sábado, 26 de novembro de 2011

Jesus Cristo


“Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições mas tende bom animo; eu venci o mundo.” Jesus de Nazaré: João 16.33

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

+ 1 Sexta-Feira

Monteiro Lobato

"– A vida, senhor Visconde, é um pisca-pisca. A gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem pára de piscar chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos – viver é isso. É um dorme e acorda, dorme e acorda, até que dorme e não acorda mais [...] A vida das gentes neste mundo, senhor Sabugo, é isso. Um rosário de piscados. Cada pisco é um dia. Pisca e mama, pisca e brinca, pisca e estuda, pisca e ama, pisca e cria filhos, pisca e geme os reumatismos, e por fim pisca pela última vez e morre. – E depois que morre?, perguntou o Visconde. – Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?"

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Até sempre camarada Filinto Barros

Hoje à Guiné-Bissau perdeu um dos filhos mais destacável, em termos de princípio conduta e honestidade. Filinto Barros foi dos poucos homens que lutaram para a Independência da Guiné, e que com grande sacrifício e coragem, manteve uma linha de pensamento e acção moralizadora e autentico enquanto militante do PAIGC.    

Hoje depois de receber a triste notícia do falecimento de Filinto Elísio João José de Barros (Filinto Barros), ou melhor, tio Filas (como o costumava chamar) o dia tornou-se penoso e duro de aceitar. Estando distante, a dor tornou-se algo maiúsculo e o acatamento da sua plenitude foi ardente.
Muitos dos objectores de consciência contra a verdade, sem o conhecer, tentaram de forma cruel denegrir a sua imagem e jogar-lhe ao limbo do jargão do blá-blá. Não é inocente a utilização aqui da palavra “tentaram” isto porque os que o conheceram, sabem, que homens como Filinto Barros há poucos na Guiné, em África e (vou mais longe) no Mundo. E tenho a plena certeza que a História fará Justiça em relação a essa questão.
Prodígio combatente, Filinto Barros mobilizou dezenas de colegas, enquanto estudante em Portugal, para a grande causa da Luta pela Independência da Guiné-Bissau. Incansável dirigente, sempre primou pela legalidade e não se lhe conhece nenhum desvio de procedimento ou conduta. Por estas e por outras razões, sempre que mantinha discussões com amigos ou conhecidos, achava uma aberração ou mesmo de uma imbecilidade atroz considerar que todos aqueles que foram dirigentes na Guiné pós-Independência eram “ladrões” ou coruptos.
Poucos sabem, mas sem Filinto Barros, à Guiné-Bissau, não teria hoje o grande vulto da música de intervenção e pioneiro da música moderna guineense, José Carlos Schwarz. Pois foi Filinto Barros que o mobilizou e, durante muito tempo desempenhou o papel de mentor ou orientador político deste notável músico, que hoje no mundo dos mortos de certeza se reencontrarão.
Meus sentidos pêsames a família Barros, em especial ao meu querido primo Victor Barros e irmãos. E que Deus dê a sua alma Paz e o eterno descanso.
Nota Ordidja  
Navegando pela NET, descobri este texto sobre o único livro publicado em vida pelo Filinto Barros “Kikia Matcho”. Acredito que mais livros virão, porque enquanto escritor tem muitas obras guardadas e que não quis publicar.
Por: Carla Ribeiro
A morte de um ex-combatente e o avistamento, por três dos que lhe são mais próximos, de um mocho com as feições do falecido desencadeiam uma série de dúvidas e de buscas por uma resposta, enquanto a hora do funeral se aproxima e também as reflexões sobre o passado teimam em aflorar ao pensamento. Joana, sozinha num lugar que não é nada do que lhe fora prometido. Papai, combatente que, terminada a revolução, começa a descobrir que aquilo por que lutaram não tardará em desvanecer-se. E Benaf, doutor sem rumo de vida ou oportunidades de futuro. Na sua história, como na sua ligação a N'Dingui, cada um reflecte um lado diferente de um lugar e de uma forma de vida onde as aspirações eram elevadíssimas... mas só o fracasso restou.
É o tom de resignação, o desalento que transparece em cada pensamento e (quase) cada acção que mais marca desta leitura. A idéia de uma luta longa, marcada por demasiados sacrifícios e por umas quantas acções censuráveis, que terá acabado por culminar na degradação dos princípios dessa mesma luta não poderia conduzir senão ao desânimo. E é esse desânimo que transparece neste livro, tanto nos momentos importantes (como a ausência dos comandantes no funeral) como nas mais pequenas reflexões. Estas são, na verdade, uma parte fundamental (e de dimensão considerável), sendo predominantes num livro relativamente curto. O resultado é uma leitura pausada, onde a linha dos acontecimentos se dispersa, por vezes, no tom de divagação, mas em que a mensagem de luta (talvez) inútil é forte.
Um outro ponto interessante é todo o desenvolvimento das questões religiosas e dos ritos das diferentes tribos. Quer a superstição (desenvolvida a partir da visão do kikia), quer os atritos entre as gentes de diferente fé permitem uma visão bastante clara quer dos rituais quer das crenças mais íntimas de cada um dos que intervêm nesta narrativa.
Ainda uma última nota para o final que, depois de um desenvolvimento particularmente intenso aquando da manifestação de N'Dingui, acaba por ser demasiado aberto. Ficam por explicar as consequências efectivas da misteriosa cerimónia pedida pelo espírito, deixando-se à imaginação do leitor a exploração das diferentes possibilidades.
De leitura agradável, ainda que algo extenso nas divagações, um livro que, mais que pela história relativamente simples (mas com alguns momentos marcantes), cativa pela força da mensagem e pelo retrato de um tempo e de um lugar que talvez pudessem ter sido diferentes.

domingo, 20 de novembro de 2011

Cacheu canta e dança junto ao rio "o caminho dos escravos"

Cacheu Sec XVII

Cacheu canta e dança junto ao rio "o caminho dos escravos"
Fonte: ANGOP

Cacheu, Guiné-Bissau- A cidade guineense de Cacheu, a norte de Bissau, começou este fim de semana oito dias de danças nas ruas, música e filmes, para lembrar que a primeira feitoria portuguesa na Guiné-Bissau também já foi "Caminho de Escravos". 
 Cacheu é a cidade mais antiga da Guiné-Bissau e fica junto do rio com o mesmo nome, tendo crescido muito graças ao tráfico negreiro. Portugal aboliu a escravatura em 1869 e meio século depois nasceu Caetano José da Costa. Hoje, 90 anos mais tarde, à sombra de um cajueiro, conta à Lusa: "Naqueles tempos ficou este nome, caminho de escravos, porque os escravos comprados nos arredores eram embarcados aqui, para fora". 
 Por isso, pelo segundo ano consecutivo, Cacheu lembra durante uma semana "o caminho dos escravos" com exposições e filmes mas principalmente música e dança tradicional, com o palco principal junto ao rio e ao baluarte construído pelos portugueses. 
 É no forte que está em exposição o último caldeirão para fazer comida para os escravos, agora já meio destruído. "Cá em Cacheu havia recordações de outros tachos, quando eu era pequeno, em algumas casas. Usavam-se nas casas familiares, onde se podia conservar água. Havia até maiores mas quando nos lembrámos de conservar já era tarde, já estava tudo destruído", lembra Caetano José da Costa. 
De resto, diz, não há grandes vestígios desses tempos, talvez umas correntes numa vila vizinha, do outro lado do Cacheu. Nem da importância que a cidade já teve, quando o comércio era fomentado por tanto tráfico humano que Cacheu pode ser comparado à ilha de Gorée (Senegal), garante.
A escassa centena de metros, junto do rio, um palco abandonado à hora do calor anima-se todas as tardes com atuações de grupos de mandjuandade, que antes se espraiam pela principal rua de Cacheu. José Lopes está lá, é rei de um dos grupos, a rainha uma mulher alta, forte, cabelo liso escorrido e sorriso tímido. 
 "Mandjuandade é uma cultura" diz à Lusa José Lopes. Depois busca as raízes da manjuandade, que terá tido origem no casamento. Quando a mulher tinha queixas do marido procurava uma amiga ou amigas, a quem contava os seus desgostos, e criavam uma música sobre isso. Depois, quando a aldeia se reunisse, as amigas cantariam a música, ao mesmo tempo recados para o marido e lamentos da mulher. 
 "Basicamente mandjuandade é uma forma de as mulheres transmitirem os seus sentimentos, e uma fonte de conselhos, porque o marido quando ouve a musica já sabe que a mulher está a dizer o que se passa em casa", diz José Lopes. 
No interior da Guiné-Bissau há muitos grupos de mandjuandade e muitos estão esta semana em Cacheu. Hoje já não é sobre a relação entre casais e já não se usam metades de barris mas sim tambores e tabuinhas para acompanhar os cânticos. Hoje são grupos de bairro que se juntam, que organizam festas, que animam cerimónias alegres (casamentos) ou tristes (funerais), ou mesmo cerimónias tradicionais como a do fanado (circuncisão e excisão). 
Assemelham-se a um rancho folclórico, com roupas típicas também, e no sábado ao fim do dia receberam o músico Manecas Costa a dançar na principal rua de Cacheu, sua cidade natal.  
Cacheu, com o seu forte construído pelos portugueses, o caldeirão dos escravos e grandes estátuas como as de Diogo Cão e Nuno Tristão. Cacheu dos símbolos de Portugal um pouco por toda a cidade. Cacheu cidade histórica, olha esta semana o rio e canta e dança "o caminho dos escravos". 
Nota Ordidja
Hoje aqui no Brasil celebra-se o dia da consciência negra. Claro que, sem Cacheu não existiriam escravos provenientes da Guiné, e sem os escravos não existiria este dia, tampouco Brasil. Um grande abraço para todos os meus amigos da Fundação Palmares e do UNEGRO (União de Negros Pela Igualdade) duas organizações que não se cansam de bater, pela Dignidade dos negros no Brasil.
Na semana passada tive a singular oportunidade de assistir e participar como convidado no IVº Congresso Nacional do UNEGRO aqui em Brasília, onde aprendi muito e, tive a noção do tamanho da Luta dos afrodescendentes no Brasil. Coragem irmãos!
Felicito também à organização do Festival de Cacheu e, vai daqui aquele abraço forte e irmão para o músico guineense Manecas Costa que é um dos precursores desta iniciativa.
Peace  

Por que é tão difícil guardar um segredo?

Segredo
Fonte: Voz da Bahia
Por quanto tempo uma mulher consegue guardar um segredo: minutos, horas, dias ou por uma vida inteira?

Se sua resposta foi minutos saiba que você não é a única. Uma pesquisa realizada recentemente nos Estados Unidos revelou que elas não conseguem manter o sigilo por mais de 32 minutos e costumam compartilhar as informações com os parceiros, parentes próximos ou amigos.

A designer paulista A.M, de 26 anos, concorda com o estudo. Com medo de que ninguém mais lhe contasse segredos, ela pediu para não ser identificada na reportagem, mas admitiu: "Acabo sempre contando para alguém de confiança para saber o que fazer em determinadas situações".

Porém, essa "pessoa de confiança" sempre tem um outro amigo de confiança e assim a notícia vai se espalhando. Isso quando não cai nas redes sociais da vida. "Geralmente conto para desabafar e pedir opinião e, às vezes, bate o arrependimento depois, é claro, mas acho que nem é uma coisa só das mulheres. Quase ninguém consegue guardar segredo", defende-se.

Embora possa parecer assustador ela tem sua parcela de razão. Guardar um segredo é quase como mentir, já que as duas coisas dependem de o córtex pré-frontal, uma parte da frente do cérebro que é estimulada a optar pelo caminho mais fácil: falar a verdade.

Faça um teste. Suponhamos que um cara 'mala' pergunte sua idade e, para despistá-lo, você resolve dizer que é bem mais velha. A primeira resposta que vem à sua cabeça é a idade real. Para mentir, o cérebro precisa descartar a verdade e aí, sim, buscar outra alternativa.

De acordo com o tablóide "Mirror", o estudo analisou 3 mil mulheres e uma em cada dez admitiu ser incapaz de guardar um segredo. Além disso, 85% das estrevistadas afirmaram que adoram ouvir uma fofoca, o que impulsiona ainda mais esse telefone sem fio.

A gerente comercial Daiane Lucio garante que foge à regra. Segundo a jovem, sua boca é um verdadeiro túmulo para a sorte de quem já fez confissões escabrosas a ela. "Eu sei guardar segredo", garante sem pestanejar. Apesar de sua postura, ela não condena quem acaba espalhando as informações. "No geral não depende da pessoa. Acho que algumas são espontâneas por natureza e soltam segredos até sem querer. Outras, é claro, o fazem por pura maldade", afirma. Na dúvida é bom saber que se quiser que alguém guarde um segredo seu comece por si mesma...

Passaro Azul


Bluebird
there's a bluebird in my heart that, wants to get out
but I'm too tough for him

I say, stay in there, I'm not going
to let anybody see you

there's a bluebird in my heart that, wants to get out,

but I pur whiskey on him and inhale cigarette smoke
and the whores and the bartenders and the grocery clerks
never know that he's in there

there's a bluebird in my heart that, wants to get out
but I'm too tough for him

I say, stay down, do you want to mess me up?
you want to screw up the works?
you want to blow my book sales in Europe?

here's a bluebird in my heart that, wants to get out
but I'm too clever,
I only let him out at night sometimes
when everybody's asleep

I say, I know that you're there, so don't be sad.
then I put him back, but he's singing a little in there
I haven't quite let him die.

and we sleep together like that
with our secret pact
and it's nice enough to make a man weep

But I don't weep, do you? 
Charles Bukowski  

Nota Ordidja
Obrigado Adama, versos que fazem-nos crer que afinal existe um passaro azul (preto, branco vermelho, amarelo, verde e...) dentro de cada um de nós! Boa semana...

sábado, 12 de novembro de 2011

Eduardo Galeano - El Derecho al Delirio (Legend)



Nota Ordidja

O Direito de sonhar e delirar fundamentado pelo jornalista e poeta Eduardo Galeano, um dos expoentes máximos da intelectualidade uruguaia senão mesmo da America Latina.

Obrigado amigo, irmão e camarada Jorge Lopes Queta, pelo envio deste vídeo que de tão elegante e profundo, considero que devo partilhar com todos os seguidores deste Blog.

Keep Ubuntu Spirit

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Poesia, tendo em conta o dia 11-11-11

Castro Alves
A canção do africano

Lá na úmida senzala,
Sentado na estreita sala,
Junto ao braseiro, no chão,
Entoa o escravo o seu canto,
E ao cantar correm-lhe em pranto
Saudades do seu torrão ...

De um lado, uma negra escrava
Os olhos no filho crava,
Que tem no colo a embalar...
E à meia voz lá responde
Ao canto, e o filhinho esconde,
Talvez pra não o escutar!

"Minha terra é lá bem longe,
Das bandas de onde o sol vem;
Esta terra é mais bonita,
Mas à outra eu quero bem!

"0 sol faz lá tudo em fogo,
Faz em brasa toda a areia;
Ninguém sabe como é belo
Ver de tarde a papa-ceia!

"Aquelas terras tão grandes,
Tão compridas como o mar,
Com suas poucas palmeiras
Dão vontade de pensar ...

"Lá todos vivem felizes,
Todos dançam no terreiro;
A gente lá não se vende
Como aqui, só por dinheiro".

O escravo calou a fala,
Porque na úmida sala
O fogo estava a apagar;
E a escrava acabou seu canto,
Pra não acordar com o pranto
O seu filhinho a sonhar!

O escravo então foi deitar-se,
Pois tinha de levantar-se
Bem antes do sol nascer,
E se tardasse, coitado,
Teria de ser surrado,
Pois bastava escravo ser.

E a cativa desgraçada
Deita seu filho, calada,
E põe-se triste a beijá-lo,
Talvez temendo que o dono
Não viesse, em meio do sono,
De seus braços arrancá-lo!
Castro Alves

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Bob Marley - Slogans



Slogans Bob Marley

Can't take your slogans no more,
can't take your slogans no more,
can't take your slogans no more,
can't take your slogans no more.

Wipe out the paintings of slogans
allover the streets,
confusing the people
while your asphalt burns our tired feet.

I see borders and barriers,
segregation, demonstration and riots,
a sufferation of the refugees,

oh oh, when, when will we be free?
oh, we can't take your slogans no more,
can't take your slogans no more,
can't take your slogans no more,
no more sweet talk from a pulpit,
no more sweet talk from the hypocrites.

So we know we can't take your slogans no more,
can't take your slogans no more,
can't take your slogans no more,
no more sweet talk from a pulpit,
no more sweet talk from the pulpit.
No more sweet talk from a pulpit,
no more sweet talk from the hypocrites,
no more sweet talk from a pulpit.
no more sweet talk from the hypocrites,
no more sweet talk from a pulpit,
no more sweet talk from the hypocrites.

Slogans (tradução)
Não aguentamos mais seus slogans
Não aguentamos mais seus slogans
Não aguentamos mais seus slogans
Não aguentamos mais seus slogans

Apaguem as pinturas de slogans por toda a rua
confundindo as pessoas
enquanto os seus asfaltos queimam nossos pés cansados

Vejo as fronteiras e barreiras,
segregação, passeatas e motins,
o sofrimento dos refugiados,
oh oh, quando, quando seremos livres

oh, nós não aguentamos mais seus slogans
nós não aguentamos mais seus slogans
nós não aguentamos mais seus slogans

chega de conversa mole em cima de púlpitos,
chega de conversa mole dos hipócritas
Então, sabemos que não podemos mais aguentar os seus slogans
nós não aguentamos mais seus slogans,
nós não aguentamos mais seus slogans
chega de conversa mole em cima de púlpitos,
chega de conversa mole dos hipócritas
chega de conversa mole em cima de púlpitos,
chega de conversa mole dos hipócritas
chega de conversa mole em cima de púlpitos,
chega de conversa mole dos hipócritas
chega de conversa mole em cima de púlpitos,
chega de conversa mole dos hipócritas

http://www.vagalume.com.br/bob-marley/slogans-traducao.html#ixzz1dBKcIPiy

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Grande Eça de Queirós

Eça de Queirós

Eça escreveu sobre os dias de hoje. Já lá vão mais de 100 anos
Fonte: RR

Conhecido pelo realismo da palavra, Eça de Queirós versou sobre um país só comparável à Grécia, nas "Farpas" de 1872. Mais de 100 anos depois, a Renascença encontrou "queirosianos" num espaço que o próprio escritor frequentou e foi tentar perceber, com Eça como mote, o que mudou em Portugal.

Há um "cliché" que versa sobre as palavras e que diz que "há frases sempre actuais". Quando se espreita as páginas escritas por Eça de Queirós há mais de 100 anos, percebe-se que a actualidade é um tempo que se estende por vários séculos.

”Nós estamos num estado comparável somente à Grécia: mesma pobreza, mesma indignidade política, mesma trapalhada económica, mesmo abaixamento dos caracteres, mesma decadência de espírito", escreveu Eça nas "Farpas", em 1872. Fora do contexto, até pode parecer que foi pensado para os dias de hoje.

“Se lermos o Eça neste momento, verificamos que algumas páginas parecem completamente actuais. Uma crítica muito grande às elites e à sua debilidade, uma incapacidade total de sermos respeitados internacionalmente, um desprestígio internacional que só perde para a Grécia", diz à Renascença o advogado Pedro Rebelo de Sousa, que frequenta regularmente jantares "queirosianos" no Grémio Literário de Lisboa. Curiosamente, o mesmo Grémio que Eça costumava frequentar. Além da ponte que estabeleceu com a Grécia, que é mais actual que nunca, Eça também escreveu sobre o receio de uma crise perene. “De sorte que esta crise me parece a pior - e sem cura”,  lê-se numa correspondência do escritor, datada de 1891.

O actual embaixador de Portugal em Paris, que também frequenta os encontros no Grémio, não tem dúvidas. “Há muitas coisas que ele dizia da sociedade portuguesa do seu tempo que aplicaria à sociedade hoje”, refere Francisco Seixas da Costa. “O Eça era um homem hipercrítico em relação a Portugal e esse hipercriticismo traduzia muito do que era o seu amor a um certo Portugal”, prossegue o embaixador. “O Portugal em crise era um pouco um Portugal que ele sofria...Se fosse vivo hoje, Eça teria alguns adjectivos que ficariam famosos na nossa imprensa”, observa o Francisco Seixas da Costa.
O elemento trágicoPortugal mudou significativamente desde que Eça esreveu "As Farpas"? O embaixador de Portugal em Paris divide o seu raciocínio em duas metades: há elemento trágico e um vislumbre optimista.

“O Eça nasceu há 165 anos e Portugal é um país que manifestamente, em nível de vida, melhorou bastante”, começa por dizer Francisco Seixas da Costa. “Acontece que Portugal ainda não se libertou de um elemento que é quase endémico nos seus ciclos - a emigração”, constata o embaixador.
“A emigração é um elemento trágico para um país”, acrescenta Francisco Seixas da Costa. “É a prova provada de que um país não conseguiu encontrar para os seus cidadãos soluções de vida dentro da sociedade”, argumenta. Continuar a ser PortugalHomem dos dias de hoje, o escritor Miguel Sousa Tavares cruzou-se com a Renascença no encontro do Grémio. Quando recorda o que Eça escreveu sobre a sociedade portuguesa de hoje, conclui que afinal parece que não se estava assim tão mal.

“O Eça seria talvez mais cáustico do que nós ainda somos e isto é um factor de optimismo - para Eça, Portugal há 100 anos não tinha futuro e nós ainda aqui estamos. Portanto, talvez continuemos”, diz Miguel Sousa Tavares.

Para o embaixador do Brasil em Portugal, Eça faz parte da estirpe de escritores que são autores de todos os tempos, de todas as eras. Mário Vilalva fez parte do painel que debateu há dias, no Grémio Literário de Lisboa, o escritor português.

"Eça e a sua obra são absolutamente intemporais, ou seja, podem ser vistos em qualquer um dos tempos e podem ser comparados com os tempos em que estamos vivendo no dia de hoje”, sustenta Mário Vilalva.

O embaixador brasileiro em Portugal sublinha ainda que Eça escreveu também sobre o que se encontra no lado de lá do Atlântico. "Os 'tipos' [sobre os quais] Eça de Queirós [escreveu] também poderiam ser encontrados no Brasil com muita facilidade, talvez até em mais quantidade - é muito actual."
As notícias exageradas da morte de PortugalE hoje, como seria a análise do escritor de “Os Maias” e de “A Cidade e as Serras” a Portugal? Mariana Eça de Queirós olha para o busto do seu bisavô no bar do Grémio e responde convictamente que “veria da mesma maneira que via antigamente”.

“De uma forma crítica, uma crítica construtiva, porque não era propriamente fazer troça dos portugueses, nem falar mal”, assegura. “Era no sentido de irritação, pelo facto de os portugueses não serem mais evoluídos do que eram e do que são”.

Para Pedro Rebelo de Sousa, não é bem assim. “O mundo do Eça era o de um país com profundos atrasos e hoje Portugal, numa crise financeira, é um país diferente”, diz.

Miguel Sousa Tavares mantém a tónica optimista. "Mudou muita coisa, as situações não são comparáveis. Só espero que hoje, como então, as notícias da morte de Portugal sejam exageradas."

E sobre a crise financeira, o que teria Eça de Queirós a dizer? Pelo menos sabe-se o que pensava em 1867, num artigo publicado no "Distrito de Évora": "Hoje, que tanto se fala em crise, quem não vê que, por toda a Europa, uma crise financeira está minando as nacionalidades? É disso que há-de vir a dissolução".

Mas Eça também era um optimista. "Quando os meios faltarem e um dia se perderem as fortunas nacionais, o regime estabelecido cairá para deixar o campo livre ao novo mundo económico."
Eça de Queirós

Nota Ordidja

Felicito o amigo, camarada e colega Oscar Daniel e a Matilde Torres Pereira, pelo belíssimo trabalho, feito no Grémio. Li este artigo, através duma publicação feita no facebook, pela minha querida prima Angela Cunha.

Para os “queirosianos” deste lado do Atlântico, e para os meus irmãos guineenses, com os quais tenha discutido, sobre Literatura e não só, de Eça de Queirós, deixo-vos a reflexão do último parágrafo do artigo. A inspiração e talento deste escritor é notável, mesmo, para os que não vendo olham.

Algumas citações do Eça de Queirós, pescado na NET.  

"Quem sem descanso apregoa a sua virtude, a si próprio se sugestiona virtuosamente e acaba por ser às vezes virtuoso."

"O riso é a mais útil forma da crítica, porque é a mais acessível à multidão. O riso dirige-se não ao letrado e ao filósofo, mas à massa, ao imenso público anónimo."

“Não pode haver ligação de almas onde não exista identidade de ideias, de crenças e de costumes."

"«Love me little, love me long». Há muita verdade neste lindo provérbio inglês. O que é violento é perecível. O que é calmo é duradouro. Um amor brusco e irreflectido, e com natureza de chama participaria da essência dessa primeira ilusão de que eu falei há pouco, e estaria condenado, como toda a chama, a consumir-se a si mesmo. É necessário que as coisas cresçam devagar e lentamente — para que durem muito."

Só para terminar. Outra, aqui no Brasil, Eça de Queirós se escreve Eça de Queiroz. E esta hein?!

Aquele abraço!  
  

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Escolhiria acordo de 200 milhões e rasgava os de 7 milhões

Cinco Dirhams (Unidade Monetária dos EAU)

Guiné-Bissau: Sociedade dos Emirados Árabes Unidos rende mais de 200 milhões de euros por ano
Fonte: Jornal Digital
Bissau – As autoridades guineenses estão envolvidas nas negociações com Plambeck Emirates Global Renewable Energy L.L.C, uma sociedade dos Emirados Árabes Unidos interessada em investir no sector das pescas e que conta com a figura alemã Norbert Plambeck, dono da empresa de Energia Renovável e antigo ministro das Pescas da Alemanha, por dez anos.
O montante estimado em investimento anual é de 200 milhões de euros por ano, calculado em 131 e 191 bilhões de Francos Cfa, durante dez anos. Este acordo que vai ser assinado em breve, é resultado da visita, em Maio deste ano, de uma delegação dos Emirados Árabes Unidos à Guiné-Bissau, então chefiada pelo Príncipe Sheikh Saeed Bin Khalifa Al Nayahan´s.

Ao abrigo deste mesmo convénio, a Plambeck Emirates deverá investir 70% do retorno da exploração das pescas nas águas territoriais da Guiné-Bissau, sobretudo no desenvolvimento e na operação da indústria pesqueira, assim como na energia e fornecimento de água para a pesca e para a Guiné-Bissau, em geral.

Neste particular, segundo os objectivos que constam do acordo, perspectiva-se a criação da grande indústria pesqueira moderna e sustentável, acompanhada de infra-estruturas necessárias, o que vai, por outro lado, reforçar a componente de fiscalização na Zona Económica Exclusiva, reforçando a capacidade operacional da FISCAP, entidade responsável pela vigilância das águas territoriais da Guiné-Bissau.

«A industrialização do pescado capturado, implicando a construção ou alargamento do porto de Bandim, também faz parte do acordo a ser assinado entre as partes, perante os compromissos assumidos pela Plambeck Emirates em divulgar todos os dados que permitirão às autoridades guineenses inteirarem-se do montante de investimento, fora do retorno, o qual será utilizado para o investimento», refere uma fonte das negociações em curso.

O primeiro cálculo entre a Guiné-Bissau e a sociedade dos Emirados Árabes Unidos, Plambeck Emirates Global Renewable Energy L.L.C, com base no potencial estimado, mostra grandes oportunidades futuras que podem gerar até 2 mil novos postos de emprego, com um investimento adicional esperado, que poderá ultrapassar o valor de 1 milhão de euros, equivalente a cerca de 700 milhões de Francos Cfa.

De referir que Plambeck Emirates já iniciou os trabalhos preliminares, os quais assentam na análise da situação actual da pesca no país, por meio dos dados publicados, devendo continuar com esta mesma avaliação durante o período de captura.

Das actividades de investimento planeadas figuram, nomeadamente, o apoio aos Grupos de Pescadores e as Associações de Pesca Artesanal com unidades e infra-estruturas respectivas de produção para conservação, processamento e venda do pescado.

Além de abastecimento de peixes ao mercado nacional e internacional, perspectiva-se ainda, à luz do acordo, um mercado global de peixes e seus derivados.

E é neste quadro que vai ser formada uma equipa de funcionários do Ministério das Pescas no domínio da aquacultura e piscicultura, formação de profissionais no domínio de pesca, de processamento e venda dos produtos de pesca, apoio a criação de um Instituto de Desenvolvimento da Pesca, sua funcionalidade e operação, bem como do sistema de Monitorização, Controle e Fiscalização da Actividade de Pesca na ZEE da Guiné-Bissau.

Uma nota a ressalvar é que as negociações com Plambeck Emirates Global Renewable Energy L.L.C decorrem numa altura em que o Governo guineense irá reunir em Bruxelas, entre 14 e 16 de Novembro, com a União Europeia, para a assinatura de mais um acordo pesqueiro para o próximo ano.

A Uniao Europeia pagou, pelo menos, 7 milhões de euros, em 2010, para que os seus navios de pesca tenham acesso às águas territoriais guineenses. Este montante pode variar, conforme as negociações previstas.

Lassana Cassamá
Emiratos Arabe Unido (Abhudabi)
Nota Ordidja
Não percebi bem, então uns vão dar anualmente $200 milhões de USD e outros vão dando todos os anos 7 milhões Euros no acordo para o mesmo produto? Qual é a lógica Matemática aqui? De Boé ou de...? Alias já confessei aqui  neste Blog que não sou grande coisa em Matemática, mas os números não enganam! Por mim rasgava-se os acordos de migalhas... 
Bom fim-de-semana

Sai do acostamento...



Conselho de Segurança debate situação na Guiné-Bissau

Fonte: Jornal do Brasil
O Conselho de Segurança das Nações Unidas debateu, nesta quinta-feira a situação política da Guiné-Bissau. Angola, e Brasil, que ocupa uma cadeira rotativa no Conselho, discursaram na reunião, que foi presidida por Portugal.

O representante especial do Secretário-Geral na Guiné-Bissau, Joseph Mutaboba, disse que o país de língua portuguesa, no oeste da África, tem registrado avanços na estabilidade política. Mas segundo ele, a criação do Fundo de Aposentadoria para Militares, e as reformas da Segurança e da Justiça são vitais para a calma na Guiné.
A embaixadora do Brasil, Maria Luiza Ribeiro Viotti, que preside a estratégia de paz da ONU para o país, elogiou a ação do governo.

Parte Inicial
Falando em inglês, Maria Luiza Ribeiro Viotti disse que o governo atual tem sido o mais estável e o mais duradouro desde 1997.
A ministra da Economia, do Planejamento e da Integração Regional da Guiné-Bissau, Helena Nosolini Embaló, afirmou que o governo está pronto para as reformas e que já fez a sua parte inicial, mas o financiamento internacional ainda não é suficiente.

“Pretendemos, portanto, que eles (a comunidade internacional) reforcem o seu apoio. Todos falam que a reforma da defesa e segurança é fundamental. Sem estabilidade política não pode haver desenvolvimento. Tudo bem. Nós todos compreendemos e aceitamos esses princípios que são básicos. Mas para fazer a reforma, obviamente, tem que haver um apoio consistente e efetivo da comunidade internacional. E apesar de se reconhecer que ela é necessária, quando chega a época das contribuções começa a haver uma certa hesitação. E nós viemos aqui dizer as pessoas: ‘não hesitem mais’.”

Vontade Política
A ministra da Economia afirmou que o passo inicial da criação do Fundo de Aposentadoria para os militares é de US$ 45 milhões, equivalentes a mais de R$ 76 milhões. Segundo ela, as outras etapas do processo poderiam ser absorvidas pelo governo, uma vez que as bases da reforma fossem instaladas.

No próximo ano, a Guiné-Bissau realizará eleições legislativas. O país está se esforçando para se reerguer de uma onda de tentativas de golpe de Estado ocorridas após os anos de guerra civil no país.
Mas segundo a ministra, apesar dos desafios para a reconciliação nacional, o país tem feito progressos. Ela afirmou que casos isolados de violência política “não representam a vontade do povo guineense de seguir adiante com segurança e estabilidade.”

Nota Ordidja
Prometem, prometem e tanto prometem que depois não cumprem. Empurram à meta alguns metros à frente para prolongar a maratona dos conjuntos de intenções, e mantos de expectativas. Tradução mais clara do que esta, para definir a persistente lengalenga (que dura e perdura) entre a Comunidade Internacional (CI) e à Guiné-Bissau, não encontro.

Num certo período deu-me a entender que as exigências eram estas: “Só com estabilidade haverá fundos...” nos tempos que correm a corte da CI parece exigir “Só com Justiça haverá fundos...”. E lá vamos nós, virar o disco para tocar o... Enquanto o passado queimar o nosso presente, retomaremos com cada vez menos fôlego, o impiedoso percurso que nos vão preparando.

Instabilidade virou nossa sina? Sei não!

Impunidade é a nossa inquietude? Sei sim!

Por estas e por outras que já nem falo (escrevo) sobre estes assuntos, que de tão complicados, provam, que nada sei. E se para tentar descomplicar, houvesse mesmo uma verdadeira vontade, de fazer Justiça na Guiné-Bissau?

Ah? Das várias palavras e nomes novos, que vou conhecendo ou tendo contacto aqui no Brasil, um(a) saltou-me a memória agorinha e é o: ACOSTAMENTO. Em duas palavras, o acostamento é aquele espaço livre à berma da via principal. E apetece-me gritar:

saia do acostamento, Guiné! Senão...