sexta-feira, 29 de junho de 2012

MANECAS RAMBOUT

Foto: Raul Vera Cruz Barbosa (Facebook)
Por: Geraldo Martins*


Espero ainda um dia escrever sobre o Manecas Rambout. Ele faz parte da “lista restrita” de pessoas extraordinárias que influenciaram positivamente a minha carreira profissional. Antes de o conhecer pessoalmente, conheci-o por interpostas pessoas. O meu amigo Huco Monteiro apresentou-mo um dia, no início dos anos noventa, quando comecei a trabalhar no Ministério da Educação. Ele ministro, eu um quadro recém formado.

Confirmei então a “marca” que ele já carregava com humildade: Inteligência. Manecas possuia uma inteligência perspicaz e refinada. Era capaz de elaborar articuladamente sobre um assunto em espiral, num círculo que parecia de repente que estava a sair fora de órbita, para, surpreendemente, voltar com desenvoltura ao assunto e concluir elegantemente o raciocínio iniciado. Vi-o neste maravilhoso exercício várias vezes, ao longo de muitos anos, e posso dizer que, com ele, conseguia convencer muita gente. Penso, sinceramente, que nem sempre tinha razão, mas a inteligência também serve para isso – trazer a razão do nosso lado.

Os anos em que dirigiu o Ministério da Educação foram anos dourados da cooperação com a Suécia. Quase tudo -- concepção e impressão de manuais escolares, fornecimento e distribuição de material didáctico às escolas, confecção de carteiras, formação de professores – trazia estampado o selo “Supported by Sweden”. Manecas tem imenso mérito nisso. Hábil negociador, conseguia quase sempre dos parceiros de desenvolvimento o que queria. Uma das suas mais bem sucedidas investidas foi convencer a Suécia a financiar um suplemento salarial para os professores, em 1992. Um país estrangeiro a pagar salários de funcionários públicos? Pois é: fê-lo. 

Manecas preocupava-se com as pessoas. Um dia mandou-me subir ao seu gabinete e pediu-me que trabalhasse com o escritório do PAM na preparação do novo programa de cantinas escolares. E lançou-me este desafio:

-- Vamos propor a inclusão de um “subsídio de arroz” aos professores a fim de melhorar as suas condições de vida. 

Durante seis meses, trabalhei com o Alain Cordeil (na altura representante do PAM em Bissau) e, depois, fomos ambos a Roma defender o projecto. Um sucesso: 9 milhões de dólares para financiar refeições aos alunos e um saco de arroz por mês aos professores do ensino básico, durante três anos. 

Manecas era um homem que valorizava muito a competência e procurava basear a sua liderança na meritocracia. Uma vez, o seu amigo Agnelo Regalla, na altura Secretário de Estado da Informação, veio visitá-lo ao seu gabinete, no meio de uma grave crise com o recém-criado Sindicato Nacional do Professores (SINAPROF). Chamaram-me ao gabinete e ambos propuseram que eu fosse à televisão nacional à noite, explicar à opinião o que se estava a passar – foi a minha primeira exposição nacional. 

Estas são apenas algumas lembranças minhas de um intelectual humilde e íntegro. Não o via há muito tempo, mas sabia que estava em Angola. Globalmente, a competência nunca se perde. O que a Guiné-Bissau perdeu, ganhou-o Angola. Hoje, porém, ambos perderam.

Descanse em paz Manecas !

*Geraldo Martins - guineense, ex-ministro da Educação Nacional, Cultura e Desporto  da Guiné-Bissau e especialista em Desenvolvimento Humano no Banco Mundial

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Faleceu Manuel Rambaut Barcelos

Manecas Rambaut Barcelos (Foto Celina Vieira Tavares)


Sem possibilidade de recolher através da NET, algo publicado virtualmente sobre a biografia deste político ímpar, filho da terra e Combatente da Liberdade guineense, resta-me apenas publicar um clipping repiscado através da rede social, nomeadamente Facebook numa página que se chama “Por uma Guiné-Melhor” onde João Galvão Borges informa a grande família guineense, do falecimento desta personalidade que teve uma valiosa atuação no panorama sociopolítico guineense, antes e depois da Independência. Para além dos cargos governativos também esteve ligado a Cultura e ao Cinema. Colaborou nos vários filmes do realizador Flora Gomes, sendo apontado como um dos roteiristas do filme “Udju azul di Yonta” e foi também conselheiro de grupos teatrais.     

“Uma notícia triste par todos os Guineenses. A Guiné-Bissau perdeu um bom filho. Manuel Rambaut Barcelos, "Manecas", faleceu na tarde de ontem em Angola na provincia do Huambo, vítima de um problema cardíaco. Militante do PAIGC nos anos 60 enquanto estudante em Portugal e mais tarde na Guiné-Bissau para onde regressou no pós-independência, desempenhando várias funções no quadro do Partido e no aparelho de Estado, nomeadamente na Educação Nacional onde penso ter sido Ministro. Era muito próximo do saudoso João da Costa, o nosso primeiro Ministro de Saúde. Frequentamos o Liceu Honório Barreto, entre 1956-1963. Homem que deixa traços pela sua integridade moral e pelo seu patriotismo. Por razões que não nos poderá esclarecer, deixou a GBissau para Angola onde trabalhou, na última década, como consultor, creio eu. Ficamos todos mais pobres. Paz à sua alma!” João Galvão Borges

quarta-feira, 27 de junho de 2012

RIO +20: Servem a quem?

Assinaturas do Livro de Presença na Cúpula Mundial dos Legisladores
Parlamentares se reúnem para definir como fiscalizar ações aprovadas na Rio+20

Fonte: Agência Brasil – EBC – 15/06/12
Parlamentares prometem ficar de olho nos compromissos assumidos pelos governos na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). De hoje (15) a domingo (17), legisladores de 80 países definirão como fiscalizar medidas que serão aprovadas no evento e como evitar retrocessos na legislação ambiental.

Foto de família da Cúpula Mundia dos Legisladores: RIO+20
Cerca de 300 parlamentares são esperados para a Cúpula Mundial de Legisladores, que será realizada na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Entre eles, estão cinco deputados e seis senadores brasileiros. Eles vão colaborar com o documento final, chamado Protocolo de Legisladores, com orientações para os parlamentos.

Esq/Dir - Deputado Cipriano Cassama e PR-ANP-Transição Ibraima Sory Djaló  
De acordo com o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), presidente da Comissão de Meio Ambiente, há propostas para um encontro bianual de parlamentares, no Rio, com o objetivo de trocar informações sobre o cumprimentos dos acordos da Rio+20, além da criações de órgãos nacionais, no âmbito dos parlamentos, para fiscalizar e monitorar os governos.

“Um dos motivos que levou à falta de implementação das decisões tomadas pela Rio92, há 20 anos, foi a falta de envolvimento dos legisladores, pelo papel que desempenham na aprovação das leis, dos orçamentos e na própria fiscalização dos governos”, disse Rollemberg, que estará na abertura do evento, às 14h, ao lado do presidente do Congresso Nacional, José Sarney.

Entre os itens que também devem constar do documento final da cúpula estão a criação de mecanismos para compartilhar “melhores práticas legislativas na área ambiental” e para discutir a incorporação pelos governos de “novas concepções” de desenvolvimento ambiental.

Também devem participar do encontro os senadores Cícero Lucena (PSDB-PB), Ciro Nogueira (PP-PI), Eduardo Braga (PMDB-AM), João Capiberibe (PSB-AP) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), além dos deputados Augusto Carvalho (PPS-DF), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Marcio Macedo (PT-SE), Rebeca Garcia (PPS-AM) e Valadares Filho (PSB-PE).
Legisladores Lusófonos na Conferência RIO +20 

Ordidja-notando
Servem a quem?

Sempre fui de ter paciência ao combater as contrainformações e as falsidades. Em virtude do vil jornalismo preguiçoso, que adora apenas reproduzir o que por aí se fala, espalhando notícias falaciosas sobre a Guiné-Bissau, e em relação à participação do Estado guineense na Conferência da ONU sobre o Desenvolvimento Sustentável – RIO+20, aqui deixo fotos, para que façam melhor juízo e apreciação, e se puder ajudar a elucidar algumas cabeças que foram intoxicas por alguns buracos do ozono das inverdades virtuais (coisas da NET), melhor! Estando no Brasil, este Fórum Mundial marcou a atualidade durante toda a semana passada. E enquanto guineense, qual foi o meu espanto ao ler que foram vedadas as entradas ás Delegações da Guiné-Bissau. Esta Conferência ficará no manual da estória da especulação da sociedade guineense.  

Existe muita ficção em algumas notícias para justificar furadas e, trapaças com estórias da Carochinha, na minha opinião nada mais serve senão, como pilula para animar a última bela melancolia, da realidade política do Povo guineense, sobretudo, daqueles que estão imigrados em Portugal. E reparem a nossa maior sorte: O “Governo” ilusionista e ficcionista está radicada em Lisboa. Cidade que embeleza a nossa memória ultramarina e fortalece os complexos e os descomplexos, os conceitos e os preconceitos, enfim, não fossemos frutos das mentalidades e das correntes ideológicas nascidas pelas terras lusas. Definitivamente, o luso nos ofusca, e perante mais esta CRISE entre nós, nos têm ofuscado de forma vexatória.

Portanto temos um fato com duas versões. Uma primeira versão, a que foi propalada pela corrente dos falsos ilusionistas, em que o Presidente de Transição da ANP, Sory Djaló fora impedido de assistir a Conferência Mundial e, espero que se lembrem, que prometeram também há tempos, uma vitória na primeira-volta e com maioria absoluta nas últimas eleições presidenciais. Isso aconteceu!? Não aconteceu?
Do outro lado temos esta segunda versão que, mostra o outro lado da informação sobre a Conferência RIO +20, recorrendo a retratos dos acontecimentos, recolhido pelos participantes. Salvo erro ou engano, os chineses é que têm o lindo provérbio “uma imagem vale mil palavras...” que remata esta questãoMas querem saber mais(?) na minha humilde opinião, a única notícia sobre a questão da participação guineense, nesta Conferência, prende-se com o fato da enganosa participação de um deputado do PAIGC(não vou chamar o nome) cujos os custos com viagem,  per-diem e estadia foram em vão. Pois não participou em nenhuma das sessões embora estando no Rio de Janeiro  ainda ligou para Lisboa especulando. Isso sim foi um furo a sério!

Servem a quem(?), as ditaduras dos monitores que são rápidos em falsas versões e especulações sobre o Estado que se chama Guiné-Bissau? Querem enganar a quem? 

domingo, 24 de junho de 2012

Pontos de Vista...

Rio+20 é oficialmente encerrada com defesas do documento final
Dilma Rousseff reforça que discussão da erradicação da pobreza é maior legado da conferência da ONU

Fonte: IG-Último Segundo – Valmir  Moratelli iG Rio de Janeiro | 22/06/2012 21:14:38 - Atualizada às 22/06/2012 21:18:24

Em discurso realizado na plenária da ONU no Riocentro na noite desta sexta-feira (22), o secretário-geral da Rio+20, Sha Zukan, falou sobre o legado deixado pela conferência. “Foi construído um grande legado sobre o futuro que queremos. Os líderes do mundo fizeram no Rio uma estrutura de ações. Juntos, devemos ter muito orgulho dos resultados obtidos através de extraordinária liderança do Brasil. Que o espírito do Rio esteja com todos para sempre”.

Em seguida, foi a vez do secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon. “Foi uma conferência exitosa, reforçando metas com o mundo sustentável. O documento final adotado fornece uma posição firme para nos orientar para uma sociedade sustentável”.
Por fim, a presidenta Dilma Rousseff repetiu o tom do discurso feito momentos antes a uma coletiva com alguns jornalistas. “O Brasil se orgulha de ter organizado a mais participativa conferência da história. O documento final é produto da ambição coletiva dos países que participaram dessa conferência. O documento não é um retrocesso em relação ao que foi firmado na Rio92 ou em relação a textos das demais conferências”, disse.

Dilma falou ainda a respeito do que considera o cerne principal do texto final dessa conferência. “Avançamos sobre o desenvolvimento sustentável, lançando a agenda do século 21. Trouxemos para o centro do debate a erradicação da pobreza. A Rio+20 não é o teto do nosso avanço. É o início de uma caminhada para construirmos uma sociedade sustentável”, disse a presidenta, visivelmente emocionada, encerrando a Rio+20.

Ban Ki-moon a cumprimentou e lhe deu de presente o martelo que, de forma simbólica, representa o desfecho official da Conferência da ONU.
Conheça os principais pontos do documento da Rio+20
Veja os compromissos firmados pelos chefes de Estado na Conferência da ONU de Desenvolvimento Sustentável

Fonte: IG-Último Segundo – Natasha Madov enviada ao Rio de Janeiro 

Líderes mundiais encerram no Rio de Janeiro nesta sexta-feira (22) a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, assinando uma declaração que se pauta pelo mínimo denominador comum. O documento, considerado fraco pela sociedade civil, não traz metas nem prazos, mas uma série de adiamentos e pedidos de estudos. O texto diz que os padrões de consumo precisam mudar, mas não afirma como isso vai acontecer -- em vez de disso, diz que os países vão estudar o assunto. Em vez de estabelecer um fundo de financiamento para ajudar os países menos desenvolvidos, afirma que será estudada uma maneira de arrecadar dinheiro de fontes diversas -- em outras palavras, vão passar o chapéu e ver quanto dinheiro conseguem.

O governo brasileiro, líder das negociações, afirma que o documento foi uma vitória diplomática, e que era o "acordo possível". Por diversas vezes, durante a conferência, a delegação brasileira afirmou que as conversas entre os países estavam difíceis, e haviam vários pontos de desacordo.

Veja abaixo alguns dos pontos da declaração final e o que os chefes de Estados estão se comprometendo a fazer:

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Esperava-se que a Rio+20 forjasse metas em áreas centrais, como segurança alimentar, água e energia. Mas havia poucas expectativas de que produzisse um conjunto definido de medidas mandatórias com prazos porque os políticos estão mais preocupados com a crise financeira mundial e a agitação no Oriente Médio.
O acordo propôs o lançamento de um processo para se chegar a um acordo sobre Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que provavelmente vão se basear e se sobrepor à atual rodada de objetivos conhecidos como Metas de Desenvolvimento do Milênio, que membros da ONU concordaram em buscar até pelo menos 2015.

"Resolvemos estabelecer um processo intergovernamental inclusivo e transparente sobre as ODSs que está aberto a todos os interessados, com vista a desenvolver os objetivos de desenvolvimento sustentável global a ser acordado pela Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro", diz o texto. Os objetivos também devem ser coerentes e integrados à Agenda de Desenvolvimento da ONU depois de 2015, diz o acordo.
Um grupo de trabalho com 30 integrantes decidirá um plano de trabalho e apresentará uma proposta para os ODSs à Assembleia Geral da ONU em setembro de 2013.

Subsídios a combustíveis fósseis
Também se esperava que a Rio+20 pudesse definir um compromisso para todos os países para eliminar subsídios aos combustíveis fósseis. A eliminação gradual de subsídios para combustíveis fósseis até 2020 iria reduzir a demanda de energia global em 5 por cento e as emissões de dióxido de carbono em quase 6 por cento, segundo a Agência Internacional de Energia.

Em 2009, líderes do G20 concordaram em fazer isso em princípio, mas não foi estabelecido um prazo. Um encontro do G20 no México que terminou na terça-feira (19) também fracassou em definir a ideia. O texto da Rio+20 reafirmou compromissos anteriores de países de "eliminar gradualmente subsídios a combustíveis fósseis ineficazes e prejudiciais que encorajam o desperdício". Mas não chegou a reforçar o compromisso voluntário com prazos ou mais detalhes, o que frustrou alguns grupos ambientalistas e empresariais.

Oceanos
O texto se comprometeu a "tomar medidas para reduzir a incidência e os impactos da poluição nos ecossistemas marinhos, inclusive através da implementação efetiva de convenções relevantes adotadas no âmbito da Organização Marítima Internacional". Também propôs que os países ajam até 2025 para alcançar "reduções significativas" em destroços marinhos para evitar danos ao ambiente marinho, e se comprometeu a adotar medidas para evitar a introdução de espécies marinhas estranhas invasoras e administrar seus impactos ambientais adversos.

Também reiterou uma necessidade de trabalhar mais para prevenir a acidificação do oceano. No entanto, uma decisão muito esperada sobre uma estrutura de governo para águas internacionais, em especial em relação à proteção da biodiversidade, foi adiada por alguns anos. Estados Unidos, Canadá, Rússia e Venezuela se opuseram a uma linguagem forte para implementá-la, disseram os observadores.

Responsabilidades comuns, porém diferenciadas
Um dos pilares do documento da Eco92 foi o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, que norteia acordos posteriores, como o Protocolo de Kyoto. Seu fundamento é que todos os países são responsáveis, mas quem polui mais (os países mais ricos), deveria combater o problema com mais força e financiar os esforços de quem polui menos (os países mais pobres) e norteia também a questão do financiamentos.

Apesar de esforços de países (como os EUA) para tirar esse conceito do texto final, alegando que o eixo econômico mundial mudou e alguns países, antes considerados em desenvolvimento, hoje poluem tanto quanto os desenvolvidos, numa indireta à China. Apesar da tentativa, o princípio foi mantido.

Financiamento
O acordo pediu um novo processo intergovernamental para produzir um relatório que avalie quanto dinheiro é necessário para o desenvolvimento sustentável, e quais instrumentos novos e existentes podem ser utilizados para levantar mais fundos.

O processo será liderado por um grupo de 30 especialistas, que concluirá seu trabalho até 2014. Embora alguns países em desenvolvimento tenham pedido a criação de um fundo de desenvolvimento sustentável de 30 bilhões de dólares, a proposta não entrou no texto final. Em vez disso, o texto "reconhece a necessidade de mobilização significativa de recursos de várias fontes".
Sobre o auxílio financeiro aos países em desenvolvimento, o acordo insta os países ricos a fazerem "esforços concretos" para cumprirem a meta acordada anteriormente de 0,7 por cento de ajuda do Produto Interno Bruto para ajudar os países em desenvolvimento até 2015.

Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma)
Outro resultado da cúpula foi reforçar o Pnuma --programa internacional que coordena as atividades ambientais da ONU -- em uma agência com poderes iguais a outros órgãos da ONU, como a Organização Mundial da Saúde. Esta foi uma das grandes polêmicas das negociações. Muitos países, como os africanos e europeus, apoiavam a iniciativa de transformação do Pnuma numa agência com mais poder e autonomia, enquanto outros, inclusive o Brasil, não apoiavam a ideia.

O acordo propôs que uma reunião geral da ONU em setembro adote uma resolução "reforçando e aprimorando" o Pnuma. Propôs dar ao Pnuma "recursos adequados, estáveis, seguros e financeiros crescentes" do orçamento das Nações Unidas e de contribuições voluntárias para ajudá-la a cumprir sua missão.

Economia Verde
Um dos principais temas da conferência foi o conceito de uma "economia verde", ou melhorar o bem-estar humano e a equidade social enquanto se reduz os riscos ambientais, que poderia ser um caminho comum para o desenvolvimento sustentável. O acordo reafirmou que cada país poderia seguir seu próprio caminho para alcançar uma "economia verde". O texto dizia que poderia fornecer opções para a tomada de decisões políticas, mas que não deveria ser "um conjunto rígido de regras".

Um novo índice para a riqueza
Outro tópico da cúpula foi garantir que a contabilidade de governos e empresas reflitam lucros e prejuízos ambientais. O Produto Interno Bruto (PIB) sozinho não é mais capaz de avaliar a riqueza de um país, por medir apenas a atividade econômica, mas não a qualidade de vida de seus cidadãos ou seus recursos naturais. O texto reconheceu a necessidade de "medidas mais amplas de progresso" para complementar o PIB para melhor informar as decisões políticas. Pediu à Comissão Estatística da ONU que lance um programa de trabalho para se desenvolver sobre as iniciativas existentes.


quinta-feira, 21 de junho de 2012

Rio+20: Presidentes latinos criticam países ricos no segundo dia


Presidente boliviano disse que ambientalismo é usado como arma. Equatoriano criticou ausência de líderes de países ricos.
Os presidentes da Bolívia, Evo Morales, e do Equador, Rafael Corrêa, criticaram os países desenvolvidos no segundo dia de encontro de alto nível da Conferência de Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, nesta quinta-feira (21). Muito aplaudido, o boliviano abriu seu discurso falando das tradições indígenas e defendeu a nacionalização dos recursos naturais pelo desenvolvimento sustentável. Corrêa, por sua vez, criticou a ausência dos líderes dos países ricos.

Bolívia
Morales criticou os países desenvolvidos e o capitalismo. "Capitalismo é uma forma de colonialismo. Mercantilizarmos os recursos naturais e é uma forma de colonialismo do países do sul, que sobre seus ombros carregam a responsabilidade de proteger o meio ambiente, que foi destruído no norte", disse. Para Evo, o ambientalismo é usado como arma do sistema capitalista. "O ambientalismo capitalista é uma forma de compromisso predatório, porque o compromisso de países de preservar a natureza para o futuro é algo imposto aos países pobres, enquanto os ricos se esforçam na destruição comercial do meio ambiente."
"Nos querem criar um mecanismo de investimento para monopolizar e julgar nossos recursos. Acreditam que estão punindo o uso desses recursos com argumentos ambientalistas e as instituições são submissas, de modo que abrimos mão dos nossos recursos naturais para eles. Como o capitalismo promove o mercantilismo, o capitalismo da biodiversidade a torna em negócio. A vida não é um direito, é apenas mais um negócio para o capitalismo," afirmou.

Para ele, os países precisam "se defender", nacionalizando seus recursos. O presidente boliviano citou o ex-presidente de Cuba Fidel Castro, a quem chamou de "um homem muito sábio". Morales esteve no Riocentro também na quarta-feira (20), onde foi visto andando pelos corredores e almoçando na praça de alimentação comum do centro de convenções.

Equador 
O presidente do Equador também criticou o capitalismo. "A raiz da crise na Europa e EUA, em parte, tem a ver com uma mudança do sistema. O problema são os mercados que administram o sistema, precisamos ter a sociedade governando", disse.
"Ontem uma jovem disse 'tomara que não venhamos aqui para salvarmos nossa cara, mas sim nosso planeta'. Bom, o grupo dos 20 mais ricos no mundo se reuniu no México e 80% não vieram a esta conferência. Para eles não é importante e continuará sendo pouco importante enquanto não mudar essa relação de poder."

Corrêa, também pediu mais comprometimento com a sustentabilidade. “Temos que ir além para que possamos reduzir as emissões e preservar nosso capital natural”, disse. “É imprescindível uma mudança no que entendemos por desenvolvimento. O que nós buscamos: um modelo de consumo de um nova-iorquino? Assim vamos precisar de cinco planetas para dar conta do consumo. Temos mudar a noção de desenvolvimento.”

terça-feira, 19 de junho de 2012

RIO +20: Saída passa pela interação entre ciência e política

Thomas Lovejoy
Fonte:  O Globo

RIO — Para o biólogo americano Thomas Lovejoy, professor da George Manson University e uma das maiores autoridades em biodiversidade do mundo, o tema não está sendo tratado na Rio+20 como deveria. Nesta entrevista, ele diz que as perdas de recursos naturais são enormes e o debate em torno das soluções não está sendo travado na mesma escala, em parte, por culpa dos cientistas, que falharam na tarefa de botar na pauta do dia a preservação da biodiversidade.

Qual a sua expectativa em relação às discussões sobre a preservação da biodiversidade na Rio+20?
THOMAS LOVEJOY: O tema não está sendo tratado na escala que deveria. Para se ter uma ideia, se pensarmos em termos de reestruturação de ecossistemas em escala global temos de considerar pelo menos três milhões de sistemas vivos a serem recuperados. Ou seja, temos um problemão que não está sendo levado em conta como deveria.

Por quê?
LOVEJOY: Em parte porque os próprios cientistas falharam em provar que o tema teria de estar entre as prioridades dos tomadores de decisões. A ciência cumpre um papel importante com suas descobertas e previsões de cenários futuros, mas precisa ir além disso e passar a interagir com a política para criar soluções conjuntas para preservar as espécies e, consequentemente, garantir o bem-estar da Humanidade. Os cientistas, ou ficam restritos às suas áreas de conhecimento e não se comunicam entre si, ou se comunicam pouco diante da necessidade de soluções urgente das questões ambientais. Na Rio 92, o que parecia relevante para cientistas eram dados de quantidade de espécies, locais de ocorrência etc.

Hoje, qual a discussão que se impõe ao tratar do tema?
LOVEJOY: Os dados continuam sendo fundamentais. Não podemos trabalhar em soluções sem fazer os mapeamentos. Mas há um assunto que entrou na pauta recentemente, do qual pouco se fala, que é serviços ecossistêmicos. São os serviços que a Natureza oferece para o planeta, como, por exemplo, garantir matéria-prima para fabricação de um remédio. Precisamos quantificar esses serviços se quisermos ter a noção dos benefícios sociais da Natureza.

Este é o desafio para os pesquisadores daqui por diante?
LOVEJOY: Este é um dos desafios. Já avançamos muito, se tomarmos por base 1992. Hoje há mais áreas protegidas no planeta, temos o “Protocolo de Nagoya” assinado por várias nações em 2010, no Japão, que prevê, também, a redução de perdas de biodiversidade. Mas é preciso ir além disso. Os oceanos, por exemplo, ainda estão pouco protegidos. Além disso, teremos de saber lidar com a Natureza de modo a alimentar os 7 bilhões de habitantes do planeta sem destruir os ecossistemas. Esses são desafios também.

É possível fazer isso em um país como o Brasil, cuja economia está fortemente atrelada à monocultura do agronegócio, que é devastadora?
LOVEJOY: Sim, é possível. A produção agrícola em escala é importante, mesmo a baseada em monocultura. Mas deve ser parte de um mosaico de cultivos diferentes e não a base do sistema agrícola do país.

A proposta de uma economia verde defendida pelo Rascunho Zero, o documento oficial da Rio+20, poderá contribuir para preservar espécies?
LOVEJOY: Sim, pelo fato de propor um valor para a Natureza. Dessa forma, inclui os recursos naturais nas decisões econômicas. Isso é fundamental, pois poderemos provar economicamente, por exemplo, que manter um manguezal em pé ajudará a garantir o trabalho de pescadores de certo local porque preservará o ecossistema marinho. No Brasil, as classes C e D, que até bem pouco tempo não consumiam, agora têm acesso a bens e mercadorias.

Como garantir esse consumo sem devastar o meio ambiente?
LOVEJOY: Algum impacto empre terá quando populações que não consumiam ascendem à categoria de consumidores. Mas acho que é preciso estabelecer um limite para o consumo nos países. Além disso, é importante investir na eficiência. Essa é a palavra-chave quando se trata de preservação da biodiversidade. Eficiência energética, eficiência de materiais para produzir, aposta na reciclagem, enfim, otimizar os recursos para produzir mais com menos recursos naturais.

Como pioneiro em estudos na Amazônia, qual é a sua visão, hoje, sobre esse bioma?
LOVEJOY: Fico satisfeito com a redução dos índices de desmatamento. Mas não posso deixar de observar que, ao mesmo tempo que reduzem, há investimentos para construir hidrelétricas e rodovias que acabam devastando a região. Falta, ali, uma política integrada de geração de energia, infraestrutura, urbanização. Mas acho que ainda não há líderes regionais capazes de tocar esse projeto. Se houvesse, talvez essa proposta já teria sido levada adiante.

Recentemente, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) divulgou o Panorama Ambiental Global (GEO-5), que mostrou redução dos recifes de coral em 38% desde 1980, e que pelo menos 20% dos vertebrados estão ameaçados. O senhor viu esse relatório?
LOVEJOY: Não vi. Mas faço um comentário: os cientistas podem fazer descobertas, informar a sociedade o que descobriram, mas devem usar seus conhecimentos e métodos científicos para também agir, interferindo nas políticas e, assim, conter as perdas da biodiversidade. É essa tarefa que se impõe no momento para a comunidade científica.

Como sensibilizar a sociedade para lutar pela preservação da biodiversidade?
LOVEJOY: Criar legislação para fazendeiros que os obrigue a conservar as terras que ocupam e criar mecanismos de incentivos fiscais são bom começo.

O senhor acompanhou o debate sobre Código Florestal?
LOVEJOY: Acompanhei em alguns momentos e sei que o debate é bem complexo. Posso dizer que, com os vetos da presidente Dilma Rousseff, a legislação ficou um pouco melhor, especialmente sobre a proteção das matas ciliares.

Parêntese- Ordidja
O termo Biodiversidade teve origem em 1980, criado pelo norte-americano Thomas Lovejoy e desde 1986 essa nomenclatura tem sido usada no que se refere a diversidade da natureza viva. A biodiversidade é definida pela Convenção sobre a Diversidade Biológica como “a variabilidade entre os seres vivos de todas as origens, inter alia, a terrestre, a marinha e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos dos quais fazem parte: isso inclui a diversidade no interior das espécies, entre as espécies e entre espécies e ecossistemas” T. L.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Rio+20: Brasil não admitirá retrocessos em relação à Rio92, diz ministra

Fonte: Agência Brasil

BRASÍLIA - O Brasil não admitirá retrocessos no documento final da Rio+20 em relação ao que foi aprovado duas décadas atrás, na Rio92, disse nesta terça-feira (12) a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Ela participou, juntamente com o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, de entrevista à imprensa, no Riocentro, durante o intervalo da última reunião da Comissão Nacional para a Rio+20, para consolidar a posição brasileira antes dos encontros internacionais. A reunião também contou com a presença da ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.

“O princípio do não retrocesso foi uma sugestão da própria comissão, que solicitou que o Brasil enfatizasse isso como algo que viesse capeando [envolvendo] aquilo que é a nova Declaração do Rio de Janeiro. Isso foi discutido pelo Brasil no âmbito do G77 [bloco formado pelos países em desenvolvimento], na China, e ofereceu-se, com isso, uma contribuição para o processo formal de negociação da ONU [Organização das Nações Unidas]”, disse a ministra do Meio Ambiente. ela frisou que o princípio de não retrocesso significa não permitir que se reveja o que foi acordado em 1992. “Nós partimos do legado de 92 para frente”, completou.

A Comissão Nacional para a Rio+20 foi criada em junho do ano passado com objetivo de enfatizar o diálogo entre os diferentes níveis de governo e da sociedade civil, para articular os eixos da participação do país na conferência. Participam integrantes dos governos federal, estadual e municipal, dos Poderes Legislativo e Judiciário, dos meio acadêmico, empresarial e de trabalhadores, dos índios e de grupos tradicionais e de movimentos sociais.

Patriota demonstrou otimismo com os resultados da Rio+20 e destacou o grande número de participantes e de eventos, oficiais e paralelos, que já estão ocorrendo na cidade. “Esses eventos representam um marco em si mesmos, na medida em que estaremos reunindo um número significativo de representantes governamentais e da sociedade civil. Já começaram no Rio de Janeiro 54 eventos paralelos, temos 20 mil pessoas credenciadas para o Riocentro, quase 8 mil delegados já chegaram”, disse.
Segundo a ministra do Meio Ambiente, cerca de 3 mil eventos não oficiais e mais 500 oficiais estão previstos para ocorrerem nas próximas duas semanas.

Parlamento Europeu vai pedir "reposição imediata" da ordem constitucional

Mapa Mundi 1459

Fonte: Angola Press

Estrasburgo(França) - O Parlamento Europeu (PE) vai votar na quarta-feira uma resolução sobre a Guiné-Bissau, onde é pedida a "reposição imediata" da ordem constitucional e a conclusão do processo eleitoral interrompido pelo golpe de Estado de 12 de Abril.   No documento, a que a agência Lusa teve acesso e que deverá ser votado favoravelmente pelas diversas famílias políticas no PE, os euro - deputados pedem o "respeito absoluto pela integridade física de todos os funcionários públicos e outros cidadãos" sob alçada dos militares rebeldes.   A resolução conjunta exorta também a comunidade internacional a exercer "toda a influência necessária" e a fornecer todo o apoio para se chegar a uma "investigação completa" sobre o golpe de Estado e trazer os seus responsáveis à Justiça.  

A assembleia delibera na quarta-feira sobre a Guiné-Bissau sobre a situação de instabilidade no país depois de ter debatido o tema a 23 de Maio, na anterior sessão plenária, tendo na altura sido adiada a votação de uma posição formal do hemiciclo, o que acontecerá nesta sessão de Junho. Bruxelas, apontará o PE, deverá prosseguir a sua ajuda humanitária e o apoio dado ao país e à sua população, numa altura em que  a situação militar "instável e incapaz" na Guiné-Bissau potencia um outro perigo: o da intensificação do tráfico de drogas, canalizadas nomeadamente para o continente europeu. 

A resolução sobre a Guiné-Bissau vai ser votada ao mesmo tempo que serão adoptados textos sobre o conflito entre o Sudão e o Sudão do Sul e sobre a situação da República Democrática do Congo. A posição do Parlamento Europeu relativamente à Guiné-Bissau tem lugar numa altura em que a União Europeia já tem em curso sanções - proibição de viajar e congelamento de bens em território comunitário - contra aqueles que considera responsáveis pela situação de instabilidade no país, designadamente 21 membros do comando militar autor do golpe de Estado de 12 de Abril.  
O golpe de Estado na Guiné-Bissau ocorreu na véspera do início da segunda volta da campanha eleitoral para as eleições presidenciais.  O Primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior tinha ganhado a primeira volta e disputaria a segunda volta, a 22 de Abril, com Kumba Ialá.  

Carlos Gomes Júnior e o Presidente interino, Raimundo Pereira, estiveram detidos até 26 de Abril, quando foram levados para a Côte d'Ivoire e permanecem fora do país. Um governo de transição, negociado com a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), foi nomeado e deverá promover a realização de eleições no prazo de um ano. No entanto, as autoridades de transição -- lideradas pelo Presidente Serifo Nhamadjo e pelo Primeiro-ministro Rui Duarte de Barros - não são reconhecidas pela restante comunidade internacional, nomeadamente pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Ordidja-notando      
Vai ser hoje esta palhaçada. Os europeus à CPLP e Angola adoram o “governo” no exílio dourado. Vais-se lá saber por quê? São momentos destes que a ausência do euro-deputado Miguel Portas(falecido no mês passado) se faz sentir! Ele sim, tenho quase a certeza, que desmascararia todo o complexo de colonizador que Portugal ainda tem, muito embora a euro-deputada Ana Gomes(PS), tenha gritado o contrario, durante todo o dia de ontem, nas antenas da RDP-África.

Já agora, e desculpem o atrevimento: Porquê que o ex-PM ainda não foi a Angola?     

Morreu o ícone do boxe cubano, Teófilo Stevenson

Teófilo Stevenson(esq) Nelson Mandela e Fidel Castro

Três vezes campeão mundial e olímpico, pugilista sofreu enfarte em Havana

Fonte: Agencia EFE

O pugilista cubano Teófilo Stevenson, três vezes campeão mundial e olímpico de boxe, morreu nesta segunda-feira em Havana de enfarte, informou a imprensa oficial. Ele tinha 60 anos. Considerado um dos maiores boxeadores cubanos de todos os tempos, Stevenson se destacou como um ícone do boxe amador e também como árduo defensor do regime comunista implantado em Cuba por Fidel Castro.

Rápido com as pernas e dono de golpes poderosos, o peso pesado acabou se tornando um símbolo da Revolução Cubana devido à sua crença no comunismo e sua oposição aos EUA. Na década de 1970, já com diversas conquistas no currículo, ele se negou a enfrentar Muhammad Ali para não "se vender" aos milhões de dólares dos empresários americanos que o assediavam insistentemente para que a luta ocorresse.  A televisão estatal cubana ressaltou os "triunfos, simplicidade e patriotismo" de "Pirolo", como o pugilista era popularmente conhecido. "Além da glória conquistada sobre os ringues, sua morte deixa um vazio incalculável no seio do esporte revolucionário cubano", destacou a mídia oficial.

Nota Biográfica: Nascido em 29 de março de 1952 na cidade de Delicias, na província de Las Tunas, Stevenson ganhou todos os títulos da Associação Internacional de Boxe (Aiba). Foi campeão mundial dos pesos meio-pesados em 1969 e passou à categoria máxima um ano depois, para se proclamar campeão do Caribe. Os primeiros Jogos Pan-americanos dos quais participou foram os de Cali, em 1971, mas conseguiu seu primeiro ouro no evento continental na categoria peso pesado, nos Jogos do México de 1975. Tinha 25 anos quando se coroou pela primeira vez campeão olímpico em Munique 1972, assim como campeão mundial.
Desde então, não parou de acumular títulos que o transformaram no melhor pugilista da história: venceu as Olimpíadas de Montreal 1976 e Moscou 1980 e o Pan de San Juan 1979. Também foi tricampeão mundial ao faturar os títulos de Havana 1974, Belgrado 1978 e Reno 1986. Em sua brilhante trajetória, somam-se os títulos de bicampeão centro-americano e do Caribe em 1974 e 1982. Foi também seis vezes campeão dos centro-americanos de boxe entre 1970 e 1977.

Depois da conquista do mundial da cidade americana de Reno, em 1986, o grande campeão cubano decidiu pendurar as luvas. Despediu-se em julho de 1988 durante o torneio internacional de boxe Giraldo Córdova Cardín. Ao todo, registrou 301 vitórias nos 321 combates que lutou ao longo de 20 anos. Sofreu apenas 20 derrotas, duas deles para o pugilista soviético Igor Vysotsky.  Nos últimos anos, Stevenson ocupava o cargo de vice-presidente da Federação Cubana de Boxe e trabalhava na Comissão Nacional de Atendimento a Atletas Aposentados e na Ativa, do Instituto Nacional de Esportes e Educação Física (Inder, órgão oficial).


terça-feira, 12 de junho de 2012

RIO +20



Rio+20 tentará por de volta a salvação do planeta na agenda mundial

Fonte:VEJA

A cúpula das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável (Rio+20), que será realizada de 20 a 22 de junho no Rio de Janeiro, tentará reativar os debates e propor soluções diante da acelerada degradação do planeta, vinte anos depois da Cúpula da Terra, que fez soar o alerta. O presidente francês, François Hollande - um dos poucos chefes de Estado de potências ocidentais que confirmou sua presença -, advertiu, no entanto, para o risco de "fracasso", pedindo uma conscientização para que a questão ecológica volte a ser colocada na agenda, depois de ter ficado relegada a segundo plano pela crise econômico-financeira mundial.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) apresentará um relatório com constatações contundentes: aumento de emissões de gases causadores de efeito estufa, acúmulo de resíduos, diminuição rápida das reservas pesqueiras, ameaças à biodiversidade e falta de água potável para milhões de pessoas. Cento e trinta chefes de Estado e de governo estarão no Rio, assim como dezenas de milhares de membros de ONGs, industriais, militantes e representantes de povos indígenas.

Esta será a quarta cúpula de desenvolvimento sustentável da história, depois das de Estocolmo em 1972, do Rio de Janeiro em 1992 e de Johannesburgo em 2002. Os debates se concentrarão na "economia verde" - energias renováveis, separação de resíduos, construções produtoras de energia -, no reforço de instâncias mundiais de decisão e no eventual estabelecimento de "metas de desenvolvimento sustentável" mensuráveis e ambiciosas. "Um verdadeiro programa de resgate mundial", resumiu o encarregado de uma ONG. "Não há espaço para dúvida" nem para "a paralisia da indecisão", disse Achim Steiner, diretor-geral do Pnuma.

Mas a desconfiança impera. Nas negociações informais sobre o acordo que os participantes deverão assinar em 22 de junho, cada país e cada grupo de interesse defendeu suas posições com veemência. Ao encerrar a última rodada, em 2 de junho, os delegados só tinham alcançado acordos sobre 70 dos 329 pontos de discussão (21% do total). E a maioria versava sobre generalidades certamente consensuais. As divergências continuaram vivas, no entanto, sobre assuntos essenciais, como mudanças climáticas, oceanos, alimentação e agricultura, assim como na definição de metas, transferências de tecnologia e economia verde.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu na semana passada que os governos mostrassem mais flexibilidade, ao indicar que os problemas do futuro do planeta "devem se antepor aos interesses nacionais ou aos interesses de grupos". Para o diretor-geral da ONG de defesa do meio ambiente Fundo Mundial para a Natureza (World Wild Fund, em inglês), Jim Leape, "há dois cenários possíveis: um acordo tão limitado que careceria de sentido ou um fracasso total".

Muitos participantes lembram com nostalgia do entusiasmo gerado pela Cúpula da Terra de duas décadas atrás e que hoje parece difícil ressuscitar. "O mundo agora está centrado na crise econômica, na crise financeira, está preocupado com alguns conflitos, (como) o da Síria", afirmou o presidente francês na semana passada, na abertura de um fórum em Paris sobre meio ambiente.

Uma nova rodada de negociações será celebrada no Rio entre quarta e sexta-feira, mas as dificuldades são tantas que poderia prolongar-se até a inauguração da cúpula.
Nos dias anteriores à cúpula, entre 13 e 22 de junho, será realizada a Cúpula dos Povos, que espera reunir cerca de 20.000 participantes por dia no parque do Flamengo (zona sul), com a expectativa de conseguir com que a Rio+20 seja algo mais do que "um mero fantasma do passado".
"Vemos a Rio+20 sem esperanças, sem uma vontade política de mudar as coisas por parte dos países (participantes)", disse Bazileu Alves Margarido, da ONG Instituto Democracia e Desenvolvimento Sustentável.

sábado, 9 de junho de 2012

RIO+20 - porta-voz africano

Denis Sassou Nguesso - PR República do Congo
Fonte: Panapress
África está confrontada com seis desafios para promover o seu desenvolvimento sustentável, disse o presidente congolês, Denis Sassou N'Guesso, porta-voz de África à conferência Rio+20.

Brazzaville - África está confrontada com seis desafios para promover o seu desenvolvimento sustentável, indicou o Presidente congolês, Denis Sassou N'Guesso, porta-voz de África à próxima conferência do Rio+20, na abertura de uma conferência internacional dos jornalistas africanos sobre o ambiente, terça-feira em Brazzaville.

Segundo o chefe do Estado congolês, estes desafios são a ausência de financiamentos, os efeitos da mudança climática que inclui a desertificação, a perda da biodiversidade e a escassez crescente da água; a crise alimentar e energética; a urbanização rápida e não planificada; a crise financeira e conómica mundial; a agravação da pobreza e do desemprego, nomeadamente o desemprego dos jovens.

Todavia, o Presidente Sassou Nguesso disse que 20 anos após os compromissos assumidos no Rio de Janeiro, África pode congratular-se por ter registado progressos incentivadores tanto na via da visibilidade económica como na área da governação.

Para Denis Sassou N'Guesso, "a economia verde está ao alcance de África, com a condição de que a solidariedade internacional deixe o campo da retórica para se concretizar nos factos pois ela tem os seus trunfos, nomeadamente 40 porcento da diversidade biológica, 20 porcento das reservas florestais e mais da metade do potencial energético solar, hidráulico e eólicos do mundo".

O Presidente congolês saudou a iniciativa da Associação dos Jornalistas Africanos do Ambiente (ANEJ) de organizar em Brazzaville esta conferência a alguns dias da das Nações Unidas Unidas sobre o desenvolvimento sustentável, Rio+20, e por ocasião do Dia Mundial do ambiente celebrado a 5 de junho cada ano. A conferência de dois dias reuniu cerca de 50 jornalistas africanos e produziu uma "Declaração de Brazzaville" que será apresentada na conferência Rio+20.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Rio+20: Brasil transportará delegações da África e do Caribe

Fonte: Terra Brasil

O governo brasileiro utilizará seus aviões para transportar delegações de dez países do Caribe e da África que estarão na Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20, informaram fontes oficiais nesta quinta-feira.

Segundo um comunicado do Ministério da Defesa, os aviões da Força Aérea Brasileira a serviço do governo será usado para o transporte das delegações de Barbados, Granada, São Cristóvão e Neves, Antígua e Barbuda, Dominica, Libéria, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Malauí e Serra Leoa.

A chamada "Operação Rio+20" utilizará quatro aviões fabricados pela empresa brasileira Embraer, um do modelo 190 e outros três do tipo Legacy, precisou o comunicado. A Conferência Rio+20, que será realizada no Rio de Janeiro entre os dias 20 e 22 de junho, contará com a presença de delegações de pelo menos 176 países, sendo que a maioria estará representada por seus chefes de Estado e de governo.

Convocada 20 anos depois da Cúpula da Terra (Eco92), também realizada no Rio de Janeiro, essa atual conferência possui objetivo de promover um debate global sobre a necessidade de elaborar políticas de desenvolvimento menos agressivas para o meio ambiente.


Ordidja-notando

Muitos de certeza questionam o porquê(?) da Guiné-Bissau, sendo um país pobre e com menos recursos da maior parte dos países contemplados por esta benesse do Brasil, não constar como beneficiário deste voo.

A resposta é só uma: INCOMPETÊNCIA!

Quando se tem um “ponto focal” na preparação do RIO +20 que dorme, e adora remar contra a maré, inventando tudo para provar que nada mais sabe, senão, tentar obstruir iniciativas e criatividade no local de trabalho e, faz jus da teoria do “BOTA ABAIXO” contra pessoas que sabem trabalhar (com provas dadas) e que querem trabalhar a sério, dá nisso.

É popular esta expressão “camarão que dorme a onda leva” e neste caso de incompetência flagrante, está claro, e a carapuça encaixa-se bem!

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Momento em Poesia

A Educação pela pedra

Uma educação pela pedra: por lições;
para aprender da pedra, frequentá-la;
captar sua voz inenfática, impessoal
(pela de dicção ela começa as aulas).
A lição de moral, sua resistência fria
ao que flui e a fluir, a ser maleada;
a de poética, sua carnadura concreta;
a de economia, seu adensar-se compacta:
lições da pedra (de fora para dentro,
cartilha muda), para quem soletrá-la.

Outra educação pela pedra: no Sertão
(de dentro para fora, e pré-didática).
No Sertão a pedra não sabe lecionar,
e se lecionasse não ensinaria nada;
lá não se aprende a pedra: lá a pedra,
uma pedra de nascença , estranha a alma

João Cabral de Melo Neto

Rios sem discurso

Quando um rio corta, corta-se de vê
o discurso-rio de água que ele fazia;
cortado, a água se quebra em pedaços,
em poços de água, em água paralítica.
Em situação de poço, a água equivale
a uma palavra em situação dicionária:
isolada, estanque no poço dela mesma,
e porque assim estanque, estancada;
e mais: porque assim estancada, muda,
e muda porque com nenhuma comunica,
porque cortou-se a sintaxe desse rio,
fio de água por que ele discorria.

O curso de um rio, seu discurso-rio,
chega raramente a se reatar de vez;
um rio precisa de muito fio de água
para refazer o fio antigo que o fez.
Salvo a grandiloquência de uma cheia
lhe impondo interina outra linguagem,
um rio precisa de muita água em fios
para que todos os poços se enfrasem:
se reatando, de um para outro poço,
em frases curtas, então frase e frase,
até a sentença-rio do discurso único
em que se tem voz a seca ele combate.

João Cabral de Melo Neto


João Cabral de Mello Neto, nasceu em 9 de janeiro de 1920, Recife e faleceu em 9 de outubro de 1999, no Rio de Janeiro, foi um poeta e diplomata brasileiro. Sua obra poética, caracterizada pelo rigor estético, com poemas avessos a confessionalismos e marcados pelo uso de rimas toantes, inaugurou uma nova forma de fazer poesia no Brasil. Irmão do historiador Evaldo Cabral de Melo e primo do poeta Manuel Bandeira e do sociólogo Gilberto Freyre.

João Cabral foi amigo do pintor Juan Miró e do poeta Joan Brossa. Membro da Academia Pernambucana de Letras e da Academia Brasileira de Letras, foi agraciado com vários prêmios literários. Quando morreu, em 1999, especulava-se que era um forte candidato ao Prêmio Nobel de Literatura.