sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Entrevista com Celistino Gomes Fal

                                     Celestino Gomes Fal

Continuamos a dar relevo as entrevistas na Ordidja. Desta vez escolhemos um jovem guineense, Celestino Gomes Fal, natural de Bissau onde estudou no ensino primário na Escola Privado Barão, e depois passou pelo Liceu Nacional Kwame N’kruma, onde estudou o secundário. Frequentou em Portugal à Universidade Lusófona - Humanidades e Tecnologias, o curso das ciências políticas.

Celestino Gomes Fal, faz parte da comissão ad-doc que pretende relançar o movimento político que marcou os primeiros anos da liberdade política na Guiné-Bissau, à Convergência Democrática. Este movimento que conseguiu grandes sucessos de militância na década de noventa, embora como Partido a Convergência Democrática, nunca tenha ganho um único deputado. Mas o PCD, conta ainda com alguns resistentes que pretendem manter aquela lufada de “ar-fresca” na democracia guineense, que foi um marco durante a existência desta formação partidária, que contou com jovens quadros de reconhecido valor na arena política guineense.

A nossa “grande entrevista” tenta saber como está a ser montada a estratégia da juventude da convergência democrática, através da voz do presidente da comissão ad-doc da juventude, Celestino Fal, que actualmente vive na Guiné, num regresso que embora ainda intermitente, já procura onde poderá contribuir valiosamente. Tendo frequentado o curso de Ciências Políticas e Relações Internacionais, em Lisboa, pretendente neste momento ajudar a revitalizar o PCD, alinhando na dinâmica da juventude partidária como força motriz dos movimentos partidários. Nada melhor do que o próprio leitor ler a entrevista e formar a sua opinião:  

O – Como está a funcionar a Comissão ad-hoc da JCD?
C. F – Estamos muito satisfeito com o trabalho desenvolvido até então, uma vez que tem havido uma aderência massiva da juventude guineense cuja participação tem mostrado uma nova visão e uma nova perspectiva para o futuro. É verdade que o propósito da criação da comissão ad hoc esta a ser alcançada muito mais rápido do que aquilo que tínhamos perspectivado no inicio. Continuaremos a desenvolver o trabalho de auscultar os jovens e as suas estruturas, aproveitando esta oportunidade para a mobilização dos de mais jovens e preparar o congresso.

O – Qual  é plano de acção da JCD? 
C.F – O Plano de acção da JCD, é chegar todas as camadas sociais da juventude guineense, com vista a realização do congresso ante cedendo ao congresso do partido o que permitira a participação dos delegados da jcd na escolha de uma nova direcção partidária bem como na elaboração de um novo estatuto e do novo programa.

O – Qual  deve ser o papel dos jovens para o processo de desenvolvimento do país?
C.F – Os jovens devem ser actor principal em todos os domínios da vida pública e privada do país, porque é a principal força impulsionadora do desenvolvimento da nossa nação, bem como detentores de enorme potencial e uma elevada capacidade na conquista e consolidação da paz. No nosso caso, a juventude representa uma camada maioritária da população, por isso a continuidade do nosso país depende exclusivamente dos jovens. Dai a necessidade da adopção de conjunto de medidas práticas multiformes que visem suprir as actuais carências que isolam a juventude guineense em diversos domínios da vida, mediante políticas concretas capazes de corresponder aos desafios do momento.

O – Os jovens normalmente têm a capacidade de projectar para o futuro as consequências e opções feitas no presente. Quais são para si, as opções políticas do presente na Guiné-Bissau que vão comprometer o futuro dos jovens guineenses?  
C.F – As opções políticas do presente que vai comprometer o futuro dos jovens guineenses são patentes aos olhos de todos, é a desvalorização do ensino e falta de políticas de ensino básico de qualidade e de um plano nacional de saúde pública, o que é agravada com a canalização de quase 70% de (O.G.E) para sector de defesa e segurança, um sector improdutivo.

O – Normalmente o instinto eleitoralista e a falta de visão política tem sido o constante na Guiné-Bissau. Para JCD, quais são as políticas que devem ser adoptadas para criar uma outra visão, um outro acreditar para os jovens guineenses?  
C.F – A política que deve ser elaborada na GB neste momento tem que ser estratégico como forma de articular diferentes agentes de estado e associações com vista atingir as metas estabelecidas no nosso programa nomeadamente: correcta canalização de recursos materiais e financeiras para a promoção da juventude; criação de mecanismos que enquadrem os tempos livres e desporto em geral; reforço da especialização operária e da formação profissional; garantir o direito a juventude de prosseguir a sua formação de acordo com as vocações individuais através de serviço de orientação vocacional; estimular as juventudes dos meios rurais de forma a permanecer nas regiões onde é importante a sua força de trabalho; estimular a promoção de jovens empresários. Elaboração das Políticas de inserção laboral e de combate à precariedade laboral juvenil; de habitação jovem; de educação. Na esfera colectiva: Políticas de informação para o exercício da cidadania; de impulso de processos participativos na esfera pública; de dinamização associativa.

O – O Quê preciso fazer para tirar a Guiné-Bissau do ciclo constante da instabilidade?
C.F – É preciso uma verdadeira reforma das forças armadas que passa não só pela redução do seu efectivo mas também pela recrutamento dos mancebos através de serviço militar obrigatório de forma a evitar a supremacia ética nas forças armadas e desta forma desencorajar as chefias das tentativas de golpe de estado que tem sido o factor condicionador do nosso desenvolvimento, privilegiar dialogo e tolerância como único meio e de resolução de todos os problemas do país, ao mesmo tempo potenciar os recursos humanos, que na minha opinião é a maior riqueza que o país dispõe.

O – Qual é o apelo que fazes aos jovens quadros na diaspora para se engajarem ou aceitarem a Guiné-Bissau como uma missão de todos.
C.F – Na minha opinião sei que não é fácil, devido a falta de programa e da vontade política de governo em criar condições que permitam o regresso dos quadros ao país, permitindo-lhes enquadramento profissional adequado com um salário digno e com promoção independente da coloração partidária ou étnica. Nesta ordem de ideia apelamos aos jovens quadros para que se mobilizem em torno do nosso projecto (terceira via) de modo a podermos todos alterar status quo com a promoção das competências nacionais em detrimento de analfabetismo e do servilismo. A juventude proporá ao partido PCD, caso este ascender ao poder de incluir no programa de governação um plano nacional de desenvolvimento sustentado intitulado (INOV-Jovem) para Jovens Quadros Qualificados, com objectivo de capitalizar todo o conhecimento adquirido no âmbito da sua formação académica, rentabilizar o investimento realizado e maximizar a sua utilidade para todas as empresas nacionais e o Estado, como forma de contribuirmos todos para o nosso país.

O – Quais são para si, as decisões políticas a curto-médio prazo, que podem mudar a realidade guineense?
C.F – Gostaria de ver a curto prazo a juventude guineense mais coesa, para juntos enfrentarmos os desafios eleitorais que se avizinham de modo alcançarmos o desenvolvimento que todos desejamos. O nosso país é muito especial graças a nossa singularidade de hospitalidade e amor do nosso povo, para mim isso é meio caminho para arquitectarmos uma estratégia de desenvolvimento. Aproveito para reconhecer o trabalho feito pelo Governo de sua Exa. Carlos Gomes Júnior, pela perdão da divida conseguida, num momento conturbado, dentro do PAIGC e na classe castrense. Por isso meu obrigado em nome da JCD e obrigado de todos aqueles que querem fazer política para positiva na Guiné-Bissau.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Balanço do primeiro trimestre


Se no primeiro mês foi vantajoso o seu click, pois fez-nos chegar a mil visualizações, o balanço deste primeiro trimestre é extremamente (aquilo que deve estar a pensar) positivo. Positivo, pois agorinha mesmo, demos conta que ultrapassamos a barreira dos oito mil visualizações. Sem entrar naquele princípio mitigado por muitos, de um gigantesco esforço e “trabalho”, que se tem que fazer para pôr a funcionar um espaço virtual, pós poderia cair naquele pecado dum certo "antropocentrismo" que é o apanágio habitual em algumas tribos “virtualistas”. Deixem-me apenas confirmar que tem sido um prazer, ir estando por aqui! Neste agora da NET! Estar comunicável e ter cada vez mais vontade de partilhar alguns conteúdos e informações consigo nesta pequena tela ligado ao mundo, tem um quê(!) de fascinante.

Desafio-o a tentar criar um blog onde poderá fazer valer a sua opinião ou seu ponto de vista, nesta tribuna universal enquanto cidadão do mundo, africano e guineense. Tenho quase a certeza que vai adorar e o resultado dessa ação é, o feedback de alguns leitores que vão apreciando o seu "trabalho" na maior parte das vezes de forma tímida, mandando-o e-mails, sem fazer comentários. Mas a êxtase mesmo desta ação é quando começamos a ter "seguidores" que são sem sombras de dúvida, a maior prova de que vale  sempre a pena. Se precisar de ajuda já sabe, estamos aqui, embora sem grandes conhecimentos nem habilitações cibernáuticas, mas temos aquele básico, para que de mãos dadas, possamos construir e evoluir.


Aconselho-o a experimentar esta aventura, leitor. Faça isso por si, por exemplo abra o baú das memórias dos bons momentos, e escreva. Seria na minha humilde opinião uma demonstração duma certa maturidade do nosso exercício de cidadania, se houvesse cada vez mais blogs e sites guineenses. E se o denominador comum, no exercício deste jornalismo cidadão, vetar os espetáculos tristes e, polémicas desnecessárias, então valerá mesmo pena.

Dito isto, passaram estes três meses, e o post mais popular tem a ver com a notícia do novo embaixador guineense em Portugal. Confirmando desde logo que o maior número dos(as) leitores(as) da Ordidja residem em Portugal. Alias esse post destronou logo depois de publicado, o nosso primeiro post sem título e"sem nome" mas com à foto do nosso saudoso líder. Se com o post "Falso Alarme" onde contrariamos uma falsa notícia sobre o estado de saúde do PR Malam Bacai Sanha, fez figurar durante semanas o presidente da república guineense na primeira página da Ordidja, passado estes três meses, o post "Uma semana de suspense" em que o PR partilha a foto com o PM Carlos Gomes Jr. é o único que resistiu. O post com a notícia que dava conta da passagem por Lisboa do PM, perdeu lugar dos três mais visualizados dando lugar ao post da nossa primeira grande entrevista que foi com ex-PM Martinho Dafá Cabi.

Fica quase que imbatível no segundo lugar dos mais populares, o post sobre a entrevista do Bubo Na Tchuto à Lusa, claro que o almirante benfiquista deve ter arranjado uma "baloba" melhor para a equipa das águias, porque a promessa que fez só agora está a dar frutos, com às 6 vitórias consecutivas do Benfica de Portugal nos últimos jogos. Damos de barato que o post com notícia sobre a combinação explosiva entre narcotráfico e terrorismo, que já vai em três semanas de popularidade é sem dúvida a grande, surpresa. Pode discutir-se uma posição aqui e outra ali em termos de popularidade mas tudo isso são peanuts, porque o que conta mesmo é o desassombro e a independência que vai marchando, com cada click que se junta as somas das visualizações no decurso de todo este tempo. Está claro que temos leitores!

Por isso regressamos, com alegria e uma vontade incontornável de continuar este exercício. Houve pequenos acidentes de percurso, mas nada de grave a não ser o monitor do PC que queimou na quinta-feira 13, da semana passada. Continuaremos a trazer informações sobre a Guiné-Bissau e o Mundo. Estamos atentos no desenrolar a situação na Costa o Marfim, ficamos surpresos com a revolução que se está viver na Tunísia e sentimos muito pelas mortes e vitimas da catástrofe natural que se abateu no Brasil. Serão por isso alguns temas que iremos focar nos próximos dias!

Paz e Bem!!!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Violência regressa à Costa do Marfim

                            

Fonte: Rádio Renascença

País continua mergulhado num braço de ferro presidencial entre Alassane OuattaraLaurent Gbagbo.
Pelo menos cinco pessoas morreram ontem na Costa do Marfim, na sequência de confrontos entre apoiantes de Alassane Ouattara e forças policiais, fiéis ao actual Presidente Laurent Gbagbo.

Segundo um jornalista da agência Reuters, três polícias e dois apoiantes do candidato que reclama a presidência perderam a vida nos piores incidentes na capital Abidjan desde Dezembro.

Outras testemunhas referem que os confrontos começaram ao início da manhã (ontem) e prolongaram-se durante horas. Os actos violentos na Costa do Marfim repetem-se desde final de Novembro, quando se realizaram as eleições presidenciais.O último balanço feito pela ONU, há cinco dias, apontava para 210 mortos desde meados de Dezembro.



Opinião

Até quando vai se viver na Costa do Marfim este clima de suspense e terror? Até quando os homens vão degladiar para o controle do poder em Abidjan? Para quando à Paz nesse país irmão? Para quê tanto sofrimento e dor, para um Povo que merece, como qualquer outro, viver em Paz?

Desdobram-se as missões diplomáticas e, o vírus do poder à todo o custo mantém-se. É urgente descobrir um antídoto para esse "vírus assassino" que vai corroendo a política em alguns países africanos. Como também se tornou urgente resgatar à Costa do Marfim, das engenheirias maléficas que sufocam-na.

A violência que se tem visto nos últimos meses tem que ser travada, porque se entrar em espiral todos os países da região estarão ameaçadas. Desengane-se aquele que pensar que com o uso da força, se resolverá a questão marfinense. Com a ideia de que estando longe, está safo.

Com o somatório das irregulidades do processo eleitoral e a culpabilização desencadeada pelas partes em conflito, o mais sensato talvez seja realizar-se um novo pleito eleitoral. Agora, duas coisas estão certas: à gritante impotência da organização regional em resolver esta questão e, a aberrante incapacidade da UA enquanto organização que carrega o sonho duma União em toda à África!       

domingo, 9 de janeiro de 2011

Tracy Chapman - New Beginning


Prezad@

Enquanto escuta, leia os versos da letra desta música…!

Para não ficarmos “a margem de nós memos”…

Tracy Chapman - New Beginning (Novo começo)

The whole world's broke and it ain't worth fixing
O mundo inteiro está a quebrar e não vale a pena consertar
It's time to start all over make a new beginning
É tempo de recomeçar tudo fazer um novo começo
There's too much pain too much suffering
Há dor demais sofrimento demais
Let's resolve to start all over make a new beginning
Vamos decidir começar de novo fazer um novo começo
Now don't get me wrong I love life and living
Agora não me deixe ficar mal Eu amo a vida e viver
But when you wake up and look around at everything that's going down
Mas quando você acorda e olha ao redor todas as coisas estão se arruinando
All wrong
Tudo errado
You see we need to change it now this world with too few happy endings
Você vê que nós precisamos mudar agora esse mundo com muitos poucos finais felizes
We can resolve to start all over make a new beginning
Nós podemos decidir recomeçar tudo fazer um novo começo
Start all over
Recomeçar tudo
Start all over
Recomeçar tudo
Start all over
Recomeçar tudo
Start all over
Recomeçar tudo
The world is broken into fragments and pieces
O mundo está quebrado em fragmentos e pedaços
That once were joined together in a unified whole
Que uma vez estiveram juntamente, unidos num todo unificado
But now too many stand alone - There's too much separation
Mas agora permanecem demais sós - Há  muita separação
We can resolve to come together in the new beginning
Nós podemos decidir chegarmos juntos num novo começo
Start all over
Recomeçar tudo
Start all over
Recomeçar tudo
Start all over
Recomeçar tudo
Start all over
Recomeçar tudo
We can break the cycle - We can break the chain
Nós podemos quebrar o ciclo – Nós podemos quebrar a corrente
We can start all over - In the new beginning
Nós podemos recomeçar tudo - No novo começo
We can learn, we can teach
Nós podemos aprender, nós podemos ensinar
We can share the myths the dream the prayer
Nós podemos compartilhar mitos, sonho, oração
The notion that we can do better
A idéia é que nós podemos fazer melhor
Change our lives and paths
Mudar nossas vidas e condutas
Create a new world and
Criar um novo mundo e
Start all over
Recomeçar tudo
Start all over
Recomeçar tudo
Start all over
Recomeçar tudo
Start all over
Recomeçar tudo
The whole world's broke and it ain't worth fixing
O mundo inteiro está a quebrar e não vale a pena consertar
It's time to start all over, make a new beginning
É tempo de recomeçar tudo Fazer um novo começo
There's too much fighting, too little understanding
Há muitas lutas, Pouquíssima compreensão
It's time to stop and start all over
É tempo de parar e recomeçar tudo
Make a new beginning
Fazer um novo começo
Start all over
Recomeçar tudo
Start all over
Recomeçar tudo
Start all over
Recomeçar tudo
Start all over
Recomeçar tudo
We need to make new symbols
Nós precisamos eleger novos símbolos
Make new signs
Fazer novos sinais
Make a new language
Fazer uma nova linguagem
With these we'll define the world
Com a qual iremos definir o mundo
And start all over
E recomeçar tudo
Start all over
Recomeçar tudo
Start all over
Recomeçar tudo
Start all over ...
Recomeçar tudo...

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Luto Lusófono

Malangatana 
Fonte: Lusa

Homenagens ao pintor Malangatana hoje no Porto e sexta em Lisboa
  
O pintor moçambicano Malangatana, que morreu na quarta-feira, vai ser homenageado hoje no Porto e na sexta-feira em Lisboa, estando prevista a trasladação do corpo para Moçambique na próxima terça-feira, disse à Lusa fonte da embaixada de Moçambique. Segundo a mesma fonte, a homenagem de hoje realiza-se na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, a partir das 15h00. Na sexta-feira, o corpo do pintor seguirá para Lisboa, para o Mosteiro dos Jerónimos, onde Malangatana será homenageado pela comunidade moçambicana e entidades oficiais.

Na próxima terça-feira, dia 11, às 18h40, o corpo será trasladado de Lisboa para Moçambique, onde serão realizadas as cerimónias fúnebres. Malangatana Valente Ngwenya, nascido a 06 de junho de 1936, em Matalana, Maputo, morreu na quarta-feira no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, vítima de doença prolongada. Grande perda para a lusofonia. A morte de Malangatana, aos 74 anos, foi lamentada por artistas, amigos, políticos e entidades oficiais do mundo lusófono, que sublinharam o carisma e humanidade do pintor, ao mesmo tempo que assinalaram a grande perda para a cultura lusófona.

O talento para as artes viria a ser "descoberto" nos anos 1950 pelo arquiteto português Amâncio (Pancho) Guedes, que o incentivou a pintar e a desenhar, cedendo-lhe um espaço na garagem de casa. Mas Pancho Guedes, que recebeu com muita tristeza a morte do amigo de décadas, sublinhou que Malangatana "fazia uma pintura que era só dele, não precisando que ninguém lha ensinasse ou a interpretasse". Da mesma forma, vários artistas moçambicanos lamentaram o desaparecimento do "maior ícone" da cultura do país de origem e "uma perda irreparável".

"O que se pode falar de um embondeiro da cultura e um dos mais representativos de África?", questionou o artista Naguib, enquanto o pintor Jorge Dias, por seu turno, apelidou-o de "pai das artes em Moçambique e o artista que mais influenciou as gerações mais novas". O escritor moçambicano Mia Couto afirmou que o país perdeu hoje "uma espécie de embaixador permanente da cultura" e a artista plástica Ãhngela Ferreira, natural de Moçambique mas que reside em Lisboa, apontou que o pintor "era uma força da natureza", e "conseguiu ser uma figura respeitável como pintor e africano, mesmo no tempo do colonialismo, o que era difícil". Para o Governo moçambicano, a notícia também foi uma "surpresa" recebida com "profunda tristeza", e o ex-Presidente moçambicano Joaquim Chissano considera que "a cultura está desfalcada" de um "animador de cultura em todos os aspetos".

Em Timor-Leste, o secretário-geral da FRETILIN, Mari Arkatiri, considerou a morte de Malangatana "uma grande perda para o mundo da arte" e para os países de língua portuguesa. Da mesma forma, o secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Domingos Simões Pereira, considerou o desaparecimento do artista uma "grande perda para o mundo", porque Malangatana ultrapassou as fronteiras de África. Em Portugal, a ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, e o secretário de Estado da Cultura, Elísio Summavielle, também em nome do Governo, expressaram pesar pelo falecimento de Malangatana, sublinhando que "o carismático pintor moçambicano deixa um legado de intervenção e criação cultural de grande expressão no mundo lusófono e de reconhecimento internacional". O Presidente da República, Cavaco Silva, lamentou a morte do "artista de exceção e um dos mais expressivos símbolos da união entre a arte moçambicana e portuguesa".


Esq. a Dir - uma admiradora, Dra. Maria Barroso Soares e Malangatana (Évora) 

Malangatana 1936-2011. O embondeiro da arte moçambicana

Joana Stichini Vilela, Publicado em 06 de Janeiro de 2011  

Fonte: i informação

Nasceu numa família pobre, foi pastor, apanha-bolas e até preso político. O pintor morreu ontem, vítima de cancro. Tinha 74 anos

Tal como os países e as rotas marítimas, os artistas também têm descobridores. O de Malangatana foi o arquitecto Pancho Guedes. No final da década de 50, quando o jovem moçambicano era um mero empregado de mesa do Grémio Civil, em Maputo, o português disponibilizou-lhe um espaço na garagem para pintar à noite. E não ficou por aqui. Todos os meses lhe comprava dois quadros a preços inflaccionados. Pouco depois, o rapaz decidiu apresentar o trabalho ao público. Foi um sucesso. "De um ano para o outro [o Malangatana] passou de simples empregado de bar e limpezas num clube de elite moçambicano para um pintor de grande reputação", recordou ontem Pancho Guedes, surpreendido pela morte do antigo protegido. "Fazia uma pintura que era só dele, não precisando que ninguém lha ensinasse ou interpretasse."

Pastor, curandeiro e mainato Malangatana Valente Ngwenya nasceu a 6 de Junho de 1936 em Matalana, perto da então Lourenço Marques, hoje Maputo. Até adoecer, a mãe bordava cabaças e afiava os dentes das raparigas, como se usava na altura. O pai era mineiro na África do Sul. O miúdo acabou por ir viver com um tio paterno. Estudou até ao segundo ano na Escola da Missão Suíça na Matalana, que adorava. "Podíamos aprender várias técnicas criativas como olaria, cestaria e trabalhar a madeira para além de ler e escrever", contou em 1989 à revista "New Internationalist". Quando a instituição fechou, passou para a Escola da Missão Católica em Bulázi. Mas por pouco tempo. Aos 11 anos, concluído o terceiro ano e considerado já adulto, Malangatana começou a trabalhar.

Foi pastor, aprendiz de curandeiro (ensinado pela tia), mainato (empregados que lavavam e engomavam a roupa) e tomou conta de crianças, até chegar de forma providencial ao clube de ténis."O apanha-bolas era um tal de Malangatana Ngwenya, que no fim de uma tarde de desporto se acercou de mim para me pedir se por acaso não teria em casa um par de sapatilhas velhas que lhe emprestasse", contou em 1989 o artista plástico e biólogo Augusto Cabral. Nessa noite, o rapaz foi a casa dele e viu-o pintar. Pediu-lhe que lhe ensinasse. Recebeu em resposta tintas, pincéis e placas de contraplacado: "[Pinta] o que está dentro da tua cabeça." Depois veio a garagem de Pancho Guedes, a exposição colectiva de 1959 e o sucesso - que espantou Augusto Cabral - até se tornar no embondeiro da arte moçambicana. Malangatana pintava o povo de Moçambique, a opressão colonial, a resistência e a guerra civil. Cenas quotidianas, imbuídas de dor e revolta. "Quando conheço pessoas, rio, canto, danço. Quando me dirijo à tela sou outro Malangatana", explicou à "New Internationalist". Chegou a ser preso pela PIDE, acusado de pertencer ao movimento de libertação FRELIMO. Muitos anos depois, de 1990 a 1994, seria deputado pelo partido.

A rir até ao fim A morte de Malangatana apanhou muitos admiradores de surpresa. Em Outubro, na inauguração da exposição de desenhos e pinturas ainda patente na Casa da Cerca, em Almada, "contou histórias, riu, brincou com amigos", lembra a directora do espaço Ana Isabel Ribeiro. Era famosa a boa-disposição do Moçambicano, que muitas vezes cantava de improviso em palestras e reuniões de amigos. Malangatana foi internado no dia de Natal no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, onde a filha é médica. Morreu ontem às 3h30, vítima de cancro, com 74 anos. O corpo vai ser agora trasladado para Maputo, onde o aguardam cerimónias oficiais.

                Doutor Honoris Causa(foto: Universidade Évora)
Nota Ordidja

Foi com grande pesar que recebemos a notícia do desaparecimento físico do mestre das artes plásticas moçambicano. A data de ontem ficará para sempre marcada pela grande perda de um dos maiores vultos da cultura lusófona. Descanse em Paz camarada Malangatana Ngwenya.

Agora peço ao leitor que tire a sua conclusão depois de ler a segunda notícia. Não me venham dizer que este estilo de jornalismo, não roça muito aos saudosismo ultramarino, ou melhor se não tem aquele toque nostálgico colonial. Este mesmo jornal I, no ano passado montou aquela estória com um conselheiro político da delegação da União Europeia (EU) na Guiné-Bissau. Quem não se lembra? Mas releia antes o artigo, e pense!

A face embaraçado do ano 2010



Seria uma tolice tentar prever como vai ser o Ano 2011. Até porque se for buscar nos papéis sociais, os atores incumbidos para executar esta função, são os magos e os adivinhos. Não sendo nem uma coisa nem outra, recuso também fazer aqui, às perspetivas habituais nesta época do ano, deixe que lhe diga o seguinte caro leitor - aqui na Internet há uma maior profusão de opiniões, que normalmente não estão sujeitas a qualquer verificação rigorosa dos factos ou escrutínio editorial.  Garanto-lhe por isso que estarei para lá dos agressores de serviço, que sob ferozes ataques apontam os pecados reais e imaginários dos outros, esquecendo os seus. E claro essas reações pecam por só levarem em consideração as realidades imediatas e as ramificações intermitentes dos acontecimentos.

Espero nunca representar papéis destes tristes filisteus que recusam maior parte das vezes, verter uma lágrima sequer, quando confrontados com a verdade dos factos.  Esteja descansado que este artigo não vai agoirar este Ano que mal acabou de nascer. Pois é, já estava esquecendo deste pormenor, este sim principal, que é de felicita-l@, sobretudo você prezado leitor deste Blog, um Próspero 2011.

Agora se me permite vou antes fazer, um pequeno balanço do ano 2010. Ou seja se alguém pedir-me para colocar um dos pratos da balança, escolheria o prato da sobrevivência. Sobrevive! Dou Graças a todas as Divindades (Deus, Ala, Buda, Irã, etc)) deste mundo. Obrigado a Todos! Você, eu, nós, conseguimos viver à vida mais um ano. Maravilhoso! Mas dizia, se tivesse que pesar os trezentos e sessenta e tais dias, sem avançar com números de quilos, diria que teve um peso de chumbo. Tão pesado, tão pesado, que só quem conhece as técnicas de pesca com "tchumbarda" saberia entender o que pretendo dizer, e o ponto que quero chegar.

O ano 2010, na minha humilde opinião, teve até aquela cor cinza, do chumbo fundido. Na minha opinião! Aqui em Portugal foi o que foi. Na Guiné-Bissau houve mais um "golpe" para não variar. Em relação a Portugal, vou buscar apenas um indicador de pódio, o Desemprego, que ajuda a medir e melhor entender como se consegue custear a vida num país, segundo o entendimento dos economistas. Aqui esse indicador, atingiu níveis nunca visto. Mais de meio milhão de almas ficaram sem postos de trabalho, para custear a sua subsestência. Mas mais interessante foi reparar, que embora o bombardeamento dos média sobre o fenómeno, o ser humano confirmou comportamentos seculares, aquela da passagem bíblica sobre os leprosos. O desempregado passou praticamente o ano passado todo, sendo tratado como o "leproso"  social do nossos tempos.

Isso tudo graças ao desgoverno do ator político-social, da ilustração deste artigo, o corrupto PM José Socas. Com casos como Freeport, Face Oculta e etc, confirmou e demonstrou que a corrupção cresceu quase ao mesmo nível que a Pobreza. E claro houve também um crescimento nos lucros dos artigos de luxo em 2010. Este país  decresceu de forma acentuado nos últimos seis anos com o governo liderado por este "engenheiro". Hoje ainda, segundo a reputada revista The Economist, Portugal faz parte do plutão da frente dos países que menos crescem na Europa comunitária. Isto quer dizer que goza de uma contração cada vez maior e com níveis elevados de risco de uma forte recessão económica no ano 2011. Aqui está-se contraído economicamente falando, claro.

Mas se o leitor pensou, que com esta ilustração tento logo a partida escurecer, este novato ano, peço-lhe desde já que ignore essa impressão. E muito menos quis fazer um ataque pessoal ao José Socas, mas agora se perguntar se é uma crítica ao PM português, dir-lhe-ei que sim, é! Por isso reconheço, que essa figura tem um quê de catastrófico, ou mesmo de dantesco, e peço a sua atenção pelo seguinte: é que gostei tanto deste cartoon do patrono desta terra, e gostei sobremaneira dessa pose igual ao recorrente desnutrido do continente Sul. Então com essa tanguita a meter medo, é difícil não reconhecer a criatividade do cartunista. Quando encontrei esse cartoon, fez-me logo aquele click de amor a primeira vista. 

Se o PM português ficar nesse estado, se isso acontecer este Ano Novo, então não posso deixar de acreditar que será um bom ano. Porque vai ser um ano extremamente democrático. Pois vou partilhar as canseiras que tenho vivido neste país, com o personagem principal e causador do estado em que se encontra Portugal.

Adiante! Falo ou escrevo este artigo, com total liberdade, porque nunca beneficiei de nenhum dos subsídio de dependências posto a disposição aos desempregados e que serve de bandeira social deste senhor que se diz socialista. E também nunca contou para a minha sobrevivência, o "fantástico" rendimento de reinserção social, que serve de trunfo quando este governo socialista fala do Estado social. Embora se bem me lembro, o secretário de estado da Segurança Social, aqui em Portugal foi um colega de carteira, numa passagem pelas calçadas do São Bento onde se estuda economia.

Voltando ao assunto central. Como vai ser este Novo Ano? Para Portugal, não é preciso ser adivinho! Para à Guiné-Bissau, quero acreditar que a situação vai melhorar. Os políticos vão se entender, o país vai produzir mais e a estabilidade vai reinar. Em relação à Ordidja garanto que vamos fazer tudo para manter esta posição neutral em termos de ponto de vista, tentando postar as figuras encenadas da atualidade, procurando sempre às palavras certinhas, para acompanhar.

Vamos continuar a espalhar esta genes da cidadania para as massas mais desatentas, com o rigor devido, em nome do chamado relato isento. Reconhecendo que não sendo um ato ilegal, mas, quando levado ao extremo torna-se ofensivo. Confesso que este poder das redes sociais digitais, tem um quê de engraçado, pois faz termos os poderosos debaixo do olho. Giro não é? E se em relação a Portugal não é difícil perceber quem teve a face embaraçado, em 2010, já em relação à Guiné-Bissau...