segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Uma semana de suspense...

Carlos Gomes Jr. & Malam Bacai Sanha (Foto: Africanidade)


Artigo de Opinião

Acredito que todos os pilotos automáticos ligados até então vão ser desligados esta semana. O PR, Bacai Sanha, provavelmente, retomará as suas funções em Bissau, depois de alguns dias de repouso que marcou o seu regresso, depois do internamento em Dakar. E terá que lidar com as questões que se colocam no momento. Uma ressalva, todos já tivemos oportunidade de saber, que quando há menos notícias sobre Guiné-Bissau, como foram estes três últimos dias, as que surgem, levam com uma lupa de atenção em cima. Acredito por isso, que às notícias que surgirão esta semana sobre o nosso país terão esse tratamento, não só, pela apelidada “comunidade internacional” mas sobretudo pelos guineenses.

Mais cedo ou mais tarde, todos aguardam pelo mergulho dos dois poderes políticos do país,  os atores PR e PM, na desordem de autoridade que se instalou, e que é uma realidade visível e inquietante, obrigando ao comum guineense, levantar algumas questões:

O porquê, do relacionamento de hostilidade que tem marcado, a coexistência política entre o PR Bacai Sanha e o PM Carlos Gomes Jr?

São ou não sinais de inconsistência do Governo, originado pelos erros ou ineficácia pessoal do respectivo líder, manchado pelo imbróglio da suspensão da “ministra” Adja Satu Camara?

Como a configuração conflitual no ceio do partido “libertador” PAIGC, vencedor das legislativas e apoiante da candidatura presidencial, tem prejudicado o país ao longo dos anos?

Sobre a primeira questão, considero que um encontro “cara a cara” sem mediações de terceiros, como foi o encontro (apelidados por muitos de operação de cosmética) de Junho último em Paris, que pelos vistos não resultou em nada, senão no adiamento da rutura. Mas dizia, poderiam definitivamente pôr cobro as constantes divergências, que todos constatamos, com um encontro a dois, em que, com boa dose de frontalidade e de sentido de patriótico, ultrapassassem os conflitos, pois é necessário uma união de esforços para o bem do país e das instituições do Estado.

É reconhecido que um dos verdadeiros barómetros para medir a estabilidade de um país é a governabilidade. Recomendam algumas receitas que para ter uma boa governabilidade é preciso: uma liderança responsável assente numa visão estratégica com definição de prioridades claras. Ou seja, uma liderança forte é o caminho para a eficácia, confiança e qualidade. Tendo o PM como parceiros de confiança e de estratégia o ministro do  Comércio, por exemplo.  Questiono se realmente temos essa liderança  forte hoje, será que o caso da ministra do Interior, não terá colocado o ponto no i, confirmando a ausência total dessa liderança. Muitos guineenses gostam de apontar o golpe de 1 de Abril, como o princípio do fim dessa liderança.   

Sobre a terceira e última questão, na minha opinião, a resposta está escondido nas três décadas da nossa estória recente. Ou seja o partido PAIGC continua fiel a si mesmo,  e seguiu-se apenas a mesma fórmula de tudo fazer pelo pior, numa cadência que todos conhecemos.

Apenas um parêntese se me permitem, pois considero que é necessário que haja respostas imediatas para se iniciar uma mudança de atitutes e das graves maleitas de convivência dos nossos governantes. Ou provavelmente o nosso sistema político actual não nos serve. Senão espreitem o percurso dos cerca de 16 anos da Democracia na Guiné-Bissau. Nenhum chefe de executivo conseguiu sobreviver (politicamente entenda-se) um ciclo legislativo completo, e será sempre um risco deixar o sistema político como está.  

Para terminar sendo este artigo um exercício de cidadania, relembro aos nossos governantes que a sociedade global está assente na comunicação e imagem e o mau uso desses instrumentos retira a confiança e faz perder a credibilidade!