sexta-feira, 25 de maio de 2012

Dia de África

Nelson Mandela 

"Nosso maior medo não é sermos inadequados. Nosso maior medo é saber que nós somos poderosos, além do que podemos imaginar. É a nossa luz, não nossa escuridão, que mais nos assusta. Nós nos perguntamos: "Quem sou eu para ser brilhante, lindo, talentoso, fabuloso?"
Na verdade, quem é você para não ser? Você é um filho de DEUS.
Você, pensando pequeno, não ajuda o mundo. Não há nenhuma bondade em você se diminuir, recuar para que os outros não se sintam inseguros ao seu redor. Todos nós fomos feitos para brilhar, como as crianças brilham. Nós nascemos para manifestar a glória de Deus dentro de nós. Isso não ocorre somente em alguns de nós, mas em todos. Enquanto permitimos que nossa luz brilhe, nós, inconscientemente, damos permissão a outros para fazerem o mesmo.

Quando nós nos libertamos do nosso próprio medo, nossa presença automaticamente libertará outros".

“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender. E se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto. A bondade humana é uma chama que pode ser oculta, jamais extinta.”


Nelson Mandela 

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Do vencedor do Prêmio Camões deste ano

Uma Vela para Dario
Conto de Dalton Trevisan


Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo. Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de ataque.

Ele reclinou-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. O rapaz de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou feio e bolhas de espuma surgiram no canto da boca.

Cada pessoa que chegava erguia-se na ponta dos pés, embora não o pudesse ver. Os moradores da rua conversavam de uma porta à outra, as crianças foram despertadas e de pijama acudiram à janela. O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado. A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele estava morrendo. Um grupo o arrastou para o táxi da esquina. Já no carro a metade do corpo, protestou o motorista: quem pagaria a corrida? Concordaram chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado á parede - não tinha os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.

Alguém informou da farmácia na outra rua. Não carregaram Dario além da esquina; a farmácia no fim do quarteirão e, além do mais, muito pesado. Foi largado na porta de uma peixaria. Enxame de moscas lhe cobriu o rosto, sem que fizesse um gesto para espantá-las.  Ocupado o café próximo pelas pessoas que vieram apreciar o incidente e, agora, comendo e bebendo, gozavam as delicias da noite. Dario ficou torto como o deixaram, no degrau da peixaria, sem o relógio de pulso.

Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os papéis, retirados - com vários objetos - de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo do nome, idade; sinal de nascença. O endereço na carteira era de outra cidade. Registrou-se correria de mais de duzentos curiosos que, a essa hora, ocupavam toda a rua e as calçadas: era a polícia. O carro negro investiu a multidão. Várias pessoas tropeçaram no corpo de Dario, que foi pisoteado dezessete vezes.

O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde identificá-lo — os bolsos vazios. Restava a aliança de ouro na mão esquerda, que ele próprio quando vivo - só podia destacar umedecida com sabonete. Ficou decidido que o caso era com o rabecão.

A última boca repetiu — Ele morreu, ele morreu. A gente começou a se dispersar. Dario levara duas horas para morrer, ninguém acreditou que estivesse no fim. Agora, aos que podiam vê-lo, tinha todo o ar de um defunto.

Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as suas mãos no peito. Não pôde fechar os olhos nem a boca, onde a espuma tinha desaparecido. Apenas um homem morto e a multidão se espalhou, as mesas do café ficaram vazias. Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os cotovelos.

Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia morto há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva.

Fecharam-se uma a uma as janelas e, três horas depois, lá estava Dario à espera do rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó, e o dedo sem a aliança. A vela tinha queimado até a metade e apagou-se às primeiras gotas da chuva, que voltava a cair.


Texto extraído do livro "Vinte Contos Menores",  Editora Record – Rio de Janeiro, 1979, pág. 20.
Este texto faz parte dos 100 melhores contos brasileiros do século, seleção de Ítalo Moriconi para a Editora Objetiva.
Tudo sobre o autor em nossa página "Biografias".

Dalton Trevisan
(O Vampiro de Curitiba)


"O que não me contam, eu escuto atrás das portas. O que não sei,
adivinho e, com sorte, você adivinha sempre o que,
cedo ou tarde, acaba acontecendo."


" — Não vou responder às perguntas simplesmente porque não posso, é verdade; sou arredio, ai de mim!  Incurávelmente tímido (um pouco menos com as loiras oxigenadas!)." 

Já se escreveu e se comprovou que os demais vampiros não podem encarar, sem pânico, um crucifixo. Ou réstias de alho, água corrente cristalina... Dalton não pode ver um jornalista. Vendo, foge, literalmente foge, apavorado. Suas raras fotos surgidas na imprensa foram feitas às escondidas, como a que utilizamos para ilustrar esta página.
  
Nascido em 14 de junho de 1925, o curitibano Dalton Jérson Trevisan sempre foi enigmático. Antes de chegar ao grande público, quando ainda era estudante de Direito, costumava lançar seus contos em modestíssimos folhetos. Em 1945 estreou-se com um livro de qualidade incomum, Sonata ao Luar, e, no ano seguinte, publicou Sete Anos de Pastor. Dalton renega os dois. Declara não possuir um exemplar sequer dos livros e "felizmente já esqueci aquela barbaridade".

Entre 1946 e 1948, editou a revista Joaquim, "uma homenagem a todos os Joaquins do Brasil". A publicação tornou-se porta-voz de uma geração de escritores, críticos e poetas nacionais. Reunia ensaios assinados por Antonio Cândido, Mario de Andrade e Otto Maria Carpeaux e poemas até então inéditos, como O caso do vestido, de Carlos Drummond de Andrade. Além disso, trazia traduções originais de Joyce, Proust, Kafka, Sartre e Gide e era ilustrada por artistas como Poty, Di Cavalcanti e Heitor dos Prazeres.

Já nessa época, Trevisan era avesso a fotografias e jamais dava entrevistas. Em 1959, lançou o livro Novelas Nada Exemplares - que reunia uma produção de duas décadas e recebeu o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro - e conquistou o grande público. Acresce informar que o escritor, arisco, águia, esquivo, não foi buscar o prêmio, enviando representante. Escreveu, entre outros, Cemitério de elefantes, também ganhador do Jabuti e do Prêmio Fernando Chinaglia, da União Brasileira dos Escritores, Noites de Amor em Granada e Morte na praça, que recebeu o Prêmio Luís Cláudio de Sousa, do Pen Club do Brasil. Guerra conjugal, um de seus livros, foi transformado em filme em 1975. Suas obras foram traduzidas para diversos idiomas: espanhol, inglês, alemão, italiano, polonês e sueco.

Dedicando-se exclusivamente ao conto (só teve um romance publicado: "A Polaquinha"), Dalton Trevisan acabou se tornando o maior mestre brasileiro no gênero. Em 1996, recebeu o Prêmio Ministério da Cultura de Literatura pelo conjunto de sua obra. Mas Trevisan continua recusando a fama. Cria uma atmosfera de suspense em torno de seu nome que o transforma num enigmático personagem. Não cede o número do telefone, assina apenas "D. Trevis" e não recebe visitas — nem mesmo de artistas consagrados. Enclausura-se em casa de tal forma que mereceu o apelido de O Vampiro de Curitiba, título de um de seus livros.

"O "Nélsinho" dos contos originalíssimos e antológicos, é considerado desde  há muito "o maior contista moderno do Brasil por três quartos da melhor crítica atuante". Incorrigível arredio, há bem mais de 35 anos, com com um prestígio incomum nas maiores capitais do País. Trabalhador incansável, fidelíssimo ao conto, elabora até a exaustão e a economia mais absoluta, formiguinha, chuvinha renitente e criadeira, a ponto de chegar ao tamanho do haicai, Dalton Trevisan insiste ontem, hoje, em Curitiba e trabalhando sobre as gentes curitibanas ("curitibocas", vergasta-as com chibata impiedosa) e prossegue, com independência solene e temperamento singular, na construção e dissecação da supra-realidade de luas, crianças, amantes, velhos, cachorros e vampiros. E polaquinhas, deveras."

Em 2003, divide com Bernardo Carvalho o maior prêmio literário do país — o 1º Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira —  com o livro "Pico na Veia".
Livros Publicados:

- Abismo de Rosas
- Ah, É?
- A Faca No Coração
- A Guerra Conjugal
- A Polaquinha
- Arara Bêbada
- A Trombeta do Anjo Vingador
- Capitu Sou Eu
- Cemitério de Elefantes
- 111 Ais
- Chorinho Brejeiro
- Contos Eróticos
- Crimes de Paixão
- Desastres do Amor
- Dinorá - Novos Mistérios
- 234
- Em Busca de Curitiba Perdida
- Essas Malditas Mulheres
- Gente Em Conflito (com Antônio de Alcântara Machado)
- Lincha Tarado
- Meu Querido Assassino
- Morte na Praça
- Mistérios de Curitiba
- Noites de Amor em Granada
- Novelas nada Exemplares
- 99 Corruíras Nanicas
- O Grande Deflorador
- O Pássaro de Cinco Asas
- O Rei da Terra
- O Vampiro de Curitiba
- Pão e Sangue
- Pico na veia
- Primeiro Livro de Contos
- Quem tem medo de vampiro?
- 77Ais
- Vinte Contos Menores
- Virgem Louca, Loucos Beijos
- Vozes do Retrato - Quinze Histórias de Mentiras e Verdades
- Macho não ganha flor
(Todos os livros publicados pela Editora Record - Rio de Janeiro, exceto "Vozes do Retrato - Quinze Histórias de Mentiras e Verdades" e "Quem tem medo de vampiro?", publicados pela Editora Ática - São Paulo, "77 Ais", impresso pelo autor em papel jornal; "O Grande Deflorador" , "99 Curuíras Nanicas" e "111 Ais", L&PM - Porto Alegre).
Livros renegados pelo autor:

- Sonata ao Luar
- Sete Anos de Pastor
(Primeiros livros publicados, que o autor renega. Editores desconhecidos).
No Exterior:

- Novela Nada Ejemplares - trad. Juan Garcia Gayo, Monte Avila - Caracas

- The Vampire of Curitiba and Others Stories - trad. Gregory Rabassa, Alfred A. Knopf, Nova Iorque

- De Koning Der Aarde (O Rei da Terra) - trad. August Willemsen, Amsterdam

- El Vampiro de Curitiba - trad. Haydée M.J.Barroso, Ed.Sudamericana - Buenos Aires

- De Vijfvleugelige Voguel (O Pássaro de Cinco Asas) - trad. A. Willemsen, Amsterdam
Antologias:
- Contos em antologias alemãs (1967 e 1968), argentinas (1972 e 1978), americanas (1976 e 1977), polonesas (1976 e 1977), sueca (1963), venezuelana (1969), dinamarquesa (1972) e portuguesa (1972).
Filmes:
- A Guerra Conjugal - histórias e diálogos do autor, roteiro e direção de Joaquim Pedro de Andrade, 1975.


Informações obtidas junto à página da Editora Record e artigos publicados pelo jornal "O Estado de São Paulo", de autoria de José Paulo Paes e João Antônio, em 20/07/96.

Devemos ser do povo e pelo povo

Samba Bari
Por: Samba Bari*


Eu ate gostava de aparecer neste espaço com outras reflecções e com temas diferentes das de realidades politicas e muito menos das de crise. Só que, infelizmente, a preocupação com a minha pátria não liberta a minha memória para fluir em  outras inspirações.

De momento, dia pós dia, sentamos compartilhando as nossas vidas, nossos sonhos, nossos medos e também dos nossos erros.
Como é da realidade natural, acho que temos boa maturidade para compreender que partir do momento que o ser humano criou as hierarquias organizadas em cada república. Os métodos prementes que guiou os relacionamentos políticos e estatais, foram e são sempre de interesses permanentes.

Dai a importância de cada um de nós ter uma contenção em termos de pronunciamento e exposição. Porque as vezes as emoções repentinas do sentimento, leva-nos na perda de consciência de acreditar na realidade revertível... De acatar o facto consumado com calma e ponderação, para poder transforma-lo em norma desejada sem perda de muito tempo.

É verdade que todos nós ainda podemos estar com stresse e revoltados... Mas devemos expandir a nossa visão, aguçar o nosso pensamento, intensificar a nossa calma e atenção, para percebermos que nesse preciso momento histórico em que estamos, é mesmo impossível voltarmos na nossa conjuntura politica imediata que vivíamos até dia 11 de Abril de 2012.

Já agora, estamos confinados com um envolvimento situacional que exige de todos nós... Ou seja, uma serenidade de assegurarmos o momento politica transitório que temos de atravessar, de formas a que possamos acompanha-lo sem mais drama e complicação. Sob pena de vermos a necessidade de dilatar esse tempo de 12 meses, devido ao insuficiente preparo possível, resultante da nossa falta de conformismo e de aceitar a realidade desse grande presente que somos obrigados a enfrentar.

Nesse imbróglio confuso que estamos metidos, somos os únicos responsáveis das dificuldade que estamos a passar, e com certeza seremos os únicos responsáveis para inspirar a nossa livre vontade de superar o momento com êxito e eficácia.

Todo o grosso restante interveniente do processo não passa de um estranho no meio de uma família a usar o bel-prazer do seu interesse por onde estamos simplesmente a ser vítimas de aproveitamento. Se não vejamos:
Senegal vive sempre ressentido da questão Casamança e aspeto da rivalidade de vizinhança para jogar a cartada de pouco interesse da nossa vida em tranquilidade.

Burkina Faso, vai ponderando os seus momentos de consistência na região, para sobreviver com as vantagens de confiança que está a ser dado.

Gambia, pode ser um que ofereceu vontade para ser ouvido, mas com interlocutor stressado, ou sem dom de mediação. De formas que aproveita dessa crise para limar as suas amizades.


Angola, preocupado com alguns milhões já investidos, motivados de grandes esperança e de alguns ganhos. Vive da inquietude em ver o desmoronar dos seus alicerces de consistência, sem ter ainda assegurado nenhum retorno. Daí os motivos de tanto stresse... Sem mãos a medir, nem consequência dos meios para atingir uma resolução a seu favor, seja como for.
E ainda no projeto para implementar a sua hegemonia regional, e de assegurar permanência da MISSANG para não sair humilhado. Fez desta crise a sua vida e morte.


Costa do Marfim, o presidente Alassane Ouattara (atual presidente em exercício da CEDEAO) ainda não esqueceu do apoio inequívoco do presidente Eduardo dos Santos ao Laurent Gbagbo, até a última hora, contra a sua legitima escolha para o exercício da presidência da republica... Ganhou oportunidade nesta crise, uma forquilha diplomática para manifestar o seu desagrado e jogar contra a vontade Angolana

Nigéria, nunca ia desprezar esta oportunidade de se mover contra qualquer pretensão da diplomacia Angolana, para neutralizar a sua vontade de se erguer numa potência regional.

Enquanto Cabo-Verde está como quem observa calado, para depois reagir só com o que vai ao encontro da comunidade internacional. Com a formação do governo e a sua imediata entrada em vigor, evidenciou a certeza de um adeus ao antigo regime… Pelo que, vamos diminuir as reclamações e de perder mais tempos em tentar o impossível. Ou de estagnar a nossa caminhada em divergir entre elogios e acusações. Ou seja, entre os que defendem um Cadogo de grande gestor, modesto em coisa publica, trabalhador incansável para o bem do povo e aponta os seus exemplos, e outros que olham no Cadogo um ditador, um perseguidor, um divisionista, um carrasco em neutralizações físicas e também aponta os seus exemplos...

Alias situação constatada que nunca nos pode dar poderes autónomos para direcionar num rumo certo, e de dar volta a nossa errada mentalidade de arrogância e de sobressaltos.

Portanto, antes de culparmos a “solução CEDEAO”, é preciso culpar mil vezes os nossos procedimentos de tanto causar preocupação ao mundo e a nossa falta de capacidade e vontade de entendimento para ultrapassar os nossos desentendimentos.

Nesta base, o melhor que temos a fazer, é mentalizar que neste mundo nunca existiu e nem existirá nenhum homem insubstituível... E pegar neste imenso presente que temos, com árduo esforço para reorganizar o país e entregar o tempo e o futuro, a justiça dos factos consumados.

Porque na vida, o sucesso não está simplesmente no poder de celebrar a vitoria, mas também em saber levantar orgulhoso e com rapidez, em cada queda no meio do nosso percurso.

Na minha opinião, acho muito erado o incentivo a desobediência civil ou a recusa de acatar com as orientações hierárquicas na nossa função pública.
Muitas crises políticas passaram, todos com custos de vida humana… E essa foi uma exceção, ainda melhor que muitos momentos de paz que designamos de incidentes.

Uma guerra, não deve ser solucionada com outra guerra... Pois quem sofre é a República da Guiné-Bissau e o seu povo... Vamos lutar para o florescimento do país para cada vez mais orgulharmos de sermos Guineenses... Perceber que a subsequência das nossas crises, resulta das impunidades e na má gestão dos problemas anteriores. Não de apostar em armas, na invasão militar ou no incentivo ao povo para vaiar as instituições da República seja quais forem.

Meus irmãos e caros compatriotas

Devemos ser do povo e pelo povo... Ser de uma justiça coerente para uma estabilidade consistente... Fazer de urgente a travessia transitória e chegar as novas instituições legais para dignar a república... Nunca aceitemos fazer parte de quem deseja mal para o país, nem de gozar com essa república que nos viu nascer... Já que graças a ela, somos identificados de naturalidade e nacionalidade.
* Licenciado em Relações Internacionais pela Universidade Lusídas de Lisboa 

terça-feira, 22 de maio de 2012

Semana africana, Brasília

Cartaz 

Convite
Prezados amigos, cinéfilos e apreciadores da cultura africana

Temos o prazer de convidá-los para a Mostra de cinema "Diálogos Africanos", que acontecerá de 15 a 20 de maio de 2012, no Centro Cultural Banco do Brasil, tendo reprise no Instituto Cultural Cervantes, de 23 a 27 de maio. A entrada é franca.

Ordidja-notando

Por estas e por outras é que gosto dos reprises... 


quarta-feira, 16 de maio de 2012

Rui Duarte de Barros Será o Próximo Primeiro-Ministro

Rui Barros
Fonte: GBissau.com

GBissau.comapurou há minutos junto a uma fonte oficial guineense que Rui Duarte de Barros será o primeiro-ministro do governo de transição na Guiné-Bissau. O anúncio será feito ainda esta tarde em Bissau, depois de assinatura de um “memorando político” entre mais de duas dezenas de partidos políticos na oposição.

O mesmo “memorando” irá ditar as regras de funcionamento do governo a ser liderado por Rui Duarte de Barros, um militante do partido PRS de Kumba Ialá. Rui Duarte de Barros era até aqui o Comissário da UEMOA responsável pelo Departamento dos Assuntos Administrativos e Financeiros desta organização oeste africana, funções assumidas desde o ano de 2006. Antes, Rui de Barros era o comissário encarregue pelo Departamento de Desenvolvimento Social e Cultural, em substituição de Pedro Godinho Gomes, cargo que ele deixou em 2008.

Durante as suas funções no seio da UEMOA, Rui de Barros recebeu em Ouagadougou, o grau de oficial da Ordem Internacional das Palmas Académicas (OIPA), atribuída pelo Conselho Africano e Malgaxe para o Ensino Superior (CAMES). Esta organização agrupa 18 países, entre os quais a Guiné-Bissau, com sede na capital do Burkina-Faso. Foi a 25 de Março de 2011.
No governo de Alamara Nhassé (Dezembro de 2001), Rui de Barros era o Ministro do Emprego e da Função Pública. E durante o ano de 2002, Rui de Barros exerceu as funções do Ministro da Economia e das Finanças.

O PAIGC não fez parte na escolha de Rui de Barros, apesar de ter sido o partido mais votado nas últimas eleições legislativas, um mandato que, no entanto, termina no mês de Novembro.
Tinha-se falado de quatro propostas para ocupar o cargo do primeiro-ministro, incluindo os nomes de Paulo Gomes, Faustino Imbali e de Malam Sambú. Tudo indicava que Paulo Gomes era a escolha inicial, mas acredita-se que tenha havido uma forte rejeição por parte do PRS.

Ordidja-notando

Não tendo sido nenhum dos nomes avançado pela Ordidja, e segundo uma fonte bem colocada, Rui Barros foi o escolhido para ser o próximo chefe do executivo guineense. 

BOA SORTE GUINÉ-BISSAU

terça-feira, 15 de maio de 2012

Pensa no que...

PR Manuel Serifo Namajo 


Antes de ter a maior notícia do dia permitam algumas interrogações. Será hoje? Aquele novo dia que tanto se aguarda? À Guiné-Bissau, ganha se isso acontecer. A ansiedade para se fazer cumprir o primeiro decreto presidencial, é muita. Quando será comunicado com aquela máxima final “publique-se”. Os guineenses e o mundo aguardam pela entrada ao palco, do novo chefe do executivo que, durante um ano irá governar o país.  Depois de escutar ou ler as metas apresentadas, vou dar o habitual benefício da dúvida. Embora alguns pontos já se conhecem, partilho alguma preocupação como boa parte dos guineenses.

Ação central será, preparar às próximas eleições presidências e legislativas? Isso quer dizer que  ganhará em 2013, aquele que for de forma, JUSTA, TRANSPARENTE e VERDADEIRAMENTE escolhido com mais votos, entre os guineenses de fora e dentro do país? Se isso acontecer, e quero acreditar que aconteça, aceito, esta solução. Haverá solução mais honesta do que esta?

O PR não é militar, e o poder estará nas mãos de um civil, embora eleito para ser deputado do Povo. Ok aceito.  E a proveniência (?)  é de uma  parte fragmentada do P.A.I.G.C, e sabe-se que é elemento da estrutura partidária, que ganhou as legislativas em 2009.

Vai-se criar um novo Governo de... ainda não sei o nome. Depois vêm as denominações e os predicados. Perante a resistência sem beira, nem eira, da outra parte (derrotada como já se previa) do P.A.I.G.C.A minha opinião neste momento é esta: Que fassam  anarquia pelos corredores da sede do partido dos camaradas, mas não baguncem o país. Aceitem, esta solução!

Para dar suporte à ação presidencial, vai ser preciso medidas cabíveis, mostrando a realidade palpável. Creio que todos têm noção que já se porfiou bastante. E outros tantos ainda estarão dispostos a porfiar. Que seja!  Muitos já analisaram, refletiram e pensaram sobre os antecedentes de 12 de abril. Bacana! O saldo desta paralisação, ainda vai obrigar muitos escrevinhadores, teclar impressões. Ótimo! Sequelas desta rotura que dividiu-nos tentando nos separar, e espero que não nos quebrou o suficiente, para pensarmos e escolhermos, à Guiné como prioridade máxima. E este período como o início de uma nova caminhada da Guiné para o Amanha.

Pensar na Guiné obriga-nos avançar, por isso aceito esta solução. E, sobretudo se isso ajudar que o país volte à normalidade, que as instituições retomem as suas funções e que o Povo deixe de ser torturado física e psicologicamente. Já nada pode empenar os próximos atos, porque é à força da razão e do presente. Entoo um novo poder na Guiné-Bissau. Escute-o!  Muito trabalho e sacrifícios são precisos para retomar o curso da existência do Estado. Isso é básico e obvio, oh nativo. Estou a ver que é preciso uma boa e forte dose de UNIÃO, nessa tola.

O TEMPO ditou as regras.  

Se em 2010, precisamente no primeiro dia do mês abril, ações bisaras usurparam o quotidiano guineense, ultrapassando a mentira que se celebra mundialmente nesse dia. Dois anos depois, a força da razão, imperou e fechou o ciclo de uma década, do empresário-político e, ex-PM Carlos Gomes Jr. Essa é a grande verdade, combatida por uns tantos que ainda acreditam em falsas ilusões! É uma falsa ilusão o que alguns ainda estão a tentar vender. Caiam na real, não houve maioria absoluta (primeira falsa ilusão), não houve segunda (falsa ilusão) volta para às presidências e, meu caro, esta decisão rapidamente apelidada da CEDEAO, a meu ver, está tomada. E incoerência é não aceitar que o presidente da República e o PM sejam guineenses e não nigeriano tampouco angolano.

2002/2012, o que desejaria saber @ leit@r? Quem crê em consciência, sabe que cometeria uma quase injustiça ou quase impiedade, se tivesse que refletir sobre esse período. Talvez haja tempo para isso um dia. Por agora não gostaria de olhar para o passado, opto pela arte suprema de engolir desfeitas e disfarçar desaires e enfrentar o futuro.

Basta de adrenalina e alta tensão desde o dia 12 de abril. Eu cá, já respirei fundo e, quero soltar aquela sensação do perigo e incerteza. “Trabalhem” alertou-nos o americano, que como todos sabem, manda no MUNDO, e gostamos de (re)citar aquela passagem do discurso do PR Kennedy! Pensa no que...

sábado, 12 de maio de 2012

Próximo Primeiro-Ministro

Paulo Gomes e Martinho Dafa Cabi
Um deles, será o próximo primeiro-ministro de transição na Guiné-Bissau. 

Habemus Presidente

Manuel Serifo Namajo(Centro)
PRESIDENTE DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU

quinta-feira, 10 de maio de 2012

CONTINUAMOS NA ROTINA DE INCERTEZA

Samba Bari

Por: Samba Bari*
Desde a nascença sempre ouvimos dizer que na vida é, de pouco a pouco... Não há qualquer necessidade de alguém dar saltos que não consegue controlar. Pelo que vale a pena caminhar de passo a passo, na base de honestidade e transparência, para descobrir o sabor da verdade e refletir nos dias que escaparam, transformados em anos de puro desperdício.
Abriu-se uma ferida antiga hoje vivida numa crise político-militar, cujas formas de ultrapassa-la está a tornar-se num calcanhar de Aquiles. E conforme o tempo passa, há quem tira proveitos dessa crise, enquanto o futuro de toda a nação está alienada. Ora, a divergência, o conflito, a crise ou a controvérsia, é inseparável do homem em sociedade. Aliás é resultado da tendência inata do ser humano, quando muitas vezes tenta colocar seu interesse acima do interesse alheio.

O egoísmo é um fator de constatação frequente nas relações sociais. E muitas vezes justificada pelos direitos que ambos julgam ter em relação ao mesmo fato, o que conduz a choque das ideias, acabando por dar lugar a uma crise.
Pelo sim ou pelo não, certo é que já estamos mais uma vez mergulhado numa crise de proporção muito elevado, onde somos obrigados a ter saída pautando pelas vias inevitáveis de resolver qualquer desentendimento: ou as partes se entendem, resolvendo o conflito por concessões recíprocas, ou então procuram o Judiciário (mediador nesse caso) que dará uma decisão compulsória e definitiva.

Mas num país como nosso, tao pobre e muito dependente, nunca nos deve interessar ativação de nenhum mecanismo conducente a uma decisão compulsória, que dita uma divisão das partes em conflito, e deixar em solta o ambiente de convivência desagradável. Pela simples razão de sermos um país muito vulnerável em sobressaltos, derrubes do poder e de matanças com muita normalidade. Por isso é sempre salutar a tentativa de solução conciliatória e de acordos que satisfaçam o bem-estar da Republica, ainda que salvaguarde poupando a vida dos homens e das mulheres dessa nação tao fustigada.

Pode ser incompreensível por muitos, devido a violenta forma usada para alterar o rumo dos acontecimentos. Só que, a recente minicimeira do Senegal veio subentendidamente nos mostrar que, um conflito que envolve pelo menos duas partes, não podemos afirmar categoricamente que uma parte tem toda a razão e a outra parte totalmente errada. Alias, a longa história da Guine também nos ensinou, que os homens têm muita dificuldade de se lidar com as diferenças. E infelizmente quando elas são manifestadas intensamente, os meios que usamos para afastar as oposições de ideias, foram sempre de eliminações físicas.

Assim sendo, torna mais complicado quando a origem da crise não diz respeito só a questões pessoais, mas sim uns ressentimentos que envolve uma classe. Dai, a busca do consenso é indispensável do qual não se pode obter sem uma negociação com a parte revoltosa desde que haja vontade dessa última. Foi o que as diplomacias Angolana e Portuguesa não fizeram, e a CPLP juntou-se na mesma aventura, viajando para as instâncias mais superiores em vez de primeiro reunir a família antes de fechar a porta.

Resultado; viram-se afastados da bailada, porque o conselho superior das nações unidas remeteu o poder de dissipar a verdade da mentira, para uma comunidade regional, ou seja CEDEAO. Agora, deduzo, muitos devem estar com resignação e de lidar mal com a resolução proferida.

O acordo alcançado na minicimeira de Dakar, se o prevalecente, é porque verificou-se uma satisfação de parte a parte. Ou seja, se a CEDEAO conseguiu libertar Raimundo Pereira e Carlos Gomes Júnior; conseguiu o aval de colocar uma força militar multinacional e reduzir o período de transição... O comando militar por seu lado, conseguiu deitar a baixo o governo; conseguiu anular o processo eleitoral em curso e conseguiu impor um governo de transição embora desta vez por apenas um ano.

Ficando a quem das espectativas as aspirações de Angola e toda a sua compassa que fartou-se de implorar sem sucesso, ao Conselho de segurança para mandar uma forca multinacional para Guine, onde a MISSANG pudesse continuar mudando simplesmente de nome e objetivo, em detrimento de ver a afirmação da sua capacidade e hegemonia regional a afluir.
E o grande penalizado mais uma vez, é o povo que vê o seu sacrifício relegado para um futuro incerto. O ano escolar praticamente em vias de ser nulo. O insuficiente salario mensal que vinha aos bolsos dos funcionários aos 25 dias de cada mês, já vai em atraso para um tempo imprevisível. A castanha de caju, que é a base de sustentabilidade familiar, já está a ser uma campanha de desilusão com a queda de procura e consequente baixa de preço. Sem falar dos géneros da primeira necessidade que está a escassear a cada dia

Só que, pela crise que se instalou e as maneiras para sair dela, reserva-nos momentos que poderá não ser fácil para o país. Ou seja, se levarmos em conta o cumprimento de acordo de investigação e respetiva condução a barra de justiça a todos os implicados na rasada de assassinatos ocorridos ao menos até nesta ultima governação agora interrompida. Conforme a proposta do comando militar e aceite pelo CDEAO.

Certamente, a agitação político-social e militar decorrente da movimentação desses processos, vai dar uma consequência turbulenta que tomara muito tempo a este futuro momento transitório. E o período de 12 meses será mais uma paragem completa ao processo de desenvolvimento em detrimento de lavagem de roupa suja com muita nódoa. Porque, certamente, grande mistério deve andar em segredo, e certamente que muitos ainda virão. Devidas as ocorrências tristes do passado, cujas manobras e desinteresse conseguiu recalcar e esconder com sucesso a descoberta da verdade. Agora, pela razão de justiça, abrir esses capítulos ocultos, os espaços fechados ou liberar os fantasmas do passado... Não tenhamos dúvidas que isso trará o grande handicap aos nossos propósitos.

Contudo, é muito importante a tomada de posição firme para acabar com essa barbaridade de tirar vida de pessoas sem dor nem piedade num país tao pequeno e pobre. Pela simples confiança de a Guiné-Bissau é uma república de justiça morta ou “apoderada”.
Porque só assim, se poderá dar uma nova educação aos futuros responsáveis, e criar neles uma consciência de que afinal, o governar também significa ser o responsável de proteção de vida das pessoas.

Ao nascer essa consciência, julgo que a velha identidade será perdida, para dar lugar ao semeio de uma cultura totalmente nova. Ou mesmo que não seja na verdade uma identidade, mas então será uma nova visão, uma nova perspetiva e uma outra maneira de ver as coisas.

Nós temos que começar a manter fiel com o que dissemos ser a nossa república e o nosso povo... Porque afinal, já temos experiências de que, mesmo que alguém possa ser bem-sucedido em manobrar com práticas ocultas e depois espalhar as mentiras como verdade. Mas a justiça do tempo acabara por sentenciar a logica dos factos, e demonstrar a realidade do que aconteceu. Seja como for, hoje, estamos confinados com essa resolução da CEDEAO que seremos obrigados, perseguidos e controlados para cumprir... E que vamos cumprir se quisermos livrar dos castigos e das penalizações internacionais.

Para isso, temos que antes de mais, suprimir aquele aspeto que se caracteriza de selvagem dentro de nós. Acabar com o rancor, a ambição pessoal, inveja e tudo o que a sociedade condena, mediante uma judicatura consistente e responsável. Assim será fácil dizermos "Nós" outra vez, sem alguma dor por detrás... Usaremos a palavra "Nós" porque ela é útil para nos identificar, não porque ela está carregada de hipocrisia e recheada com sentimentos de ódio ou de vingança.

*Licenciado em Relações Internacionais pela Universidade Lusíada de Lisboa

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Golpe na Guiné custa milhões de euros a Portugal

Navios de Guerra português
Fonte: Expresso

Mais de 500 militares, quatro navios e dois aviões. Foi este o contingente destacado durante mais de três semanas pelo Ministério da Defesa para evacuar portugueses da Guiné-Bissau, se fosse necessário.

Os quatro navios da Marinha e o avião P3-Orion da Força Aérea enviados para a Guiné-Bissau em abril, e que deverão regressar a Lisboa até ao final da semana, custaram ao Estado português mais de dois milhões de euros, estimou o Expresso com base em informação recolhida junto de fontes militares. Só os mais de 500 militares que integram a componente naval da Força de Reação Imediata (FRI), que zarpou do Alfeite a 15 e 18 de abril, custam diariamente 14 mil euros em subsídios de embarque e mais 2700 euros em alimentação.

A missão, que tinha como principal objetivo resgatar portugueses radicados na Guiné-Bissau, na sequência do Golpe de Estado de 12 de abril, durou 25 dias, isto é, 417.500 euros em subsídios de embarque e alimentação. Mas ainda há que somar o custo com combustível. A navegar à velocidade de cruzeiro, as fragatas "Vasco da Gama" e "Bartolomeu Dias", bem como a corveta "Baptista de Andrade" e o navio reabastecedor "Berrio", custam 310 mil euros por dia.

Os custos com combustível descem consideravelmente consoante os navios se encontrem fundeados (40 mil euros por dia) ou atracados (21 mil euros por dia). Note-se que, mesmo amarrados ao cais, as unidades geradoras que fornecem energia ao navio, não podem ser desligadas. Com base nestes números e sabendo que, consoante a condições meteorológicas, é preciso contar com quatro a cinco dias de mar entre a Base Naval de Lisboa e as costas da Guiné, é possível estimar a viagem dos quatro navios, de Lisboa à Guiné-Bissau e volta, em mais de um milhão de euros.

O Expresso tentou saber mais detalhes sobre o dia-a-dia da frota da Armada nos mares do sul junto do Gabinete do Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, responsável pela FRI, mas tal informação foi recusada. Assim sendo, o custo total da componente naval poderá oscilar entre 1,7 e 2,1 milhões de euros, conforme os navios estivessem durante os 17 dias de permanência nos mares do sul atracados em Cabo Verde ou fundeados ao largo da Guiné.

No entanto, o Expresso sabe que na sexta-feira, dia 4 de maio, a corveta "Baptista de Andrade", onde seguiam os fuzileiros, estava atracada ao final da tarde na Cidade da Praia, Cabo Verde, tendo a "Vasco da Gama" zarpado desse porto pela 13 horas locais (menos duas em Lisboa).

"As contas serão feitas no final"
Além dos quatro navios, a Força de Reação Imediata que o ministro da Defesa e os quatro chefes militares decidiram enviar para a Guiné, no dia seguinte ao Golpe de Estado, incluiu ainda um avião P3-Orion e um Hércules C-130. A fragata "Vasco da Gama“, onde seguiu o comandante da componente naval, o capitão-de-mar-e-guerra Salvado Figueiredo, a corveta "Baptista de Andrade“ e o navio reabastecedor "Berrio " zarparam do Alfeite no domingo, 15 de abril. Três dias depois, a 18 de abril, foi a vez da fragata "Bartolomeu Dias " seguir viagem por se ter entendido que o comandante da FRI, o também capitão-de-mar-e-guerra, Novo Palma, deveria acompanhar a missão in loco. O P3-Orion descolou de Beja, dia 16, rumo ao Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, na Ilha do Sal, Cabo Verde. Nesse mesmo dia descolou do Montijo um Hercules C-130, com diverso equipamento de apoio e os membros da manutenção, tendo a aeronave regressado de imediato a Portugal.

A hora de voo do P3 rondará os sete mil euros e a Base Aérea n.º 11, em Beja, está a cerca de três horas de voo da Ilha do Sal. Ida e volta o voo fica em 42 mil euros aos quais ainda será preciso somar os custos de alojamento da tripulação e pessoal de manutenção. Desde 19 de abril que as fronteiras aéreas e terrestres da Guiné-Bissau estão abertas. A TAP realizou o primeiro voo para Bissau no dia 23 de abril.

O Expresso procurou saber junto do Ministério da Defesa quanto custava diariamente a Força de Intervenção Rápida destacada para a Guiné, mas fonte oficial do gabinete de Aguiar Branco, citando o próprio ministro, limitou-se a dizer que "há um momento para agir e outro para fazer as contas" e que "as contas serão feitas no final". Os valores referidos pecam seguramente por defeito visto que não estão contabilizados, entre outros itens, a viagem de ida e volta já realizada pelo C-130 e aquela que ainda terá de fazer para recolher o equipamento e os técnicos de manutenção do P3 destacados no Sal. Também não foi possível apurar o número de horas de voo realizadas pelo P3-Orion durante esta missão.
Submarino

Ordidja-notando

Com um país em crise, num estado de quase bancarrota, com medidas de autoridade a suprimir abonos das crianças, redução na aposentadoria dos idosos, cortes drásticos nas subvenções dos medicamentos, cortes salariais, cortes nos subsídios de desemprego e férias, corte no décimo terceiro mês etc, etc, dar-se ao luxo de gastar milhões numa operação patética é condenável.

Espero que o Povo português acorde e, exija demissão dos responsáveis por esta estapafúrdia missão que só prejuízo causou. Espero, sobretudo, que sejam exigidas explicações ao “Senhor da Guerra” o MNE Paulo Portas!!! Com muita pena nesta missão não utilizaram os submaniros velhos que o Portas comprou, num negócio que todos sabem que foi corrupto e lastimável!!!

E permitam leitores que discorde totalmente com o lead deste artigo do Jornal Expresso. Porque não foi o Golpe na Guiné que custou milhões de euros a Portugal, mas sim a precipitação do governo da direita e decisões políticas imbecis. Isso sim foi à razão do prejuízo aos cofres do Estado português. Que poderia ser maior se utilizassem os submarinos! Estupidez tem limites e normalmente paga-se caro!!!  

Palmares lança projeto de Antologia Literária dos países da CPLP

No dia 5 de maio, data em que foi comemorado o Dia da Língua Portuguesa e da Cultura da  CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a Fundação Cultural Palmares (FCP), em parceria com as Embaixadas dos países pertencentes à CPLP, a Fundação Cultural Palmares apresentou o projeto de publicação ‘Antologia Literária dos Países de Língua Portuguesa’. 

A Antologia, reunirá textos em verso e prosa de quatro autores de cada  país da CPLP (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e Timor-Leste), tem como objetivo a valorização cultural e o resgate das culturas no campo da literatura de língua portuguesa manifestada por brasileiros, africanos, timorenses e portugueses. 

De acordo com o presidente da Fundação Cultural Palmares, Eloi Ferreira de Araujo, “ a Antologia será mais um traço de união entre os países de língua portuguesa”, destaca. O coordenador geral do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra (CNIRC) da FCP, Carlos Moura, explica que a publicação é muito importante porque o Português está na América do Sul, na África, na Ásia e é preciso que haja um maior intercâmbio, não só do ponto de vista do idioma, mas também para propiciar a participação dos povos de língua portuguesa no cenário internacional. 

domingo, 6 de maio de 2012

CPLP exige regresso imediato à ordem constitucional na Guiné-Bissau

George Chicoti e Paulo Portas - Quando o tuga fala...

Fonte: ANGOP

Lisboa (Do correspondente) – O Conselho de Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), exigiu hoje (sábado), em Lisboa, a reposição integral da ordem constitucional, abrangendo a restauração do funcionamento e da autoridade dos órgãos legítimos do poder, incluindo o presidente da República  interino e o primeiro-ministro depostos na Guiné-Bissau.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da CPLP, reunidos na IXª Sessão extraordinária, solicitaram ainda “a conclusão do processo eleitoral interrompido pelo golpe de Estado, cuja primeira volta foi considerada livre e transparente pela Comunidade Internacional”. Presidido pelo ministro angolano das Relações Exteriores, Georges Chikoti, o Conselho de Ministros daquele organismo lusófono reafirmou que “as únicas autoridades da Guiné-Bissau reconhecidas pela CPLP, são as que resultam da legitimidade constitucional e democrática”, e reiteram o seu “apoio incondicional à posição expressa pelo Governo legítimo da Guiné-Bissau, subsequente à  Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), realizada em Dakar, no dia 03 de Maio de 2012”.

Depois de expressarem a sua satisfação pelo fim da detenção do presidente da República interino, Raimundo Pereira, e do primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, entendem que “ambos deverão poder exercer a plenitude dos seus direitos civis e políticos na Guiné-Bissau”, assim como exigem a libertação dos demais  detidos no âmbito do golpe de Estado e o fim de restrições às liberdades individuais.

Sublinham também a importância da constituição urgente do “Grupo de Contacto para a Crise na Guiné-Bissau”, referido no Relatório do Secretário-Geral das Nações Unidas, de 30 de Abril, sobre a situação nesse país, sob a coordenação das Nações Unidas, com representantes da União Africana (UA), da CPLP e da CEDEAO, “tendo em vista o estabelecimento de uma parceria abrangente que possa contribuir para a pacificação e a estabilização duradoura da Guiné-Bissau”.

O Conselho de Ministro da CPLP, defende igualmente a necessidade pelo respeito “escrupuloso” das decisões das Nações Unidas, do Acto Constitutivo da UA, do Protocolo relativo à criação do Conselho de Paz e Segurança da UA e o Capítulo VIII da Carta Africana da Democracia, Eleições e Governação, quanto ao acesso ao poder por meios não constitucionais.

“Qualquer outra via constituiria um desafio à autoridade do Conselho de Segurança das Nações Unidas e uma flagrante violação do princípio de “tolerância zero” da UA e da CEDEAO, estabelecendo um perigoso precedente e com o qual a CPLP não se compromete”, afirmam os ministros da CPLP, apelando, de seguida, ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, para a imposição de sanções contra os militares e civis implicados no golpe de Estado, bem como manifestam apoio às medidas restritivas adoptadas pela União Europeia contra militares guineenses e às sanções previstas pela CEDEAO.

Além de reiterarem o seu apoio ao pedido do Governo legítimo da Guiné-Bissau, para a constituição de uma força de estabilização abrangente, mandatada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas e incluindo contingentes de membros da CEDEAO, da CPLP e da União Africana, os ministros da CPLP, realçam “a  necessidade imperiosa” de concretizar a reforma na defesa e segurança da Guiné-Bissau e de se combater “incondicionalmente” a impunidade e a ameaça do narcotráfico na África Ocidental.
Por fim, alertam a Comunidade Internacional “para a emergência de uma situação humanitária na Guiné-Bissau, nomeadamente com deslocados, refugiados, o risco de epidemias e para a necessidade de serem tomadas medidas em conformidade”.

 Ordidja-notando

CPLP fala só, e a sua fala tornou-se monocórdia! Sem qualquer puder decisório, em relação a assuntos políticos dos países que lhe compõem e com sinais evidentes de desespero, numa estratégia de fuga pra frente. Continuando nesta via à CPLP está cada vez mais com sintomas de uma organização sem rumo, traindo o espírito da sua criação.

É pena que no dia em que se celebra á Língua e Cultura da CPLP (5 de maio) a política tenha dominado o panorama, definitivamente, os sinais são de uma organização em desespero de causa, esfarrapada politicamente e lunática diplomaticamente.

Tenho quase certeza que não foram estes os propósitos, que galvanizaram os fundadores da CPLP quando criaram a organização. Nunca na pequeníssima estória da CPLP, se viu tamanha aberração e descontrole perante uma questão política. Ao reboque dos interesses angolanos à CPLP produz um comunicado parvo, sem nexo e ultrapassado em relação à Guiné-Bissau. É grave este papel triste da CPLP, enquanto lusófono me sinto envergonhado. Angola e Portugal não querem aceitar a retumbante derrota diplomática deferida pela Costa do Marfim e Nigéria em relação ao golpe militar de 12 de abril que, na minha humilde opinião, abortou um regime que teria consequências incalculáveis para os guineenses. Pior, lendo o resumo do comunicado final do encontro dos MNES em Lisboa, feito pela ANGOP, nota-se que a CPLP não quer dar mão a palmatória e existem claras mostras de certo desnorteamento.

Espero que o ministro angolano das Relações Exteriores George Chicoty, aceite a chicotada política-diplomática da CEDEAO e tenha a hombridade de demitir-se do cargo. E espero que, com esta lição aprenda e, deixe os guineenses viverem em PAZ!!!

Fundamentalmente que aceite que Angola teve um fraco desempenho na presidência da CPLP e que reconheça que Angola é que precisa da “pacificação” porque no caso da Guiné, o último “pacificador” foi um sanguinário português chamado pelo nome de  Teixeira Pinto, que sucumbiu graças à bravura dos papeis de Bissau.  

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Boa Chance

Liberdade para o nosso CHÃO

A libertação dos dois “altos dirigentes” Raimundo Pereira e Carlos Gomes Jr. da nomenclatura anterior, que se tornaram passado, depois do golpe militar de 12 de Abril, foi um sinal extremamente positivo! Pela terceira vez (contando com os golpes de 1980 e 2003) no nosso pequeno trajeto, enquanto país houve um golpe de Estado, em que se poupou a vida do Presidente e do (neste caso particular) Primeiro Ministro. E isso, temos que reconhecer que é um passo à frente, pelo respeito à Vida, e embora este golpe militar seja condenável, acredito na tese da autodefesa dos militares.

Acredito que este gesto dos militares guineense, vem reforçar o papel de guardiões do nosso chão e, de “militantes armados” (parafraseando Amílcar Cabral) da nossa Nação. Aceito a interpretação de que os militares na Democracia devem submeter-se ao poder político, aceito também que eles não se devem imiscuir na política, mas convenhamos, na Guiné-Bissau, sempre se deu mal, os que menosprezaram os homens das casernas e mais, chegando-se ao ponto, desta vez, de lhes tentar subjugar e provavelmente atacar, com uma força estrangeira. Não é a primeira vez que se tentou isso, mas desta vez, os militares foram mais rápidos e perspicazes e jogaram na antecipação, segundo a versão defendida por eles. Estou em querer que com isso pouparam não só as suas próprias vidas, mas também há de muitas pessoas inocentes que tombam normalmente, quando há conflitos militares.

Num olhar voltado aos dias que correm, faço a seguinte interpretação:

Fracassou o encontro de domingo último na Gâmbia, e tendo em conta algumas fontes, o presidente déspota gambiano Sheikh Alhajl Ahya Jammeh, tentou ridicularizar os participantes, com atitudes perversas, senão vejamos:

1 – Recebeu-os em separados numa tentativa de aprofundar a divisão e tirar logro da situação. Nunca estiveram todos no mesmo espaço de negociação;

2 – Tentou fazer bluff durante todo o processo – ora dizia que um grupo tinha dito isto, ora reforçava que o outro grupo aceitou uma proposta, ou seja, tentou-os baralhar para reforçar a falsa impressão, juntos aos demais membros da CEDEAO de que os guineenses definitivamente não se entendem;

3 – Foi uma tremenda tentativa de falta de respeito, das pessoas envolvidas neste processo de reconciliação entre guineenses, de um indivíduo que de Democracia tem pouco para dar, sendo mais objetivo diria até que praticamente não tem nada para dar, e mais, sabe-se e bem, que está aos serviços dos interesses angolanos;

Num olhar voltado ao dia de hoje:

Acredito que não irá fracassar o encontro ou a mini-cimeira de Dakar, senão vejamos:

1 – O grupo que está a trabalhar a questão de reconciliação, já tem uma base consistente e teórica escrita (trabalharam até às 6 horas da manha de ontem), tendo sido aprovada uma conclusão signatada pelas delegações que compuseram a negociação na Gâmbia;

2 – Essa conclusão já foi entregue ao gabinete das Nações Unidas em Bissau, ao gabinete da CEDEAO e foi remetido a presidência que está a preparar a Cimeira;
3 – Todos os esforços das diplomacias de Portugal e Angola (os que querem a guerra a todo custo) que fizeram de tudo para participar nesta Cimeira, fracassaram;

4 – Tanto o Presidente Interino Raimundo Pereira, como o Primeiro Ministro Carlos Gomes Junior, estão em Dakar, é um facto mas acredito que não será para voltar ao poder, como muitos querem pintar, mas sim, para assinarem as respectivas Cartas de Renuncia;

E mais não digo, até a conclusão da Cimeira...

Estamos perante uma BOA CHANCE de a Guiné-Bissau se erguer, sem “testas de ferro” do passado ou pessoas comprometidas com muitas acusações de cabalas e assassinatos.

Estamos perante uma BOA CHANCE de reorganizar, reformar e quiça, refundar as Foras Armadas e toda uma sociedade que nos últimos anos se tornou refém de uma nomenclatura autocrata. (Autocracia: Forma de governo na qual um único homem detém o poder supremo).

Estamos perante BOA CHANCE de se reorganizar a CNE e com recenseamentos eficientes e biométricos, partirmos para às próximas eleições Justas, Transparentes e Democráticas;

Quase todos conhecemos de cor e salteado, o perfil político e o guião das representações, e de todas as personagens do teatro político em cena. Na verdade, cada um de nós sabe, quais são os divisionístas que se acovardaram e as escondidas vão tentando dividir cada vez mais o Povo guineense.
Este Chão e esta Bandeira nos une!!!

BOA CHANCE, GUINÉ-BISSAU...