quinta-feira, 29 de setembro de 2011

I° Fórum da Sociedade Civil da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

Delegação guineense com a Embaixadora Eugénia S. Araújo e SE Domingos S. Pereira

O I° Fórum da Sociedade Civil da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) teve início ontem (28) em Brasília com casa cheia. O Salão Leste do Palácio do Planalto acolheu as delegações das Sociedades Civis dos países falantes do português num fórum que irá decorrer até próxima sexta-feira 30 de setembro, em Brasília.
Subordinado ao tema “Promovendo a participação social na CPLP”, os temas dominantes serão relacionadas com Infância e Juventude, Igualdade de Direitos da Mulher, Trabalho, Educação, Meio Ambiente, Agricultura e Segurança Alimentar, entre outros serão debatidas  entre Governos e a sociedade civil dos países da lusofonia.

Organizado pelo Secretariado Executivo da CPLP em coordenação com o Ministério das Relações Exteriores e com a Secretaria-Geral da Presidência da República do Brasil, o objetivo segundo a nota informativa da organização do fórum ressalva o seguinte: “pretende ser um espaço de integração efetiva das iniciativas existentes e das organizações da sociedade civil da CPLP.”
A cerimónia de abertura foi presidida por Gilberto Carvalho, Ministro de Estado Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, e contou com as intervenções da Luiza Bairros – Ministra de Estado Chefe da Secretaria de Políticas de promoção da Igualdade Racial, Domingos Simões Pereira – Secretário  Executivo da CPLP, Embaixador Paulo Cordeiro – Subsecretário-Geral de assuntos Políticos, Embaixador Nelson Manuel Cosme – Embaixador de Angola (país que preside a CPLP) e da Márcia Campos – Presidente da Federação Democrática Internacional de Mulheres –FDIM.
O discurso do Ministros Gilberto Carvalho foi marcado com comoção quando sublinhou  “quero pedir perdão em nome da presidenta do Brasil Dilma Rousseff e do Povo brasileiro aos nossos irmãos da Guiné-Bissau pelo ignóbil ato de violência cometido sobre o estudante guineense Toni Bernardo da Silva” solicitando de seguida um minuto de silêncio em honra ao malogrado estudante. “A nossa organização com 15 anos ainda é uma adolescente, tanto é que se percebe a sua rebeldia e vontade de crescer trazidas aqui pelas palavras sonantes do Secretário Executivo Domingos Simões Pereira” rematou Gilberto Carvalho.
Ministro Gilrberto Carvalho (Foto: Sabana Embaló)
Domingos Simões Pereira, fez uma das melhores intervenções da sessão de abertura . Eloquente e extremamente frontal o Secretário Executivo da organização enfatizou “a nossa organização tem que deixar de ser uma organização que ao realizar fóruns desta natureza, cria um conjunto de intenções cujo as resoluções finais não passam de letras mortas”. Houve depois momentos de cultura com o lema: “Cultura como instrumento de integração” e a sessão terminou com a exibição da curta metragem “Uma Viagem a Cabo Verde” vencedora do último Festival de Cinema da Língua Portuguesa realizada na cidade brasileira, João Pessoa. 
SE da CPLP Domingos Simões Pereira (Foto: Sabana Embaló)

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Livro Intenso!!!

Primeiro lançamento feito no dia 25 de Maio deste ano
Por: Fernando Teixeira
        Lisboa, 28-09-2011

Sobre o livro de Julião Soares Sousa, intitulado “Amílcar Cabral – Vida e Morte de um Revolucionário Africano
Acabei hoje de ler a biografia de Amílcar Cabral do Guineense, natural de Bula, Julião Soares Sousa, intitulado “Amílcar Cabral – Vida e Morte de um Revolucionário Africano”que me impressionou pelo tipo de abordagem utilizada realçando a importância da “socialização” no processo da consciencialização de Cabral, no seu percurso pessoal e seu desenvolvimento como personalidade impar em que veio a tornar-se. Um livro - que sem ser solicitado por ninguém - recomendo vivamente a todos os que se interessem pela História e cultura do nosso povo, sejam guineenses ou estrangeiros.
 Lendo o livro, com atenção, apercebemo-nos do titânico trabalho de investigação em diferentes países, acervos e instituições, penso, nunca antes realizado por outra pessoa. A organização cronológica, descrição competente dos factos, no meu entender, “fria” e metodicamente, sem envolver o autor em “partidos”, “lados”ou “simpatias”, faz com que seja uma obra de referência para qualquer estudo sério sobre este vulto histórico e não só. Ficamos com a sensação de que o autor, foi metodicamente, com a paciência de um verdadeiro estudioso, “esgotar fontes” primarias e outras, testemunhas e “testemunhos” possíveis e nos apresenta numa impressionante compilação de factos e dados como que nos convidando pensar por nós mesmos, “pelas nossas próprias cabeças” - como diria o saudoso Amílcar Cabral - e tirar as nossas própria conclusões.
E nesse desiderato, foi desmontando “mitos” e “verdades” com dezenas de anos, apresentados os factos como “sucederam” ou provavelmente poderiam ter sucedido. E este mérito é tanto mais importante porque separar factos históricos da sua descrição é quase impossível; mas ao mesmo tempo o facto, o acontecimento, é uma coisa e a sua descrição forçosamente tem que ser outra coisa.

E esta “outra coisa” pode por sua vez “modificar” a percepção que os contemporâneos têm do próprio “facto” em si, independentemente do tempo que passou sobre ela ou das suas verdadeiras implicações históricas. Por isso quando escrevo sobre o passado recente (e antigo) sou constantemente confrontado pela minha consciência, com a questão da necessidade de “descrever os factos”, sem que a “descrição” seja diferente dos “factos” em si.

Embora confessando a minha admiração pela obra, não digo que seja “a biografia definitiva” (a moda dos críticos ocidentais), mas direi, nisso acredito, que é a “base científica” actual - na imensidão de “fontes”, “publicações”, “registos”, “bibliografia” que tornarão muitíssimo mais simples, futuros trabalhos - obrigatória para qualquer estudo sério para uma biografia, ou tentativa (qualquer que ela seja) de abordar Amílcar Cabral seja em termos biográficos ou de crítica política apenas.
José Luis Hopffer Almada na apresentação em Odivelas
Onde a pesquisa actual, esbarra na impossibilidade de “saber exactamente como aconteceu” por falta de mais fontes ou testemunhos, o autor “levanta véus”, “põe questões” ou “deixa em aberto” (com fundamentos bastantes) certas hipóteses, que no futuro poderão ser úteis para a próxima geração “pensar Cabral” de forma limpa, destituído de complexos, em novas abordagens, porventura cada vez mais multifacetadas e com novas contribuições, que este livro vai acabar por suscitar, penso, numa dialéctica de causa e efeito, impossíveis de antever.
Pois é de crer que um vulto imenso como Amílcar Cabral provavelmente terá no futuro muitos estudiosos interessados no seu legado que, espero, nos brindarão com outras biografias ou análises políticas. Alem de que o processo histórico guineense necessita ainda de diferentes abordagens, de vários quadrantes.
Realcei o facto, deste livro ter sido escrito por um Guineense, porque há coisa de meio ano, escrevia sobre a necessidade (no sentido histórico e factual) de estudos e biografias escritas por guineenses sobre o nosso Herói nacional e Fundador da Nacionalidade; dizia inclusive que essa necessidade advinha de “(…) por sermos Guineenses, diferentemente daqueles estrangeiros que nos tentaram entender a luz dos seus “estrangeiros” conhecimentos, pertencemos a este nosso pequeno mundo e somos por ele formados; por isso “sabemos” algumas outras coisas; “sabemos” em que acreditar e como acreditar; e “sabemos” como duvidar e do que duvidar. Sabemos por conhecer a nossa idiossincrasia como pessoas e como povo.”

E hoje, esta agradável surpresa, que é esta monumental biografia (tanto em tamanho como em conteúdo), não me poderia deixar indiferente, e creio, a nenhum guineense também. E a partir deste momento, a minha constatação anterior (nos Sete Instantes de Uma Primavera): “(…)  não direi que com Cabral ainda “não acabamos”, mas direi que com Cabral ainda “não começamos”.(…)” perde muito da sua actualidade. Pois a partir deste livro, devo dizer de Cabral que se na verdade “(…) o trabalho sobre o seu trabalho, o pensar sobre o seu pensamento, ainda estão por se realizar”, o mesmo já não se pode dizer da segunda parte da proposição, pois : “sua história, e a história da sua história” já não estão totalmente “por se escrever”, graças ao Dr. J. S. Sousa.
Pois independentemente do que o futuro nos reserva, de quão grandes e interessantes biografias que poderão vir a ser escritas, creio que este livro será um marco, no sentido de hoje poder dizer que se com Cabral ainda “não “acabamos”, inegavelmente, com Cabral “já começamos”.
Termino dando meus sinceros parabéns ao Doutor Julião Soares Sousa, que nunca conheci ou vi, pois entendo, na minha modestíssima opinião, que com esta biografia dá-se o inicio de uma nova fase da abordagem biográfica de Amílcar Cabral: A fase Guineense de novos estudos biográficos sobre Amílcar e outros vultos da nossa História nacional.
As vezes um livro, uma peça de arte, um discurso, uma ideia, pode despoletar toda uma mudança nacional ou mesmo mundial como aconteceu com a “geração de Cabral” depois de lerem a “Anthologie da la Nouvelle Poésie Negre et Malgache”, como bem nos diz o autor desta biografia. Por isso eu saúdo estes “acontecimentos” da nossa cultura não apenas como “mais um livro”, mas como argamassa que tapa as lacunas culturais e cientificas do nosso edifício nacional; e embora as lacunas são infinitas, cada livro, é como um tijolo de uma nova casa, de uma nova mentalidade, para um novo recomeço.
Por isso esta fase, esta nova “fase guineense” pela qual pugno, para mim, não se deve limitar-se ao ofício de escrever; esta nova fase deverá incarnar um movimento social e cultural de regresso às origens da normalidade, feito de literatura, musica, discursos, revistas, universidades, num sacudir da letargia nacional que tantos acontecimentos infelizes nos conduziram, rumo a um florescimento de novos projectos, novas vontades, novos quereres de índole social e cultura.
Nota ordidja
Antes de mais gostaria de agradecer ao Fernando Teixeira (Nandinho) por ter enviado este lindo texto que publico e que serviu de impulso para que escrevesse sobre o livro.
Há cerca de dois meses atrás escrevia no facebook, que já tinha lido cerca de metade dos 532 páginas dos 570 (se incluirmos o apêndice e as fontes) do excelente livro “Amilcar Cabral – A Vida e Morte de um Revolucionário Africano” do Professor Julião Sousa, editado pela Nova Vega. Se tivesse que descrever em três palavras a minha “sentença”, depois de acabar de lê-lo, escolheria para além do Magnífico (da frase anterior), Controverso e Empolgante.
Na Livraria "Diário de Notícias" em Lisboa
Magnífico – Logo depois de discorrer as páginas iniciais, quando se passa pelo prefacio e as notas introdutórias do autor, enquanto admirador (diferente de discípulo) do homem, Amílcar Cabral, despertou-me uma catadupla de curiosidades. Como já tinha lido antes, outras obras sobre Cabral, sente-se que se vai entrar numa viagem alucinante, que embora temos como adquirido o ponto de partida, não sabemos em que estado iremos ficar, ao chegarmos ao ponto da chegada. Se pegarmos então ou melhor, se tivermos em conta as várias revelações que o autor promete fazer ao longo do livro, aí o nível da intensidade da curiosidade aumenta. Ao meio da “viagem” percorrido o levantamento biográfico rigoroso (desde a nascença em Bafatá, até ao excelente percurso acadêmico) da Vida do ainda, nesse período inconformado africano, cai o pano das posições que profetizam Amílcar Cabral. Ganhando o fôlego com a passagem do livro que sita as influencias intelectuais de outros pensadores que marcaram a tomada de posição do Revolucionário, apercebe-se da imbecilidade que marcou o primeiro regime político depois da saída dos colonos. Vou dar só um exemplo dessa imbecilidade: quantas estórias foram contadas, alguns até pelos nossos professores da disciplina de “Formação Militante” de pessoas que foram detidas e perseguidas, com acusações de ameaçar a “segurança do Estado” naquela época, da Guiné-Bissau, só pelo facto de estarem a ler ou por terem feito comentários por terem lido o célebre livro do haitiano Frank Fannon? Quem não se lembra disso que levante o rato no ar!  
Onde pode encontrar o Livro
Controverso – Afinal o PAIGC não foi fundado no dia, mês e ano oficialmente conhecido. Mas a passagem onde o falso e controverso se conjugam é na página 185 do livro, num texto publicado em espanhol, recolhido duma entrevista dada por Amílcar Cabral a revista cubana Tricontinental. O autor do livro com a elegância que se lhe reconhece faz esta afirmação “Fizemos esforços no sentido de confirmar a presença de Amilcar Cabral no seu país natal, entre Março de 1955 e Dezembro de 1959, através, fundamentalmente da consulta dos boletins oficiais da Guiné, de Angola e de Cabo-Verde, e da documentação dos Arquivos da PIDE, mas não conseguimos assinalar nenhuma passagem pela Guiné.” Permitam-me que pergunte:
Quando, quem e onde foi criado o PAIGC?
Quantas inverdades temos ainda por descobrir do histórico Partido?
E repare esta, leitor: afinal o nome PAI foi um copianço feito ao PAI da Federação do Mali do universitário senegalês Majhemout Diop. Mais, afinal a apetência do guineense em criar movimentos políticos, está no seu DNA e não é de hoje, muito menos surgiu com adoção do multipartidarismo. É que nos anos 60, já tinham sido criadas cerca de duas dezenas de Partidos guineenses na diáspora, revela o livro. E como todo e qualquer utópico o líder da nossa nacionalidade também acreditou na criação do “Homem Novo” esplanada nas considerações da pag. 390. “A leitura da Anthologie e o contacto com a Negritude também fez com que Cabral e os seus companheiros africanos começassem a colocar a hipótese de regressar a África” pag. 528, e como tudo na vida o livro dá-nos o princípio o meio e o fim, do singular líder!     
Empolgante – Quando se pega no livro não apetece e nem temos vontade de ler outra coisa. De capítulo a capítulo, as estórias se multiplicam e se entrelaçam, acabando por ajudar ao leitor a desvendar episódios e pessoas afetas aos momentos revolucionários da nossa querida Guiné. E aproveito a oportunidade para homenagear um ente querido que em várias passagens do livro é lembrado, PAULO DIAS, um homem assassinado por mãos cobarde e traiçoeiras nas matas da Guiné.  Paz e Eterno descanso a sua alma!!!    

As duas mortes de Toni


Por João Negrão, especial para o Maria Frô
26/09/2011
Quarta-feira, 21 de setembro de 2011, 19 horas, em Jackson, capital do estado da Geórgia, Estados Unidos, Troy Davis, um negro de 42 anos, recebeu a dose letal que o levaria à morte. Condenado por assassinato, Troy Davis deitou-se na maca para receber as injeções repetindo a mesma frase de 22 anos antes, quando foi preso e condenado: “Sou inocente”.
Quinta-feira, 22 de setembro de 2011, por volta das 23 horas, em Cuiabá, capital do estado de Mato Grosso, Brasil, Tony Bernardo da Silva, um negro de 27 anos, africano de Guiné-Bissau, estudante de Economia da Universidade Federal, recebeu um pontapé na traquéia e morreu. O golpe culmina uma sessão de socos e pontapés desferidos por dois policiais e um empresário que duraria em torno de 15 minutos.
Impossível não traçar um paralelo entre as duas mortes.
A primeira foi uma condenação legal, nos moldes da justiça norte-americana, que todos conhecemos, empenhada a condenar negros, ainda que, como é o caso de Troy, haja evidências de inocência. Inclusive depoimento de outro preso assumindo a autoria do crime atribuído a ele. Em vão: Troy não recebeu perdão, não teve a clemência do governador da Geórgia e muito menos direito a recurso na Suprema Corte, dado às evidências de sua inocência.
Difícil não imaginar que se trata de mais um caso de racismo como os que pontuam a crueldade do sistema jurídico e a sociedade racista dos Estados Unidos, especialmente nos estados sulistas como a Geórgia.
Como é difícil não suspeitar que o caso do Toni foi uma expressão pura e cabal de racismo.
Uma condenação prévia: um negro que adentra a uma pizzaria freqüentada por rapagões e moçoilas de classe média alta de Cuiabá, num bairro idem, embora predominantemente de repúblicas estudantis (o Boa Esperança fica ao lado do campus da UFMT) é um bandido. E ainda mais se este negro acidentalmente esbarra na namorada de um desses fregueses.
Afinal, aquele não é um lugar para negros. Pior ainda. Que atrevimento! Um negro que deveria estar na senzala não pode adentrar a uma casa grande dos pequenos burgueses e tocar a mulher branca do sinhozinho.
Então, eis seu crime. E está decretada a pena de morte. Não se sabe se os policiais e o empresário (sinhozinho) estavam armados. Se estivessem teriam desferido vários tiros?  Tenho dúvida. Não sei se não preferiram mesmo usar como instrumentos de execução os socos e pontapés. Afinal, esta na moda uma das marcas da intolerância: matar a porradas negros, homossexuais e todos que esses “bad boys” não toleram por serem diferentes deles, supostamente bem nascidos, bem nutridos e crentes da impunidade. E com um ingrediente macabro: eles se divertem.  E não raras vezes filmam e jogam em suas redes sociais.
Seguindo o mesmo “modelito” que a imprensa em geral aplica a esses casos, todos ciosos a dar voz e vez aos assassinos da elite, tentam desqualificar o morto. Versões diversas surgem por todos lados dando conta que ele tinha passagens pela polícia, era drogado, perdeu a vaga no convênio da UFMT e outras informações nefastas. Como sempre trabalham com meias-verdades, com deturpações dos fatos e a omissão de outros.
Essas versões são disseminadas por advogados e familiares dos assassinos, que encontram voz em veículos de comunicação que, deliberadamente ou não, as propagam sem questionar o contexto da vida do Toni e os depoimentos de amigos, colegas e ex-namorada, todos, unanimemente, testemunhando sua conduta passível e respeitadora.
É compreensível que os advogados e familiares tomem tal atitude. Mas não justifica a postura dos representantes da Universidade Federal de Mato Grosso, que qualificaram o Toni como um indivíduo de má conduta.
O setor da UFMT responsável pelo convênio entre o governo brasileiro e os governos dos países africanos de língua portuguesa, que permitem jovens daqueles países estudarem no Brasil, sempre foi omisso e racista com esses estudantes. Poderia desfilar aqui uma série de descasos, dificuldades criadas e declarações preconceituosas. Não é o caso agora.
Por enquanto fica o registro de que o Toni sempre buscou desesperadamente lutar contra o vício do crack e encontrou pouco apoio na UFMT. Seus amigos se mobilizaram, igualmente seus colegas e professores. Mas a instituição se agarrou na burocracia. Por ele não conseguir mais freqüentar as aulas, o desligaram do convênio, pura e simplesmente. E ficou por isso. Contudo não pouparam declarações cruéis, insensíveis e até irresponsáveis na imprensa.
Esta é a mesma instituição que ignora que drogas como o crack estão se proliferando dentro e na periferia do campus da UFMT do Boa Esperança. Foi ali mesmo que o Toni se viciou. Nas imediações da república em que ele morava, assim como nos corredores da UFMT, a droga e traficantes transitam livremente. Que providência a instituição tem tomado acerca disso? Prefere tapar os olhos e ajudar a condenar seus jovens alunos.
Foi-se o tempo em que o romantismo e a rebeldia de fumar um baseado faziam parte do cotidiano universitário. Agora o ambiente universitário é um dos mercados de drogas pesadas, assim como seu entorno. E a tragédia do crack, a pior delas, bate à porta de todos nós. Meus amigos e colegas, muitos deles vivendo esse drama familiar, sabem do que estou dizendo. Acompanhei esses dramas quando morava ainda em Cuiabá.
Eu mesmo o vivo bem de perto. Tenho um irmão que vive a perambular pelas ruas de Goiânia se consumindo pelo crack. Gilmar, um dos sete filhos adotivos de minha mãe, era um rapaz trabalhador desde criança. Estudou, casou, formou família. Suas três filhas e esposa não agüentaram viver aquela tragédia e o abandonaram. Desde então passou a viver nas cracolândias do bairro Vila Nova, na capital de Goiás.
Minha mãe, já com seus 74 anos e morando agora em Goiânia, acompanha seu infortúnio e, dentro de suas limitações, nos mobiliza a todos para tentar salvá-lo.
O Toni tentou sobreviver. Poucos meses antes de voltar para Brasília, o recebi na minha casa, a qual ele freqüentava com os demais estudantes guineenses. Minha mulher era amiga dele, chegaram de Guiné-Bissau juntos. Ele para curso Economia e ela, Publicidade. Éramos capazes de deixar nossa casa aberta para ele, junto com meus filhos. O Toni não era um bandido. Repito: era uma pessoa amável e respeitadora.
Naquela tarde fria de julho e Cuiabá melancólica devido à carência de seu sol escaldante, o Toni chegou desesperado. Primeiro pediu dinheiro emprestado. Depois, muito envergonhado, chorou no nosso colo. Pediu ajuda, implorou para que afastássemos aquela sua vontade incontrolável de querer consumir a droga. Então começamos a mobilizar os amigos, colegas e seus professores. Ele necessitava de tratamento para poder concluir os estudos e voltar para o seu país.
Dois meses depois voltei para Brasília. Mas acompanhamos daqui a vida do Toni. Ficamos sabendo que ele havia ido para o tratamento. Depois fomos informados que havia vendido tudo que tinha e foi obrigado a entregar toda a sua bolsa de estudos para os traficantes. Quando perdeu a bolsa, foi para a rua mendigar. Foi num desses momentos que entrou na pizzaria naquela noite do dia 22 de setembro.
O Toni é filho de uma família de classe média alta em Guiné-Bissau. Seu pai é agrônomo e possui uma pequena fazenda. Idealista, sempre quis que os filhos tivessem boa formação para ajudarem no desenvolvimento do país. Tem irmãos que estudam ou estudaram na França, Inglaterra e Portugal. Parte da família fez carreira nas forças armadas, onde um tio seu é um dos comandantes.
Certa vez o Toni foi flagrado pela polícia em Cuiabá carregando um botijão de gás que ganhou de um dos colegas, pois o seu ele havia vendido para comprar crack. A polícia o abordou, o levou preso, apesar de afirmar que o objeto era dele. Passou o dia inteiro na delegacia, jogado numa sala e só saiu de lá depois que acionou a Polícia Federal, jurisdição da qual estão os estudantes africanos.
Aqui abro um parêntese. Não foram poucas as vezes que a UFMT acionou a Polícia Federal para perseguir os estudantes africanos que, por um motivo ou outro, não estavam freqüentando aulas ou haviam formado e ainda estavam no Brasil tentando pós-graduações ou empregos.
Setores da imprensa de Cuiabá, motivados por advogados e familiares dos assassinos, utilizam este caso do botijão, entre outros sem gravidade, para propagar que o Toni tinha passagens pela polícia. Como se a tal “passagem” fosse uma sentença de morte.
Antes de continuar, peço licença para contar duas histórias:
Em 1980, um rapaz que faria 20 anos dali a poucas semanas, cursava Agrimensura na antiga Escola Técnica Federal de Goiás e fazia estágio numa cidade a 20 quilômetros de Goiânia. Numa tarde, como fazia todos os dias, entrou às 17 horas no ônibus que o levaria de volta para casa, quando dois policiais o abordaram, algemaram, jogaram no camburão e levaram para a delegacia. Lavraram um boletim e mal ouviram a versão do rapaz. Em seguida, para fazê-lo confessar que havia feito um assalto, os policiais deram-lhe tapas nos ouvidos, murros, beliscões no nariz, nas orelhas, cascudos e ameaçaram quebrar seus dedos com um alicate e queimá-lo com cigarros.
As sevícias duram até que um dos policiais sugeriu ao delegado que o rapaz fosse levado para que a vítima identificasse o assaltante. Àquela altura a cidade inteira já sabia da prisão. Ao chegar à casa da senhora assaltada, de onde foram levados um televisor, aparelho de som e uma bicicleta do filho, o carro da polícia encontrou uma multidão que queria linchar o “bandido”. Os policiais com dificuldade abriram um corredor para a mulher chegar até o carro. Quando ela olhou pelo pára-brisa foi logo dizendo: “Não, não é este. O ladrão é branco!”.
Em 2004, um homem de 44 anos foi abordado pela polícia próximo à sua casa. Estranhou o fato de os policiais o obrigarem a ficar ao lado da viatura, longe do seu carro. Então um dos policiais faz uma rápida revista e aparece com um revolver e um pacote do que seriam drogas. Imediatamente o homem protesta, denuncia a “plantação” e só não vai preso porque estava com a identificação de secretário-adjunto de Comunicação Social do governo de Mato Grosso e ameaçou denunciar os policiais, que imediatamente fugiram do local.
O homem e o rapaz de 24 anos antes é a mesma pessoa: eu. Poderia aqui contar outras várias histórias de arbitrariedades e prisões às quais fui submetido.  Por ser negro, tido como ladrão, drogado e traficante, tive passagens pela polícia. Infelizmente aquela piadinha infame que de vez em quando ouvimos por aí  é de fato uma máxima entre policiais: “Preto parado é suspeito, correndo é ladrão”.
Quantas passagens pela polícia justificam uma morte?
Mereceria eu morrer por ter cometido o crime de ter nascido negro?
Mereceria eu morrer pelo crime de provocar aos policiais a sanha assassina de quem ainda nos vê como escravos, como sub-raça, como seres desprezíveis?
Mereceria eu morrer porque há cinco séculos retiraram meus antepassados da África, jogaram num navio negreiro, atravessaram o Atlântico, os leiloaram, os submeteram a ferro e fogo, os jogaram nos canaviais, minas e fazendas, os subjugaram nas senzalas, colocaram no pelourinho, humilharam, sugaram seus sangues e suores, para depois, com a abolição, os jogarem as ruas como se fossem animais, sem direito a dignidade?
Deveria eu morrer por ser filho de Clarice Laura e José Orozimbo, neto de José e Regina e de Josefa e Pedro Alves, por sua vez netos e filhos de escravos?
Este é meu crime?
Por favor, se é este o meu crime, então que me matem! Mas me matem apenas uma vez. Não façam como estão fazendo com o Toni.
Depois de ser trucidado pelos “bad boys da intolerância”,  Toni corre o risco de ser massacrado, pisoteado, sangrando até a última gota da sua dignidade.
PS: O corpo do Toni ainda está no IML de Cuiabá aguardando resultados de exames pedidos pelo delegado que acompanha o caso e a chegada da família para liberá-lo.
Dona Cecília, mãe dele, me informou que um de suas irmãs, que é arquiteta na França, deve vir ao Brasil.
A Embaixada de Guiné-Bissau em Brasília também está acompanhando o caso e prestando apoio à família.
O governo brasileiro, por meio do Itamaraty, já se manifestou, repudiando o crime e pedindo desculpas à família e aos guineenses.
Amigos e compatriotas do Toni estão se mobilizando em Cuiabá e aqui em Brasília, denunciando o assassinato e pedindo para que seja tipificado como motivado por racismo.
Se desejarem ir ao link onde o texto foi originalmente publicado, acessem: http://mariafro.com.br/wordpress/2011/09/26/joao-negrao-as-duas-mortes-de-toni-guineense-assassinado-em-cuiba/
Nota Ordidja
Depois de ler este texto e estando a lidar com este caso diariamente desde sexta-feira dia 23, não há como conter a comoção! A Boa Esperança, que alimenta o acreditar na Justiça, tem-me acompanhado todos os dias.
Aproveito a oportunidade para informar aos leitores que o corpo sem vida, de Toni Bernardo da Silva, será transladado para Bissau! Os tramites para o translado, está a ser tratado pela representação diplomática brasileira em Bissau!
Descansa em PAZ irmão, Toni Bernardo da Silva!  
MUITO OBRIGADO!!!

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Em quê, que ficamo???


Meus amigos/as
Aqui vai uma explicação muito pertinente. ( e não pertinenta ). Infelizmente a jornalista Pilar del Rio costuma explicar, com um ar de catedrática no assunto, que dantes não havia mulheres presidentes e por isso é que não existia a palavra presidenta... Daí que ela diga insistentemente que é Presidenta da Fundação José Saramago e se refira a Assunção Esteves como Presidenta da Assembleia da República.  Ainda nesta semana, escutei Helena Roseta dizer: «Presidenta!», retorquindo o comentário de um jornalista da SICNotícias, muito segura da sua afirmação...
A propósito desta questão recebi o texto que se segue e que reencaminho:
Uma belíssima aula de português. Foi elaborada para acabar de uma vez por todas com toda e qualquer dúvida se temos presidente ou presidenta.

 A presidenta foi estudanta?
 Existe a palavra: PRESIDENTA?
Que tal colocarmos um "BASTA" no assunto?
 No português existem os particípios activos como derivativos verbais.
Por exemplo: o particípio activo do verbo atacar é atacante, de pedir é pedinte, o de cantar é cantante, o de existir é existente, o de mendicar é mendicante... Qual é o particípio activo do verbo ser? O particípio activo do verbo ser é ente. Aquele que é: o ente. Aquele que tem entidade.  Assim, quando queremos designar alguém com capacidade para exercer a ação que expressa um verbo, há que se adicionar à raiz verbal os sufixos ante, ente ou inte. Portanto, a pessoa que preside é PRESIDENTE, e não "presidenta", independentemente do sexo que tenha. Se diz capela ardente, e não capela "ardenta"; se diz estudante, e não "estudanta"; se diz adolescente, e não "adolescenta"; se diz paciente, e não "pacienta".
Um bom exemplo do erro grosseiro seria:
 "A candidata a presidenta se comporta como uma adolescenta pouco  pacienta que imagina ter virado eleganta para tentar ser nomeada representanta. Esperamos vê-la algum dia sorridenta numa capela ardenta, pois esta dirigenta política, dentre tantas outras suas atitudes barbarizentas, não tem o direito de violentar o pobre português, só para ficar contenta".  Por favor, pelo amor à língua portuguesa, repasse essa informação...
Agora vamos lá ler a justificação brasileira do uso da palavra PRESIDENTA que enviei ao meu amigo, irmão e camarada de longa data, Heitor Nancassa, a quem agradeço o envio da mensagem, supracitado.
Uso da palavra "Presidenta"  04/07/2011 às 18h35
Uso da palavra "Presidenta", preferência da própria candidata eleita.
A partir de 1º de janeiro de 2011, o Brasil tem pela primeira vez uma mulher na Presidência da República. A novidade, porém, trouxe uma dúvida. Para outros cargos de governo a questão do gênero não se mostrou polêmica.

À medida que mulheres foram ocupando funções como as de ministra, governadora e deputada, por exemplo, a alteração do substantivo do masculino para feminino não levantou tantos questionamentos. Mas para presidente, qual seria a regra certa: a presidente ou presidenta?

A norma culta da língua portuguesa acata as duas formas como corretas e aceitáveis. De acordo com o dicionário Houaiss, “presidenta” é o feminino de presidente, embora seja menos usual. Já o dicionário Aurélio diz que a palavra pode ser usada no masculino e feminino, apontando “presidenta” como “esposa do presidente” ou “mulher que preside”.

Está no site da Presidência da República Federativa do Brasil que é: www.planalto.gov.br
Nota Ordidja
Pois é, agora é que o neguinho ficou com dúvida memo!!!
Em quê, que ficamo?
Brasileiramente falando? Ou tugamente falando?
Craro, sacou nê!?
FUI
  

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Movimento negro de MT acredita que morte de estudante é caso de racismo

Estudantes guineenses e africanos da Universidade de Mato Grosso(Foto: G1)
Fonte: G1
Entidade prefere que investigações sejam conduzidas por órgãos federais. OAB-MT se comprometeu de acompanhar o caso.
O Grupo União de Consciência Negra de Mato Grosso acredita na hipótese de que a morte do estudante africano, Toni Bernardo da Silva, que foi espancado por dois policiais e pelo filho de um delegado aposentado, seja mais um caso de racismo. Além disso, avaliam que as investigações deveriam ser feitas por órgãos federais.

Para a presidente do grupo, Daniela Rodrigues de Oliveira, o caso deve ganhar uma repercussão internacional. “Se nós conseguirmos passar a competência do caso do nível estadual para o federal iniciaremos um precedente histórico em Mato Grosso”, frisou.

A ordem dos advogados também vai acompanhar as investigações do assassinato do estudante Toni Bernardo. De acordo com presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso (OAB-MT), Betsey Miranda, são constantes as denúncias de agressões que envolvem policiais. “O agente agressor era quem deveria dar segurança policial. Infelizmente esta situação tem sido repercutida nacionalmente e até mesmo fora do país”, pontuou.

A corregedoria da polícia militar abriu procedimento administrativo para apurar a conduta dos acusados pela morte do estudante. O advogado dos policiais , Leonardo Moro, afirmou que eles só imobilizaram a vítima e as agressões partiram de outras pessoas que estavam no restaurante.

Homicídios contra negros
Conforme o Mapa da Violência no Brasil, divulgado neste ano pelo Ministério da  Justiça neste ano, em 2002 morreram proporcionalmente 58% a mais de jovens negros do que brancos por causa de homicídios. No ano de 2008, o registro de vítimas negras foi de 134 vezes superior que pessoas brancas.

domingo, 25 de setembro de 2011

FÉ na JUSTIÇA


Virou moda...
Fonte: Midia News
O assassinato do estudante Toni Bernardo da Silva, 27, natural Guiné-Bissau (África Ocidental), na quinta-feira (22) à noite, em Cuiabá, após ser espancado por um empresário e dois PMs, teve repercussão nacional. Os jornais Folha de S. Paulo, O Globo e O Estado de S. Paulo, além de vários sites, noticiaram o fato. Que, para variar, confirma a tese de que a capital mato-grossense só ganha destaque na mídia nacional quando é palco de violência, do narcotráfico e de escândalos políticos.

Reportagem do jornalista cuiabano Rodrigo Vargas, na Folha, cita a versão do advogado dos policiais, Leonardo Dower: ele disse que ambos tentaram proteger a vítima de agressões de "vários clientes e até do dono da pizzaria". "Muita gente veio para cima para chutar, agredir. Meus clientes tentaram controlar a situação, mas não foi possível", afirmou o advogado.  

Nota Ordidja
Se este caso de assassinato vil e cobarde do estudante guineense Toni Bernardo da Silva, virar novela, será um “aí Jesus nos acuda”. Para além de várias versões contraditórias do ocorrido, os assassinos, estão a querer contar, das duas uma: o que sucedeu realmente ou uma estória rocambolesca para tentarem sair impunes do CRIME que cometeram.

E se esta versão do advogado dos dois polícias a paisana, se tornar relevante no processo então estaremos perante um crime de fórum racial, que obriga as autoridades competentes a recolher o depoimento de todas as pessoas que estiveram na Pizzaria nessa noite. Todos os freqüentadores do estabelecimento devem ser ouvidos! Na conversa que mantive ao telefone com alguns jornalistas que estiveram no local do crime, já tinham focado esta perspectiva de linchamento racial. Caso venha ser provada esta versão, será vergonhoso para a capital mato-grossense, um crime desta natureza, tendo em conta que o Brasil é um país de maioria negra!

Quero acreditar que as autoridades judiciais brasileiras serão duras e exemplares ao julgar este processo, e continuo com Fé, que este ato hediondo não ficará impune!
Foi sem sombra de dúvida, um gesto notável o pedido de desculpa do ministro brasileiro António Patriota, ao ministro guineense Adelino Mano Queta em Nova Iorque, e o lamento público das autoridades brasileiras. À Ordidja acompanhará este caso até ao fim. Pede-se, sobretudo JUSTIÇA e que os criminosos sejam colocados na CADEIA! Tenho Fé na Justiça brasileira!

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Morte por esclarecer

Toni Bernardo da Silva

Acadêmico africano é espancado até a morte; há suspeita de PMs envolvidos

Fonte: Olhar Direto
Um estudante da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) foi morto no final da noite de quinta-feira (22), durante uma confusão na pizzaria Rola Papo, localizada no bairro Boa Esperança, em Cuiabá/MT. De acordo com a Polícia Civil, o rapaz foi vítima de espancamento e dois policiais militares estariam envolvidos. A vítima é Toni Bernardo da Silva, 27 anos, estudante do curso de Economia e natural de Guiné Bissau. Três pessoas suspeitas de terem participado da ‘briga’, dentre elas dois PM’s, estão prestando depoimento na Delegacia de homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), ao delegado Antônio Esperândio.
Na manhã desta sexta-feira (23), o delegado afirmou à imprensa que os policiais militares identificados como Higor Marcel Mendes Montenegro, 24 anos, e Wesley Fagundes Pereira, 24 anos, e Sérgio Marcelo Silva da Costa, que seria filho de um delegado da Polícia Civil, foram autuados em flagrante por homicídio. O laudo inicial da causa morte constatou que Toni morreu por asfixia devido a uma fratura na traquéia. “Segundo as testemunhas, a vítima (Toni) chegou ao local e ficou importunando os fregueses. Após insistir em pedir dinheiro a eles (fregueses), acabou sentando ao lado da namorada de um dos envolvidos (Sergio) e a abraçou por trás. Aí ela tentou se desvencilhar e ele (Toni) foi dominado por dois policiais militares à paisana que estavam no local”, explicou o Esperândio.
O delegado informou ainda que no local do crime não foi encontrada nenhuma arma, o que confirma a versão de que os dois policiais estavam desarmados.
As esposas dos policiais que estavam na pizzaria, disseram à reportagem do Olhar Direto, que em nenhum momento eles agrediram o estudante, apenas o seguraram para tentar conter a briga. Uma delas, grávida, ressaltou a hipótese de que Toni estaria drogado. “Ele estava muito louco. Parece que estava com o diabo no corpo”, disse. Ela pontuou ainda que Sérgio foi quem agrediu o universitário com chutes na cabeça e, inclusive, teria tentado fugir no momento em que as guarnições da PM chegaram ao local. Passagens Conforme os registros de ocorrências da PM, apresentado pela esposa de um dos policiais presos, Toni possui quatro passagens pela polícia, sendo duas por ameaça, uma por furto de um botijão de gás e uma por crime contra o patrimônio.
As ocorrências foram registradas entre janeiro de 2010 e agosto de 2011. Em um dos B.O.s o estudante é acusado pela amásia de tê-la agredido e invadido sua residência, no bairro Jardim Shangri-lá, no mês passado. Segundo consta do documento, a suposta amásia estaria grávida de seis meses, porém não foi confirmado se o filho seria do universitário.

Estudante guineense agredido até a morte

Foto: Midia News

Fonte: G1
Mulher diz que africano morreu após ser espancado por 10 minutos em MT
Testemunha relata como estudante africano foi morto por PMs e empresário.
Universitário pedia dinheiro em pizzaria e acabou espancado até morrer.
“Ele não teve tempo de reagir e morreu em 10 minutos”. A declaração é de uma testemunha que presenciou a morte do universitário africano Toni Bernardo da Silva, de 27 anos, que foi espancado por dois policiais militares e mais um empresário em uma pizzaria em Cuiabá, na noite desta quinta-feira (22). Por temer represálias, a testemunha preferiu não ter a identidade revelada.
Ela contou ainda que Tony chegou ao local pedindo dinheiro e que era comum ver o rapaz no estabelecimento. O estudante que cursou economia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) fez várias abordagens aos clientes do estabelecimento, até que ele chegou na mesa em que o empresário e a namorada dele estavam e pediu R$ 10. “Ele [Tony] deu um abraço nela por trás, o namorado deu um empurrão nele e os policiais foram pra cima do cara com socos na cara dele”, disse.
Uma outra moradora do bairro tentou apartar a briga, mas não conseguiu. O estudante morreu no local. Os policiais militares, ambos de 24 anos, estavam à paisana e, segundo a testemunha, a todo momento, se identificaram como policiais militares. O empresário, filho de um delegado aposentado em Mato Grosso, e os dois policiais prestaram depoimento à polícia e estão presos. Os policiais estão presos no 3º Batalhão da PM e o empresário em um presídio da capital. Na Justiça, eles deverão responder pelo crime de homicídio. Em depoimento, os policiais alegaram apenas que imobilizaram o rapaz.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Faleceu Aristides Pereira

Fonte: Económico

O primeiro Presidente da República de Cabo Verde Aristides Pereira morreu hoje nos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC).

A informação foi avançada pela ministra da Saúde daquele país, Cristina Fontes Lima, à Lusa.
Aristides Pereira, de 87 anos, estava em Portugal desde início de Agosto, tendo sido operado em Coimbra na sequência de fractura no colo fémur agravada pela condição de diabético

Nota Ordidja

Eterna glória para um grande Combatente pela Liberdade!

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Boa Nota!!!

Guiné-Bissau

Guiné-Bissau: FMI revê em alta crescimento económico para 5,3 por cento
Fonte: Expresso
Bissau, 20 set (Lusa) -- O FMI prevê um crescimento económico do PIB (Produto Interno Bruto) da Guiné-Bissau, em 2011, de 5,3 por cento, reavaliando em alta em mais de um ponto percentual a avaliação que fizera há seis meses.
A previsão foi hoje avançada em Bissau, no final de uma missão ao país, que começou dia 08, a terceira no quadro do Instrumento de Crédito Alargado (ECF, um apoio do FMI para países com poucos recursos).
A próxima missão do FMI à Guiné-Bissau será em dezembro, altura em que a instituição deverá desembolsar para o país mais 3.658 milhões de dólares (2.673 milhões de euros).


Opinião

“A tua tarefa não é buscar o amor, mas simplesmente buscar e achar todas as barreiras que construíste dentro de ti contra ele. Não é necessário buscar o que é verdadeiro, mas é necessário buscar o que é falso” (T-16. IV. 6:1-2). Jesus Cristo
Boa notícia! Faltam seis (6) dias para celebrarmos a nossa una Identidade... Guineense!

sábado, 17 de setembro de 2011

Eterno Bob

"Os ventos que às vezes tiram
algo que amamos, são os
mesmos que trazem algo que
aprendemos a amar...

Por isso não devemos chorar
pelo que nos foi tirado e sim,
aprender a amar o que nos foi
dado. Pois tudo aquilo que é
realmente nosso, nunca se vai
para sempre... "

Bob Marley

Sou de um país com idade do seu Celular


Ora não me apetece, ora arranjava sempre um pretexto, ora revelava aquele ser procrástico que, aparento. Fui adiando, protelando, maquinando este momento. Do que irei falar numa próxima, teklatando, assuntando pensamento LIVRE! Esta de estar aqui, e dar com os dedos, opinião, com cada post, cada batida, cada letra, cada compasso, cada palavra, cada som cada música. Fantasias e mais fantasias para não escrever uma linha sequer, persistiu até minutos atrás.  

Li o estudo “Marketing comercial nas empresas de telecomunicações num contexto de pobreza: O caso da Guiné-Bissau.” Fiquei contente porque aprendi mais uma lição. No estudo se desvendou definitivamente a “geração” da Guiné-Bissau, nesta era da (idade) WEB, das telecomunicações, das novas tecnologias ou do click do mouse, ou como quiser o freguês. Contando com a idade “guerrilheira”, o nosso país tem precisamente a mesma idade do primeiro celular (telemóvel, nome dada na Tuga). 38 anos com base na proclamação de setembro de 1973. O seu celular é da mesma idade e época do meu país, ilustre leitor. Com apenas alguns meses de diferença, cerca de 5.   

Hoje, estamos na era 4G do celular (confesso que gosto mais deste nome) actualmente eles têm tuchs e trazem imensos gagets, e desde a idade do fogo, ou da pedra, ou do ouro ou idade média, que o Mundo, os países, os homens são medidos pela idade. Idade! Vou lembrando aos amigos brasileiros, com o qual troco impressões,  que, estando à caminho dos 200 anos de Independência, é fácil ver-se ao espelho da construção da Nação. E peço-os que imaginem o que é ter “independência” com 38 anos, ou melhor, com 37 anos, tugamente contando! Obviamente! Aceito toda e qualqer opinião que desvaloriza a questão da idade. E da exemplos parvos, como comparando com Cabo-Verde. 

Será que à Guiné está a seguir a evolução dos telemoveis? Será que tem tuchs à mais, gagets à menos?

Mas esteja o “nacionalista feroz” descansado, que não vou escrever mais vocábulos e parvoíces, descomplicados, para além do que já supraescrevi. À Guiné-Bissau é um país novo. Da era do telemóvel, também por um engenheiro criado, para ser mais preciso na semelhança. E enquanto guineenses, gostamos de mandar torpedos (mensagens de télélé ou sms) cômicos quando lidos, farta-se de rir, pelas piadas ridículas que na maior parte das vezes, são. Está tudo muito cômico, realmente. Vive-se numa quase total comicócidade na Guiné.    
Inclusão Digital
Desviando um pouco, vou contar-lhe uma: conheci no ano passado, um guineense extremamente criativo, que se adaptou a nova era do telemóvel, embora vivendo lá bem no interior, da Guiné. Chma-se Saliu, vive numa tabanca de nome Iraki. Guineense, nalu, com um porte atlético, um tês escuríssimo, e com uma função social giro. Carregador de Telemóveis. Para ser mais preciso, carregava as baterias dos telemóveis, de quase toda aquela população que vive perto de Cacine, Sul da Guiné. Onde a era (idade) da energia elétrica ainda não chegou. Sim, ENERGIA ELÉTRICA.    

De Lumo em Lumo (feira das tabancas) Saliu itinerante, graças uma bicicleta Batafus “made in china”, que usa como transporte, vendia os 60m ou mais, que um carregamento de bateria de telemóvel, dura. Com mais de 10 extensores+4 tomadas do chinês, um gerador de energia elétrica minúsculo= facturação de CFA 1000 Xof (mil francos CFA) moeda local. Forma criativa de ganhar a vida e empreendedora de gerar renda (redimento) como este há poucos. Na Guiné e no mundo. Quem sabe à Guiné-Bissau, encontre um criativo, e BOM ENGENHEIRO, para gerar renda e fazer-nos crescer. Que não crie temas supérfluos, e nem provoque manobras de diversão. Aquele que não proclama DIVISÃO, mas sim UNIÃO! Àquele com VISÃO!                  

Já agora convido mais uma vez, para o lançamento do livro, @ leit@r que está em Brasília, amigo meu ou não, até porque já foi publicado na imprensa escrita. Passado a pente fino pelas Agendas, e pelos corredores da imprensa local. Já passou de redação em redação, tanto Correio Brasiliense como Jornal de Brasília, já publicaram notas sobre o evento. A Embaixada da Guiné-Bissau no Brasil à Thesaurus Editora e o Instituto Camões da Embaixada de Portugal, avançaram juntos, para celebrar a data Nacional guineense com uma atividade cultural. O mais-velho Francisco Conduto de Pina, “Fidju di Terra”  (como nos chamamos um ao outro) vai lançar o belíssimo (dentro e fora) livro de poemas, “Palavras Suspensas”. Poesia com música vão estar de mãos dadas nesse evento! É que o pianista português Adriano Jordão, executará a “Grande Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional Brasileiro” em honra da casa, concedendo um recital de piano, indo buscar uma partitura genialmente escrita e criada e deixada para posteridade pelo compositor Louis Moreau Gottschalk.
PS: Waldir: Tive um breafing com um amigo comum, Marco Polo. Tem um Livro já “pós-independência” do Prelo. Já está editado. Figuras nesse livro, com uma entrevista bem dada. Com algum conteúdo, claro!

GUINÉ-BISAU vs Télélé vs Outras Verdades!!! Próximo episódio...não perca 
Bom sabat!!!