sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Contra políticas traumatizantes eu vou!


É crucial que a sociedade civil se manifeste sem medo! Só assim a qualidade da nossa democracia poderá melhorar. No próximo dia 12 de março, é a vez de a juventude ser ouvida e fazer-se ouvir...


Fonte: Público

A geração à rasca e a (má) política do desenrasca



1. Nas últimas semanas, verificaram-se dois factos sociológicos da maior importância: a revolta justificada (e justificável) da juventude face à precariedade laboral e à falta de perspetivas de futuro; por outro lado, o abandono dos mais velhos, enredados na mais profunda solidão. Diversos comentadores consideraram estarmos perante duas realidades contraditórias: afinal, os jovens são é demasiado pretensiosos, pois eles são beneficiados - os idosos, esses sim, é que sofreram e sofrem as amarguras da mudança radical da sociedade. Este argumento - embora útil às dondocas do nosso regime e do status quo - é de rejeitar liminarmente. A verdade é que a falta de futuro e a ignorância do passado não são realidades contraditórias, que se anulem reciprocamente - pelo contrário, são realidades complementares, que convivem uma com a outra. O que evidencia que Portugal se tornou um país que não cuida e despreza pornograficamente o seu futuro e ignora vergonhosamente o seu passado - somos imediatistas. Só queremos saber do presente. Do hoje. Do agora. E isto reflete-se ao nível político.
 

1.1. Com efeito, as políticas públicas tomadas pelos sucessivos governos (de esquerda ou de direita) são orientadas pela vox populi do momento, para alcançar a máxima popularidade no imediato. Percebe-se porquê: os governos querem ser reeleitos e para tal precisam do apoio popular maioritário. Mais do que pensar e executar reformas estruturais, mais do que tentar antecipar e planear o futuro, os nossos governantes rendem-se aos encantos da sereia do presente. À espuma dos dias. Já repararam que Portugal raramente (nunca?) resolve um problema - adia a sua resolução para data indeterminada, preferindo esconder o problema. Naturalmente, são as gerações que pagarão a fatura. E bem caro! É a mais descarada política do desenrasca - os nossos governantes quando confrontados com problemas sérios a carecer de resolução atiram a batata quente para outros, não considerando sequer o prejuízo para o país que advém de tal atitude. Até na (má) política do desenrasca tem dominado a incompetência - daí estarmos onde estamos, a caminhar alegre e contentes para a bancarrota, com o fantasma do FMI ou do fundo europeu a pairar sobre nós.

1.2. Dito isto, perguntar-me-á: mas porquê a desconsideração dos políticos pelos jovens e pelos mais idosos? Há alguma explicação política? Há. É a seguinte: os políticos convenceram-se que quem determina o resultado das eleições é a classe média, sobretudo na faixa etária superior aos 30 e inferior aos 60 anos de idade. E a sua maioria esmagadora dos nossos deputados correspondem a esse perfil - logo, não é útil, nem conveniente assumir um discurso virado para os jovens, muito menos para os mais velhos. Não é politicamente pagante - pensam os dirigentes máximos dos partidos. Há, pois, um défice de representação política da juventude e dos idosos que se manifesta no seu afastamento no processo de decisão das políticas que os afetam. As juventudes partidárias não têm o peso nem a capacidade de influenciar os partidos que deveriam ter - deveres de solidariedade, de alinhamento conjuntural com o líder partidário do momento, a não atenção mediática em torno das suas iniciativas (muitas vezes, não trabalham para a ter) subalterniza o seu papel e aumenta a desconsideração da juventude portuguesa em relação à participação cívica dos partidos. Pertencer a uma juventude partidária tornou-se um labéu que os jovens não querem ter.

2. Em suma, eu pertenço e estou solidário com a manifestação da "Geração à Rasca", que se realizará no dia 12 de março (Lisboa e Porto). Não quero saber se está conotada com o BE, com o PCP, com este ou com aquele - o que releva é a manifestação espontânea, inorgânica, do descontentamento da juventude. Exteriorizar a discordância e o descontentamento de forma pacífica é participar politicamente. Claro está que vários personagens da esquerda travesti ou da direita tonta vieram já dizer que a manifestação não faz sentido nenhum. Claro: é que esta gente tem uma alergia à intervenção ativa da sociedade civil. Ora, na minha opinião, não há democracia consistente sem uma sociedade civil forte. Sem medo de tomar posição sobre o destino do país. Precisamos de mais iniciativas como a da Geração à Rasca. Pode ser que os políticos percebam - finalmente! - que há vida para além dos jogos florais políticos do costume. Que a juventude seja, pois, ouvida... Portugal também precisa de nós.
 

Nota Ordidja

Estive a trabalhar com recibos verdes, conheço este drama por experiência própria. Por um “destino fatal” diria o meu amigo Waldir Araújo, vou participar nesta manifestação, do dia 12 de março, vestindo a camisola da precariedade, abençoada, pelas políticas de merda que tem sido promovida pela direita portuguesa. Vou participar nesta manif, não pela distorção óbvia dum impulso revolucionário, não! Nem por princípios religiosos, com fome de algo espiritual. Não será por essas causas! Mas sim, vou participar nesta Manif, pelo facto de estar a preparar-me para enfrentar o “Fascismo” de porcelana, que tem caracterizado os últimos anos de Portugal. Vou estar do lado onde quero estar, e vou bater-me por algo que descrimina, explora, maltrata, empobrece, ofusca e entristece um cidadão. De que princípios mobilizadores ou valores preciso, mais??? Preciso sim, duma tenda para acampar na Avenida da Liberdade, para estar de princípio ao fim na manif!

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Imagens que mutilam o otimismo



Opinião:

Continuando na vaga do debate que se criou a volta daquilo que foi considerado por muitos “ terrível ato” do fotojornalista sul-africano Kevin Carter, que pessoas de má-fé e de mentes malignas, chamaram de “abutre”.

Trago outra foto para ilustrar este pequeno artigo de opinião, uma foto que foi utilizada em tempos atrás como cartaz para uma campanha de solidariedade aqui em Portugal. Não trarei o nome da instituição que fez a referida campanha, até porque considero irrelevante, nesta altura do campeonato. Mas, posso adiantar que foi uma das muitas campanhas que se fizeram em nome dos que na época da referida foto se chamavam países sub-desenvolvidos. Hoje com a onda do  politicamente correto, chamam-se países em vias-de-desenvolvimento ou baixo rendimento (conforme as vontades) mas que na gíria de muitos gabinetes onde são criadas estas campanhas, são mais conhecidos por: os coitadinhos e famintos africanos. Isso para dizer o quê? Aviso já o seguinte: quero acreditar que a criança desta foto está viva. E não serviu de banquete para nenhum “abutre” ou aquilo que chamamos na Guiné, Djugudê.

É que depois desta descoberta dos jornalistas do jornal espanhol, EL MUNDO, que altera as convicções e prova que afinal a criança fotografada pelo malogrado Carter, não foi banquete do “abutre”. E volto a relembrar que essa foto ou imagem deu volta ao mundo, carregando a versão contraria. Imagine o leitor que fosse nos dias que correm, e que essa foto tivesse ganho o Pulitzer. Então com sites, blogs e redes sociais (facebooks, hi5 e etc…) onde muitos forjam opinião, sem factos e com base na “interpretação” NEGATIVA das imagens. Sobretudo aqueles que gostam mais de julgar do que agir. 

Mas dizia: é talvez chegado altura de se falar da utilização de fotos que envolvam crianças nas campanhas que se fazem pelo mundo inteiro. Algumas instituições e ONGs são craques nisso. Agora, o que me faz pena, é quando muitas vezes constato, que ainda está instalada em algumas cabeças ocidentais (e daqueles que têm o ocidente como único quadro de referência) a facilidade de agregar estas imagens, ao conceito de “assistencialismo” aliado as políticas de ajudas. Ainda por cima afirmam que essa é a melhor via de se fazer, ou exercer, à cooperação com os ditos países pobres. Não será preciso escrever aqui, qual a minha opinião, até porque isso não é o que importa. E nem é fundamental. Porque o fundamental, é que haja pão, e que as crianças do mundo inteiro deixem de viver com barriga fazia, e parem de morrer de fome. E isso tem acontecido e infelizmente acontece, todos os dias no ocidente e em larga escala em África!

Todo este alarido, sobre a foto de Kevin Carter, e com base nas leituras que fiz das imensas opiniões formuladas sobre este tema, fez-me pensar como seria magistral investigar e tentar saber, se a criança desta foto que trago, conseguiu ou não se salvar (embora continuo a acreditar que sobreviveu como escrevo mais a cima) depois da ajuda daquela MÃO BRANCA que se vê estendida, como reclama a imagem. Seria interessante não seria? De imagens em imagens vão-se mutilando o futuro de muitos países donde são essas crianças. Será que vale a pena perguntar se essas imagens fazem crescer o afro-pessimismo? É melhor não!? Pois já digo no título que mutilam o otimismo!

Deixem-me apenas terminar, com esta nota, isto porque hoje, preferi não debruçar em assuntos relacionado com à Líbia, e muito menos quis fazer considerandos sobre o discurso delirante de Kadhafi, porque está cada vez mais evidente o estado avançado de agonia política, do futuro ex-presidente da Líbia.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Elementar, caro Kadhafi



Fonte: Rádio Renascença

Conselho de Segurança da ONU debate crise no país


O Conselho de Segurança das Nações Unidas reúne-se hoje para debater a crise na Líbia, noticiou a AFP citando o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
Conselho de Segurança da ONU debate crise no país. Em Los Angeles, onde participa num evento, Ban disse também que tinha falado ao telefone com o líder líbio Muammar Kadhafi, exortando-o a dar mostras de moderação. "Exortei-o a respeitar os direitos humanos, a liberdade de reunião e de expressão", disse o secretário-geral da ONU.
 
Opinião
Elementar, caro Kadhafi

Depois de ter mandado o filho falar barbaridades na televisão pública líbio, Kadhafi, resolve pronunciar sobre o seu paradeiro. O país arde, e o tirano líbio faz tiradas de quem realmente não respeita ou melhor nunca respeitou à Vida Humana. O mais triste nas declarações de Kadhafi foi quando afirmou “estou na Líbia não fui para Venezuela”. Diria um amigo “fim duma criatura”…

Está claro que o mundo está perante um dos homens mais sangrentos da estória da humanidade. Convém que a comunidade internacional e as Nações Unidas, não fiquem só pela condenação dos últimos atos perpetrados por Mouammar Kadhafi. Como pode passar na cabeça de um homem mandar bombardear com aviões (caças bombardeiros) e helicópteros, manifestantes desarmados. Homens que apenas pedem aquilo a que têm direito, Liberdade. Liberdade! Quanto custas palavra simples. Espero que as instituições penais internacionais, mostrem mais firmeza e acusem desde de já, Kadhafi, por crimes contra a humanidade e de genocídio contra o povo líbio. Kadhafi está a ser à maior vergonha de África. De todos os países que compõem à União Maghreb Árabe (UMA) que neste momento estão a ser sacudidos pelo vento de Mudança, à Líbia apresenta o quadro mais complicado, muitos dos comentadores ocidentais gostam de sublinhar “quadro negro” eu diria “quadro branco”.

Já se conhecia as depravações de Kadhafi, mas creio que ninguém pensou ou sequer imaginou, que chegaria a este ponto. As mortes não param de aumentar na Líbia, e da União Africana(UA), pouco ou quase não se ouve falar. O que se passa com a organização dos países africanos? O que se passa com os países que lutaram para à Liberdade dos seus Povos? Países que prometem aos cidadãos através da Constituição, liberdade de opinião, de expressão e de escolha. Ninguém condena as atrocidades do regime de Kadhafi?! Onde estão os homens que defendem os Direitos Humanos em África? Está límpido como água, que o os povos maghrebinos estão fartos desses ditadores que perfilam há décadas no poder nos respetivos países. Está claro como dia, que os árabes já não estão dispostos a viver mais, sob regimes totalitários e opressores como do Kadhafi e outros.

E é elementar, caro Kadhafi, que à UA está com medo do senhor. Que os presidentes duma África ainda amordaçada, têm pavor que a força do Povo erga, como está acontecer nos países da UMA. E seria bom que os ditadores todos começassem a zarpar para às arábias.

Já agora, uma alerta ao regime angolano: o melhor nestas alturas é falar pouco. Ou se possível mesmo, não falar. Pois atitudes ou reações como as que estão a ser produzidas por alguns membros do MPLA, em ameaçar o povo, com palavras como “vão apanhar” ou “não vamos permitir” só agravam a situação e aumenta a revolta do Povo Sofredor. E o povo angolano é um povo que sofre, e é oprimido a olho nu há décadas, por um regime totalitário camuflado de democrático. O vento da Mudança e da Liberdade vai chegar à Angola, mais cedo ou menos tarde, do que muitos pensam.

Imagens que gritam



 

Fonte: Público

Criança sudanesa que deu Pulitzer ao fotógrafo Kevin Carter sobreviveu ao abutre

O diário espanhol El Mundo foi procurar a criança sudanesa fotografada em 1993 pelo fotojornalista Kevin Carter, que lhe valeu o Pulitzer em 1994. O abutre que esperava pela carcaça do bebé subnutrido afinal ficou sem refeição. Era um menino e só acabou por morrer mais tarde, há quatro anos, de “febres”, contou o pai.
Deve o fotojornalista apenas mostrar a realidade crua através da sua lente ou interferir nela quando a sua consciência assim o exige? Kevin Carter achou que não devia interferir, em 1993, quando fotografou, para o New York Times a imagem de um bebé do Sudão, caído no chão, enquanto no mesmo plano um abutre esperava pacientemente pela refeição. Não salvou a criança e o mundo, que deu o bebé como morto, criticou-o e chamou-lhe a ele próprio abutre. Carter acabou por ganhar o prémio Pulitzer com esta imagem que o perseguiu e o levou ao suicídio aos 33 anos.

Afinal, conta este fim-de-semana o El Mundo, o bebé era um menino, chamava-se Kong Nyong, e sobreviveu ao abutre. Segundo o jornal espanhol a enfermeira Florence Mourin, que coordenava os trabalhos do programa das Nações Unidas para o combate à fome no Sudão em Ayod, o local onde tudo aconteceu, que o menino estava a ser acompanhado, como prova a pulseira branca na mão direita, que se podia ver na fotografia premiada. Uns tinham a letra T nas pulseiras, para casos de subnutrição grave. Outros tinham a letra S, quando precisavam de suplementos alimentares. Kong, que tinha marcada na pulseira a inscrição T3, sofria de subnutrição grave, foi o terceiro a chegar ao centro das Nações Unidas. E sobreviveu, conta Florence ao El Mundo, que foi até Ayod para reconstituir, 18 anos depois, a história daquela imagem.
Kong viveu até 2007, depois morreu de “febres”, contou o pai do menino.
(…)
A fome no Sudão matou 600 mil pessoas em 1993. A guerra civil e a seca provocaram no país centenas de refugiados naquela década. O país continua a ser um dos focos de crise humanitária mais graves do planeta.

Nota Ordidja

Deve existir ou não limite na captação de imagens que envolvem seres humanos?
Eis a questão...

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Vai-te embora Kadhafi


                                          Ilustração: Khadlid

Embora os números são contraditórios, mas já se contam que centenas de Vidas Humanas foram perdidas na Líbia. Milhares de homens foram molostrados e outros milhares estão a ser torturados neste preciso momento. Agora mesmo! Por um Mundo sem tiranos, ditadores, déspotas, criminosos e todos aqueles que através deles se manifestam comportamentos de extrema malvadez humana. O futuro ex-presidente Muammar al-Kadhafi, deve ser julgado por todos os crimes que o seu regime está a cometer contra cada vida humana, que tombaram e ainda estão por tombar na Líbia. 

Vai-te embora Kadhafi! Basta de mortes, chega de "certezas fixas" descarregados no semelhante humano, com torturas. Pelo Direito Universal de cada Humano, vai-te embora Kadhafi!   

sábado, 19 de fevereiro de 2011

No futuro Kadhafi cai



Fonte: RTP

Acesso à Internet cortado durante a noite -- Sociedade especializada
O acesso à Internet foi cortado durante a noite na Líbia, onde o regime procura impedir os manifestantes antigovernamentais de se organizarem e comunicarem entre si, noticiou a AFP citando a Arbor Networks, sociedade especializada em comunicações na Internet.

A Líbia "interrompeu bruscamente" o acesso à Internet às 00:15 tmg (mesma hora em Lisboa), segundo a Arbor Networks, com sede nos Estados Unidos, adiantando que as ligações Internet já estavam afetadas na sexta-feira. Na Líbia realizaram-se na sexta-feira, em diversas cidades, manifestações reclamando o afastamento de Muammar Kadhafi, no poder desde 1969, muitas delas convocadas por grupos constituídos no Facebook.
 
Opinião
No futuro Kadhafi cai
Os primeiros capítulos são quase todos iguais. Mata-se, esfola-se e brutaliza-se vidas humanas. Já tombaram na Líbia cerca de oito dezenas (os números são contraditórios) de pessoas. Homens estão a dar o corpo ao manifesto, reescrevendo paginas heróicas na história do povo líbio. Quantos mais terão que sucumbir para que Muammar Kadhafi, abandone o poder? Se o contágio se mantiver no mundo árabe, vamos ter semanas ou no caso líbio meses, para que finalmente, a Liberdade triunfe.

Levanta-se um problema: as autoridades líbias suspenderam as ligações via NET. Sem o mundo acompanhar com o click do rato, este esgrima entre os defensores do Direitos Humanos e Kadhafi, haverá maiores atrocidades, acompanhado com malvadez em larga escala e produção incalculável do medo dos “cães de guarda” do governo líbio. Mas Deus, Ala e todas as Divindades estão com os oprimidos e fortalecerá as suas esperanças. Não é preciso ser apocalíptico, para prever o sofrimento deste Povo corajoso da Líbia, que suportou quatro décadas o perturbante tirano líbio, Kadhafi.


Essa cara feia já não assusta ninguém. Põe-te a andar, e quanto mais cedo melhor filosofo do “Livro Verde” de meia tigela. Os interruptores da barbárie que foi e tem sido o regime de Muammad Kadhafi, já foram desligados, agora nem ele, nem ninguém pode parar o tempo, e muito menos o vento da “Mudança”. Na sequência dos capítulos seguintes, teremos todos os mesmos receios, confiança nas palavras dos corajosos libertadores, porque Líbia, é só mais um lugar comum da opressão. E no futuro Kadhafi cai

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O Vento da Liberdade já deu à costa da Líbia

                            Foto: AP  (Mubarak leva pff Kadhafi contigo)


Sob a palavra de ordem “Revolta de 17 de fevereiro de 2011: para fazer um dia de ira na Líbia”, um grupo na rede social Facebook está a apelar para uma revolta contra o regime do líder líbio, Muammar Kadhafi.

Um outro grupo, com mais de 2.600 elementos, está a convidar o povo líbio a sair à rua por “um dia de ira contra a corrupção e o nepotismo”, assinalando o aniversário da morte de pelo menos 14 manifestantes em Benghazi (nordeste) a 17 de fevereiro de 2006.



Hoje começou, e amanha vai haver mais. As manifestações não param no mundo árabe. Foi marcada para amanha (quinta-feira) uma manifestação na Líbia do tirano Kadhafi, para exigir maior Liberdade de Expressão e Política.


Esta convocatória é pioneira em vários aspetos e uma em particular, está a ser divulgada pela internet. Os líbios estão a ser sacudidos para um novo despertar, através das redes sociais e mails eletrónicos. No final do dia de hoje, à União Europeia (U.E) a partir de Bruxelas instou Tripoli para que permita maior “liberdade de expressão” aos cidadãos. Vamos ver até que ponto é que esta pressão vai resultar.

Pois não vá U.E. esquecer que um dos seus membros, este aqui no Sul, através do paladino de São Bento andou, a assinar acordos com o líder Kadhafi. A hipocrisia não para, e nem apresenta sinais de abrandar. No caso do Egito, lá se foi buscar às contas bancárias do Mubarak, o dinheiro já estava na Europa. Foi fácil!

Os milhões depositados nos Bancos europeus pelo ex-presidente egípcio, Mubarak, conhecido à séculos a sua existência, só agora incomodaram a comunidade europeia. Deu-me pena ao imaginar que uma criança egípcia, não terá pão na mesa amanha para comer, e fez-me náuseas agorinha mesmo, quando imaginei num rasgo, ver um dos administradores de um desses Bancos a comprar colares de diamantes para uma das concubinas.

Desculpem o frenesim destes dias leitores, mas é que, já estou com pressa que este bendito Vento da Liberdade, sopre mais para o Sul do continente. E isso ajude os guineenses equatorianos e angolanos a travarem as somas milionárias que estão a dar à costa por estas bandas, para salvar este retângulo colado ao Atlântico do naufrágio anunciado.

Deixando para trás agora um pouco a hipocrisia europeia, e voltando para à Guiné-Bissau, até porque ultimamente depois de cada golpe militar, os revoltosos eram premiados pelo Governo líbio, a minha questão é?
Como é que um ditador e tirano tipo Kadhafi, pode ser um amigo em quem confiar??? Chegando ao ponto de mediar as nossas desavenças… Haja respeito, pessoal!!!

Quem é Juan Tomás A. Laurel


Juan Tomás Ávila Laurel. Es un joven y prolífico escritor, residente en Malabo, donde ejerce como técnico sanitario. Se ha convertido últimamente en un exitoso y asiduo conferenciante de numerosas universidades extranjeras. Ha representado a su país en importantes foros internacionales y ha sido conferenciante invitado en España, Reino Unido y Estados Unidos. Su obra se caracteriza por un compromiso crítico con la realidad social y politíca de su país y con las desigualdades económicas. Estas preocupaciones se traducen en una profunda conciencia histórica, sobre Guinea Ecuatorial en particular y sobe África en general. Tiene más de una docena de libros publicados y otros de inminente publicación, entre ellos las novelas y libros de relatos cortos La carga, El desmayo de Judas, Nadie tiene buena fama en este país y Cuentos crudos. Cuenta tambien con obras de tipo ensayístico, libros de poemas y obras de teatro.
 

Ao ler Juan Tómas A. Laurel, este artigo chamou atenção


23 Noviembre 2010
El rey desnudo en Guinea Ecuatorial

Fonte: frontera d

Desde que empecé a mirar las cosas de este mundo, me di cuenta de que en el ámbito de lo que se ha dado en llamar política impera la costumbre de dejarse regir por el síndrome del rey desnudo. Ese síndrome se da cuando los asuntos se juzgan como si los que lo vivieran estuvieran incapacitados para ver lo que cualquiera vería si no estuviera afectado por una dolencia. Pero este espectacular síndrome no ha nacido ahora, sino que tomó verdadera carta de naturaleza con la tontería esta de que había que actuar al dictado de lo “políticamente correcto”. Y este mal afecta tanto a sociedades regidas por gobiernos democráticos como a las dictaduras más cerradas.

Así, cuando a las televisiones de los países más “transparentes” se asoman los políticos para hacer declaraciones, a los televidentes nos dan ganas de exclamar como el niño del cuento ¡pero si está desnudo! Y es que hoy nadie ve lo que se tiene que ver. Si el asunto sobre lo que se trata es de un político ladrón, incluso convicto, el que sale a la pista pública habla del acoso de la prensa, como si fuera el problema importante. Es verdaderamente sorprendente lo que pasa en el mundo con el asunto del rey desnudo, y a cuenta de la soberana tontería de la corrección política. A veces no salimos de nuestro asombro y tenemos ganas de gritar “¡pero si el asunto es este, y no parece escondido! ¿Por qué no lo menciona?” Podría estar agazapada en esta actitud la imperiosa necesidad que tienen para mirar al otro sitio y no abordar los problemas, pues cuando no los mencionan, y creen que por ello no existen, no se ven obligados a resolverlos. Y, de hecho, y en todo el mundo, raro es el político que puede presumir de resolver algún problema de la comunidad en la que ha sido elegida.

Aquí en la no-república de Guinea la situación en torno al hecho del rey desnudo se relaciona con la de la corrección política y genera un lastre desesperanzador. Y es que si es soportable en los países desarrollados, donde las necesidades básicas ya están satisfechas, o en vías de mejorarse, en los países subdesarrollados, o en los “emergentes”, como Guinea, es insostenible. Y es que entre nosotros el síndrome del rey desnudo ha venido aquí para quedarse. Aquí se unen los intelectuales en un plató de televisión y hablan del fuego que arrasa las casas, pero nunca dicen que las casas siniestradas no son tales, sino chabolas de madera barata y planchas de hojalata. Tampoco dicen nada de la carestía de agua en los barrios, hecho que influiría en las tareas del apagado del fuego, que muchas veces corre a cargo de los vecinos.

Se reúnen los diputados del nacional parlamento y pretenden discutir asuntos prosaicos como la aprobación de la ley ministerial sobre el cuerpo de promotores de las mujeres, por ejemplo. Pero un parlamento de un país como este estaría desbordado de trabajo, porque todo está sin hacer. El asunto toma un cariz francamente hiriente cuando los diputados del hemiciclo guineano se reúnen en una cosa que ellos llaman Comisión de Quejas y Peticiones y se ponen a actuar de jueces, con toda la parafernalia y publicidad necesaria. Abrimos los ojos y nos preguntamos, ¿y lo demás?, ¿está todo hecho? Incluso nuestro general- presidente, y por aquello de que se le podría considerar político, padece el síndrome del rey desnudo. Y es que le hemos oído hablar de corrupción en este país, y no sabe lo desnudo que se ve cuando lo dice, aplaudido por los ciegos vasallos de su corte de admiradores. Y es porque en nuestra Guinea Ecuatorial la corrupción tiene carta de legalidad, un hecho sustentado por el nepotismo en el que se instaló desde que alcanzó el poder en 1979.

Y es historia verídica que esta peculiar forma de ejercer el poder lo heredó, habiendo él beneficiado de ello largamente, por ser de donde es. Cuando el acceso a un puesto administrativo se hace sin la mediación de conocimientos para el desempeño del mismo se produce la legitimación de la corrupción, pues con el hecho se reclama un sueldo y unas ventajas para unos individuos que no aportan nada a la entidad en la que han sido colocados. Aquí en la Guinea todos los nepotes colocados en los diversos puntos de la Administración ejercen funciones recaudatorias y de ahí su rápido tránsito a la opulencia.

Ya que del hecho del que estamos hablando es notorio para todos los guineanos, hablar a un grupo de ellos o en al parlamento sobre la corrupción en el país es estar desnudo y no saberlo ni permitir que nadie descubra este estado. Pero hablando de la corrupción siendo el responsable, a la vez beneficiario, de la colocación de los familiares y allegados por todos los puntos económicos del país, ¿no es un acto criminal? ¿No es un acto criminal mirar a otro sitio cuando se está produciendo delitos delante de todos? No parecería descabellado que algunos lo vieran así, pero de lo que no hay duda es que esta manera de actuar es propia de gente cínica. Es decir, y sin necesidad de más silogismos, ser políticamente correcto es hacer del cinismo la norma de vida pública. Los políticos del mundo entero podrían seguir siendo cínicos si sus votantes, que ejercen de cortesanos del rey desnudo, lo quieren. Pero en Guinea las cosas no van bien, y pese a las alharacas de los que se benefician, los nepotes de aquí y las multinacionales de Estados Unidos, France, Canadá y otras potencias económicas. Sería bueno para Guinea que ocupara el sillón un rey que se sintiera desnudo aunque los cortesanos más falaces lo vieran ricamente vestido. Y es que nos gustaría ver qué dirían de sí mismos estos cortesanos, de los que nadie dudaría de su desnudez espiritual y moral.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O escritor Juan Laurel enfrenta o tirano Obiang


Ontem: 15 de fevereiro
Fonte: Blog 19
El escritor Juan Tomás Ávila Laurel abandona Guinea Ecuatorial para protestar contra Obiang desde España
Três dias antes

Fonte: Lusa
Contactado telefonicamente em Malabo, o escritor reiterou que a sua ação de protesto "não está ligada a qualquer força política", mas apenas pretende demonstrar que "é possível a mudança" na Guiné Equatorial, país que pretende aderir à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
"Estou em greve de fome em nome dos cidadãos comuns, dos cidadãos de todos os setores da sociedade. Que vivem anestesiados, que devem ser despertados com a esperança de que se pode mudar este regime".


"El escritor y bloguero ecuatoguineano Juan Tomás Ávila Laurel, que el pasado viernes inicio una huelga de hambre, ha abandonado hoy Guinea Ecuatorial con destino a España, donde pretende continuar su protesta contra el régimen de Teodoro Obiang Nguema, informaron a EFE fuentes próximas al escritor. Ávila Laurel, que llegará al mediodía al aeropuerto barcelonés de El Prat, ha embarcado esta madrugada en Malabo en el vuelo de Iberia, tras pasar sin problemas los controles de seguridad, añadieron las fuentes."

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

E não é que saiu mesmo

Opinião

Depois de ter acompanhado durante a noite de ontem as notícias que davam conta que Mubarak estava em estado de agonia política, depois da tremenda reação popular, provocado pelo discurso mais ridículo da estória do Egito, fiquei com a leve sensação que o único caminho e o desfecho seria, RUA, entenda-se FORA DAQUI.

Hoje fechei os olhos e imaginei Mubarak, fechado em si, com a decisão mais penosa por tomar, durante estes 31 anos que esteve no poder. E na minha imaginação, vi um Mubarak triste, acabado e ao ver-se ao espelho, limitou-se a acenar afirmativamente com a cabeça.

Estava tudo acabado, perdeu. Agoniado e tomado por um misto de negação e tentativa desesperada de encontrar a razão, Mubarak, era um homem sem forças para lutar. Afinal tratava-se de alguém que acabara de ser atingido pela força da Revolução. Desolado deixou que uma lágrima descesse pelo rosto, marcado pelo sangue de muitas mortes e de muitos horrores. Na minha imaginação Mubarak afundou-se relutante e disse; - pronto, acabou, só resta fugir…

Quando a força da União de um Povo avança, não existe Ben Ali, Mubarak ou Cadafi que segure. A fuga de Mubarak, foi mais uma vitória do poder popular e da determinação genuína da vontade de Mudar. Mais uma Revolução histórica para juntar ao panteão das grandes conquistas africanas.

Falta agora este vento da Revolução, rumar para outras paragens como à Líbia, Argélia, Angola e todos os cantos do mundo onde ainda sobrevivem regimes autoritário e opressores. Em frente marche!!!

Braços descruzados com memória duma ocupação

Barack vs Mubarac


Dez anos depois dei “contrada” com esta entrevista, do post anterior. Está no Youtube, graças a ação e vontade do irmão e camarada sãotomense, Humbah Aguiar. Foi giro recordar esse momento, muito obrigado Humbah! É bom descobrir registos e testemunhos duma ligação com uma profissão que abraçamos com gosto, e onde pessoas, lugares e países cruzaram o nosso caminho deixando marcas de todo o tipo. No fundo foi uma boa conversa traduzido em entrevista, com um jovem africano que acabava de publicar um livro de poesia.

Se escutar essa entrevista vai reparar, que é e será sempre minha preocupação, essa África em que não escolhi nascer, mas é o continente da minha pertença e perdição. Essa África, que descobre e inova no mundo, o sentido da Revolução pelo direito e dignidade humana. Uma nova Revolução pelo direito humano. Uma nova crença e um novo acreditar, numa vida melhor!

O que parecia um simples ato de protesto e revolta na Tunísia, que acabou na morte de um jovem e 26 anos de nome Mohammed Bouazizi, um licenciado sem emprego que vendia fruta e legumes, e cujo as autoridades policias confiscaram, a única forma de ganha pão que tinha. Quem diria que essa quarta imolação em tão curto espaço de tempo na Tunísia, desta feita em frente a um edifício governamental, logo do Estado, iria despoletar a mais bela das revoluções humanas, na era do cyber-politik, onde não há necessidade de golpe militar.  Não houve na Tunísia e por equanto o exército Egito, com os seus cerca de  um milhão de homens, estão cada vez mais do lado do povo. 

Muitos assinalam que estes novos ventos de mudança no mundo político, que por enquanto estão soprando apenas no norte de África, são os efeitos, da timbrada voz do presidente dos EUA Barack Obama, quando proferiu o discurso com o grande apelo à “mudança” de todos os homens que acreditam nos Direitos Humanos no mundo àrabe, e todos aqueles que reconhecem que é passo para a próxima grande conquista da Humanidade. Acredito que nenhum Homem, com um mínimo de educação cívica e um médio noção de cidadania, não pode e nem deve ficar indiferente a essa convocatória.

Cada época é feita de estrórias de tiranos como Mubarak, Ben Ali, Cadafis e demais ditadores que a história da hipocrisia do Ocidente finge não ver, para não dar “contradas” aos seus interesses económicos que esses senhores representam. E o engraçado é que nos países pobres, onde em alguns casos existem “candidatos” a tiranos, são exigidos dessa mesma “comunidade internacional” o mais evoluído das normas democráticas e práticas dos direitos humanos. São questões destas que persseguem-me e vão fazendo que seja necessário ordinhar neste espaço de cyber-djumbai.

Reparem que finalmente, não estamos a ver nas televisões do ocidente e do mundo, os árabes a queimar bandeiras dos EUA, ou embrenhados nos gritos de “guerra” contra o ocidente. A mudança está aí, e chegou eufórico. Mas mais notável ainda, é dar conta que os egípcios não estão à cruzar os braços, e vão bradando nas ruas das cidades a bandeira nacionail, embora o país viva sob ameaça de uma explosão social nunca visto, devido a teimosia do presidente Mubarak.
É verdade, a revolução começou e vamos dando conta aos poucos!


Viva à Revolução!
Viva à Libertação!
Mubarak RUA!

Helmer Araújo Entrevista Humbah Aguiar - Parte 1

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Se



                                                          Se
Se és capaz de manter calma, quando,
todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa.
De crer em ti quando estão todos duvidando,
e para esses no entanto achar uma desculpa.

Se és capaz de esperar sem te desesperares,
ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
e não parecer bom demais, nem pretensioso.

Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires,
de sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires,
tratar da mesma forma a esses dois impostores.

Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas,
em armadilhas as verdades que disseste
E as coisas, por que deste a vida estraçalhadas,
e refazê-las com o bem pouco que te reste.

Se és capaz de arriscar numa única parada,
tudo quanto ganhaste em toda a tua vida.
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
resignado, tornar ao ponto de partida.

De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
a dar seja o que for que neles ainda existe.
E a persistir assim quando, exausto, contudo,
resta a vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste!

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes,
e, entre Reis, não perder a naturalidade.
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
se a todos podes ser de alguma utilidade.

Se és capaz de dar, segundo por segundo,
ao minuto fatal todo valor e brilho.
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,
e - o que ainda é muito mais - és um Homem, meu filho!

Rudyard Kipling
Tradução de Guilherme de Almeida

Original Inglês                                        IF
If you can keep your head when all about you
Are losing theirs and blaming it on you,
If you can trust yourself when all men doubt you
But make allowance for their doubting too,
If you can wait and not be tired by waiting,
Or being lied about, don't deal in lies,
Or being hated, don't give way to hating,
And yet don't look too good, nor talk too wise:

If you can dream--and not make dreams your master,
If you can think--and not make thoughts your aim;
If you can meet with Triumph and Disaster
And treat those two impostors just the same;
If you can bear to hear the truth you've spoken
Twisted by knaves to make a trap for fools,
Or watch the things you gave your life to, broken,
And stoop and build 'em up with worn-out tools:

If you can make one heap of all your winnings
And risk it all on one turn of pitch-and-toss,
And lose, and start again at your beginnings
And never breath a word about your loss;
If you can force your heart and nerve and sinew
To serve your turn long after they are gone,
And so hold on when there is nothing in you
Except the Will which says to them: "Hold on!"

If you can talk with crowds and keep your virtue,
Or walk with kings--nor lose the common touch,
If neither foes nor loving friends can hurt you;
If all men count with you, but none too much,
If you can fill the unforgiving minute
With sixty seconds' worth of distance run,
Yours is the Earth and everything that's in it,
And--which is more--you'll be a Man, my son!

Rudyard Kipling

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Ordem para viver...

                                    Foto: Bruna Polimeni

Escrito no dia 20 de Janeiro de 2011.
Ordem para viver…

Um coro de gente, começando pelas notabilidades da nossa praça, passando pelos digníssimos representantes políticos do nosso povo, terminando em alguma populaça nostálgica e politizada, celebram todos os anos esta data, 20 de janeiro. Se o leitor perguntar o que tem de especial esta data(?),  com apelido de dia dos heróis nacionais, respondo-lhe em três palavras, sem polemizar: dramático, violento e óbvio!

Dramático: A fazer fé, na narrativa dos acontecimentos que ocorreram há 38 anos, duma noite como esta em que escrevo este texto, dia 20, e que partilho com este “laptop”, houve um brutal e cobarde ato de pôr termo à uma vida humana. Um homem, logo humano, de nome Amílcar Lopes Cabra foi morto, sucumbiu para sempre pelas mãos criminosas que ele próprio armou, eliminado por supostos companheiros da mesma trincheira, silenciado por irmãos do mesmo sangue e por fim assassinado por aqueles com que partilhava a mesma ideologia e sonho de independência. Cabral foi um homem singular, embora não sendo único, mas um homem que lutou e fez com que a sua ação se torna-se imortalizado. Isso é Obra! Cabral imprimiu uma tranjetória de vida, ancorada numa causa que se transformou numa Luta, pela Liberdade, pela Dignidade e fundamentalmente pela Igualdade de direitos entre homens na Guiné e no Mundo. O resto, cada leitor já leu e poderá sempre ler se quiser pelo imenso manancial de obras e escritos publicadas, sobre vida e obra de A.C.

Violento: Foi, é e sempre será um ato violento, assassinar! Aliás é uma demonstração pura da violência, tirar Vida humana. E a via de luta escolhida por Amílcar Cabral, e os camaradas que lhe seguiram, tinha um preço. E o preço a pagar pela “surdez” do colonialista português era muito caro, aliás a vida não tem preço. Convém lembrar que à guerra é por si só, um ato de violência. Uma guerra é o duelo onde o diálogo morre e arrasta para sepultura à alegria de viver de todas as vidas humanas circundantes. Hoje 48 anos depois, do inicio dessa guerra, sinto no direito de afirmar que à busca da Liberdade não implica o caráter fátuo do valor da Vida. A vida humana é o bem mais precioso da humanidade. Mas o mundo dos homens ensinámos que desde do inicio dos tempos, que todos aqueles que lutaram pela Liberdade do Homem, foram perseguidos, maltratados, humilhados e em muito dos casos mortos, houve até entre todos esses homens, aquele que foi crucificado, Jesus Cristo. Outros tantos tiveram o mesmo destino, mesmo aqueles que usaram à Não-Violência como forma ou via de luta, por exemplo os casos de Gandhi na Índia ou Martin Luther King  nos EUA .

Óbvio: Para esta passagem vou ter que bloquear a desatenção e amarrar com toda força, todo e qualquer meio de distração, para não ser mal interpretado. Sem relativizar os acontecimentos desse dia mas pô-lo numa perspetiva temporal, é óbvio que o assassinato de Amílcar Cabral foi uma catarse. Foi o ajuste de contas, onde o preço era à Vida! Não sou de certeza o único a chegar a essa conclusão, por isso resta-me apenas contar com a capacidade de perdão que se deve revestir a comemoração desta data. E relembrar que saber perdoar é uma virtude. Perdoe a si próprio pelas coisas que fez e aos outros pelo que lhe fizeram. Saibamos perdoar aos nossos que cometeram atos bárbaros como do dia 20 de janeiro, e outros mais, como aliás, já perdoamos, aqueles que utilizaram a colonização como forma de nos subjugar. E num mundo de tolerância e de Paz que todos pretendemos, à ordem é para viver e não para matar. Que descansem em paz, todos os que deram a vida pela Liberdade do Homem e, entre eles Amílcar Cabral que deu um contributo valioso aos povos que hoje têm o privilégio de ser independentes.

       

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

União Europeia suspende parte do apoio à Guiné-Bissau


(Se pensou que iria me calar sobre este título publicado desde o dia 2, aqui está a minha reação)

Fonte: FÁTIMA MISSIONÁRIA - Cristina Santos

No total, estavam reservados 120 milhões de euros para ajudar o país africano até 2013. Violações dos direitos humanos e tráfico de droga preocupam União Europeia

As autoridades guineenses terão de garantir o restabelecimento das condições de governação do país. Bruxelas deu a Bissau um prazo de 30 dias para a realização de consultas com os 27 países-membros da União Europeia. A assistência humanitária e o apoio directo às populações guineenses serão excepção na suspensão do apoio, tinha alertado, anteriormente, a União Europeia. No total, já reservou 120 milhões de euros do orçamento comunitário para ajudar a Guiné-Bissau até 2013.

Os chefes das diplomacias europeias manifestaram a sua preocupação perante a actual situação do país africano; pedem o fim da impunidade, o reforço da autoridade civil, mais estabilidade e o mantimento de reformas na defesa e segurança. Numa carta à autoridades guineenses, o Comissário Europeu para o Desenvolvimento, Andris Piebalgs, e a chefe da diplomacia da UE, Catherine Ashton, apontam para as violações dos direitos humanos «num contexto de um crescente tráfico de drogas», revela a emissora britânica, BBC.

Opinião

Fomos maltratados

Quando distraidamente queimamos o dedo, dizemos sempre qualquer coisa “feia” começado precisamente com a letra “f…” pois tal atitude parece aliviar a dor. No entanto essa interjeição não tem qualquer efeito na dor que recebemos. Explico-me: dizer que não se concorda não tira e nem alivia a dor, mas uma coisa é certa, sente-se melhor quando reagimos. A U.E. queimou à Guiné-Bissau, e vale a pena uma interjeição, com um “F…” maiúsculo. 

As informações circulam como boato e vão-se formando opinião. Em relação a informação da decisão antecipada da U.E, sobre a Guiné-Bissau, foi o boato que circulou como informação e depois deu no que deu. Não se cuidando aqui saber, se a responsabilidade foi de quem divulgou, ou de quem deu essa informação, o que é certo é que a U.E, acabou por sancionar à Guiné-Bissau na mesma, retirando pelo menos uma centena de milhões de euros, que deveriam servir para ajudar no “desenvolvimento”.

Não sendo falível (até porque a minha posição em relação a U.E, já se conhece), mas subtil, arrisco a considerar que, com parceiro de desenvolvimento como à U.E. não é preciso ter inimigo. E nem é preciso ser génio para chegar a conclusão de que com amigos destes, teremos sempre o presente sem Rumo e o futuro sem Cor. Mas vamos às constatações:

Iª constatação - O PR Malam Bacai Sanha, reagiu com cautela e aspereza. Bem-haja! Mas fundamentalmente tem muitas chaves nas mãos para uma boa resposta aos membros da União Europeia. Sem pretender escrever um “manifesto futurista” prevejo uma atitude firme e coeso do Estado guineense em relação a este golpe de teatro da U.E, e está na hora, ou chegado a altura de revermos toda nossa cooperação com esta organização nomeadamente no domínio das pescas.

IIª constatação - O conselho de ministros dos 27 que compõem a U.E, não foi nem brando nem piedoso na decisão, embora facilmente se pode chegar a conclusão de que, é uma decisão fora de prazo, tomada em mal-hora, se pegarmos o “golpe” de 1º de abril como pano de fundo, ou se quiser a espinha atravessada na garganta a U.E, e que não conseguiu engolir até hoje.

IIIª constatação - A U.E, foge da co-responsabilidade que teve no fracasso de todo o processo da reforma nas Forças Armadas e Segurança guineense. Embora esse mesmo fracasso tenha sido reconhecido publicamente pelo general espanhol Juan Esteban Verastegui (já tínhamos analisado na Ordidja esse facto) que esteve a conduzir todo processo.

IVª constatação - É triste e desagradável ver, um tratamento como este da U.E, com relação aos guineenses, onde se denota de longe, que tudo não passa duma assunção da sua própria incapacidade para dar volta à situação e ao problema onde esteve como conselheiro privilegiado, escolhendo este caminho lusco-fusco como percurso.   

Vª constatação - O catastrófismo em relação à Guiné-Bissau continua muito presente no pensamento da diplomacia europeia, isto porque se não é preciso uma lupa para diagnosticar que a nossa democracia é armada, também está claro e não são precisos óculos para enxergar que decisões intermitentes e dúbios com estes não ajudam em nada, se não em tentar fazer desaguar um turbilhão.

Dito tudo isto, apelo a vanguarda consciente, empenhada e disponível em mudar a imagem da Guiné-Bissau, que não se deixe ir abaixo por causa desta saída intempestiva ou ataque inesperado da U.E, e que sobretudo não aceite à farsa do lobo com pele de cordeiro da diplomacia portuguesa, que para além de pertencer este conselho é membro da União, e que apenas adotou uma tática de ilusionismo, ao quer parecer o salvador, na opinião pública ou melhor na opinião publicada. A pergunta sem resposta é: qual é a razão?

Atenção: o nosso país só será adiado, enquanto pretendermos, pois se este ano estamos a assistir revoluções impensáveis, nos países árabes ao Norte do nosso continente, onde a Tunísia foi um excelente exemplo a seguir, então minha gente mãos à obra! E sobretudo damos conta que o nosso regime não é tão intolerante, como se pretende pintar, quando olhamos então para muitos países, que gozam da mesma duração do processo democrático, damos conta que já demos alguns passos nessa matéria. Está claro que fomos maltratados pela U.E, numa altura que não esperávamos, e com cheiro a hipocrisia. Porquê que não tomaram esta atitude antes, como fizeram os americanos? Agora sejamos coerentes e tenhamos consciência de que, quem maltrata à Guiné-Bissau, maltrata o seu povo. E por favor não se esqueça que à Guiné-Bissau mais do que nossa terra é nosso chão. Paz e Bem!