmicas locais vai ser captada, através da interação natural, provocada pelas rádios nas comunidades e localidades selecionadas e vice-versa. A saber:


Ø  Rádio Voz de Quelele: Celebrou o seu décimo sexto aniversário no dia 04 de Fevereiro de 2008. É a pioneira, naquilo que poderíamos chamar de “tubo de ensaio” para experimentar se a ideia surtiria efeito e, seria adaptável a realidade do país. Com a sua legalização e a entrada em funcionamento dos seus órgãos sociais, favoreceu a maior participação da comunidade do Bairro de Quelele na organização e gestão desta estação da Rádio Comunitária. Cada programa desta rádio tem mais que um clube de ouvintes, que facilita medir a audiência dos respectivos programas e adaptá-lo em conformidade com a exigência de ouvintes

Ø   Rádio Djalicunda: Esta estação emissora tem sido uma ferramenta indispensável, para organização e dinamização de uma associação agrícola Kafo. Como resultado denota-se a diminuição drástica de uma das práticas agrícola mais ancestrais da região às queimadas das florestas. Contribuindo com sementes alternativas, para o cultivo e apoiando as campanhas de Microcrédito.

Ø  São Domingos (Norte) – Rádio Kasumai que demonstra a inexistência de espaço limitado, no poder e capacidade de alcance de uma rádio, pois consegue transpor as fronteiras fictícias, existente entre os Felupes da Guiné e do Senegal (Casamanssa).

Ø   Cantanhês (Sul) – Rádio Lamparam, que luta para a preservação ambiental das matas do Cantanhês. Esta rádio tem servido como instrumento para melhor alertar, as populações e as comunidades, no sentido de proteger as riquezas da biodiversidade no país.

Ø   Formosa (Ilhas) – Rádio Kosena, situada numa das ilhas ou territórios insulares da Guiné, esta rádio vai ajudando os Bijagós a enfrentarem melhor as adversidades do isolamento com o continente e tem sido o elo de ligação entre as varias ilhas que compõem os arquipélagos.

Portanto este é o enquadramento que faço, deste projeto documental, onde será por isso necessário trabalhar, recorrendo a uma instituição pública (ISGB), uma ONG (AD) e cinco rádios comunitárias (Quelelé, Djalicunda, Kasumai, Lamparam e Kosena). O espelho da mudança provocado pelas rádios terá reflexo, nos testemunhos colhidos junto aos públicos alvos, de cada localidade e comunidade. Todas elas partem de um tronco comum, em relação aos temas e conteúdos, na concepção do formato e estilo de rádio. Caracterizadas como rádios rurais, para além da incidência sobre a Agricultura uma marca bem definida, como sector econômico, e a grande atividade laboral do interior do país, sendo assim o tema central das programações destas rádios, a saúde, a educação, o ambiente e a cultura são os pilares da sustentação do resto da grelha de programação. A personagem que terá o papel central no documentário será o Eng. Carlos Schwarz, sendo ele o impulsionador senão mesmo o obreiro de todo este processo, o que por si só, representa já uma excelente garantia.